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Vida de São Lucas, Evangelista e São Justo de Beauvais, Mártir (18 de outubro)



São Lucas Evangelista, de Vladimir Borovikovsky
São Lucas Evangelista, de Vladimir Borovikovsky.

Por São Paulo sabemos que São Lucas não era judeu, já que não o menciona entre seus colaboradores judeus (Col. 4, 10-11). O Apóstolo refere igualmente que São Lucas o ajudava na obra da evangelização: “Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, que compartilham das minhas fadigas”. Sendo Lucas médico (“Lucas, o médico amado”), podemos supor que cuidava da saúde debilitada de São Paulo. O Apóstolo não faz alusão alguma aos escritos de Lucas e, se se refere a ele em II Cor. 8, 18-19, como opinava São Jerônimo, está fora de dúvida que ali não fala do Evangelho. A primeira vez que Lucas fala em nome próprio e na primeira pessoa, durante o ministério do Apóstolo, é quando este partiu de Trôade para a Macedônia (Atos XVI, 10). Certamente já começara a ser discípulo de São Jerônimo algum tempo antes e não voltou a separar-se dele senão quando era necessário para o bem das Igrejas fundadas pelo Apóstolo. É praticamente certo que São Lucas esteve com São Paulo nos dois períodos em que este esteve preso em Roma. Segundo Eusébio, Lucas era natural de Antioquia. Provavelmente era grego. Ele mesmo nos deixou nos “Atos dos Apóstolos” o relato das viagens e tribulações que compartilhou com São Paulo.


No prólogo de seu Evangelho, Lucas nos diz que o escreveu para que os cristãos conhecessem melhor as verdades nas quais haviam sido instruídos. Era, antes de tudo, um historiador e escrevia principalmente para os gregos. Ele mesmo nos indica suas fontes: como havia muitos que relatavam os acontecimentos tal como os haviam ouvido contar àqueles “que foram os primeiros testemunhos e ministros da Palavra”, também a ele pareceu bem, “depois de ter estudado tudo cuidadosamente desde o princípio”, narrá-los em ordem. Ao Evangelho de São Lucas devemos o relato detalhado da Anunciação, da visita de Maria a Isabel e das viagens de Cristo a Jerusalém (9, 51; 19, 28), assim como a narração de seis milagres e de dezoito parábolas que os outros evangelistas não mencionam. São Lucas escreveu os “Atos” como uma espécie de apêndice de seu Evangelho, para deixar-nos um relato autêntico das maravilhas da fundação da Igreja e de alguns dos milagres realizados por Deus para confirmá-la. Nos doze primeiros capítulos, São Lucas refere algumas atividades dos principais apóstolos depois da Ascensão do Senhor. Do capítulo XIII em diante, fala quase exclusivamente das atividades e milagres de São Paulo, de muitos dos quais fora testemunha ocular.


São Lucas pintando a Virgem Maria com o Menino Jesus, por Pierre Mignard
São Lucas pintando a Virgem Maria com o Menino Jesus, por Pierre Mignard.

São Lucas acompanhou São Paulo em seus últimos dias. Com efeito, depois das célebres palavras que escreveu a Timóteo: “Aproxima-se a hora da minha morte. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé...”, São Paulo conclui: “Só Lucas está comigo.” Não sabemos com certeza o que fez São Lucas depois da morte do Apóstolo. As afirmações dos autores posteriores não concordam entre si. Segundo uma tradição muito antiga e difundida, São Lucas era celibatário, escreveu seu Evangelho na Grécia e morreu na Beócia, aos oitenta e quatro anos. São Gregório Nazianzeno, que morreu no ano 390, diz que pregou principalmente na Grécia e é o primeiro a afirmar que foi mártir, embora suas palavras sejam ambíguas. Na realidade, é muito duvidoso que São Lucas tenha sido mártir. O imperador Constâncio II, falecido no ano 361, mandou trasladar de Tebas da Beócia a Constantinopla as supostas relíquias do evangelista.


São Lucas é o padroeiro dos médicos e dos pintores. Um autor do século VI afirma que a imperatriz Eudóxia havia enviado um século antes a Santa Pulquéria uma imagem de Nossa Senhora, pintada em Jerusalém por São Lucas. Mais tarde, lhe foram atribuídas outras pinturas, mas Santo Agostinho afirma claramente que ninguém sabia nada sobre o aspecto físico da Santíssima Virgem. Em compensação, não há dúvida de que as descrições de São Lucas em seus escritos inspiraram inúmeros pintores. Os quatro símbolos mencionados por Ezequiel foram aplicados aos quatro evangelistas, e o símbolo de São Lucas é o touro. Santo Irineu diz que se trata de uma alusão ao sacrifício de que fala São Lucas no início de seu Evangelho.


Os melhores estudos sobre o autor do terceiro Evangelho são de autores modernos. Mencionemos, entre outros, o admirável prefácio do Pe. Lagrange à sua obra L'Évangile selon Saint Luc (1921). Naturalmente, não existe nenhuma biografia propriamente dita; o pouco que sabemos sobre São Lucas procede do Novo Testamento. Harnack, embora não católico e de tendências racionalistas, demonstrou solidamente que o médico Lucas foi o autor do terceiro Evangelho e dos Atos dos Apóstolos, apesar das tentativas de alguns autores que, baseando-se nos parágrafos que começam por “Nós” (Wir-Stücke), queriam provar que os Atos eram uma colagem de três documentos diferentes. Veja-se Harnack, Lukas der Arzt e seus outros escritos sobre o mesmo tema, todos traduzidos para o inglês. Sobre a vida de São Lucas, devem-se considerar os prefácios grego e latino dos antigos textos do Evangelho (cf. Revue Bénédictine, 1928, pp. 193 ss.), bem como a breve notícia biográfica do Cânone de Muratori. Veja-se também o prefácio do grande comentário de E. Jacquier, Les Actes des Apôtres (1926), e Theodor Zahn, Die Apostelgeschichte des Lukas (1919-1921). Sobre os supostos retratos da Virgem pintados por São Lucas, veja-se D.A.C., vol. IX, c. 2614; e A. H. N. Green-Armytage, Portrait of St. Luke (1955).1




O Milagre de São Justo, por Pierre Paul ubens
O Milagre de São Justo, por Pierre Paul ubens.

O Martirologio Romano diz o seguinte: “Em Sinomovicus, no território de Beauvais, o triunfo de São Justo, mártir, o qual, sendo ainda criança, foi decapitado por ordem do governador Ricciovaro, durante a perseguição de Diocleciano”. São Justo era antigamente muito famoso em todo o norte da Europa. A diocese de Beauvais incluía no Cânon o nome do santo, em cuja Festa se rezava um prefácio próprio. Mas a popularidade de seu culto devia-se, em parte, à confusão de São Justo com outros santos do mesmo nome. A lenda do mártir, pelo menos na forma em que chegou até nós, não merece crédito algum.


Segundo essa tradição, Justo vivia em Auxerre. Quando tinha nove anos, acompanhou seu pai, Justino, a Amiens para resgatar seu irmão Justiniano, que havia sido vendido ali como escravo. O amo de Justiniano, chamado Lupo, estava disposto a vender seu escravo; mas Justino não conseguiu reconhecer o irmão. Então Justo, que jamais havia visto o tio, apontou para um homem que levava uma lamparina e gritou: “É ele!”. De fato, era Justiniano, a quem Lupo devolveu a liberdade. Um soldado que havia presenciado a cena contou a Ricciovaro que havia na cidade “uns magos cristãos”. O governador mandou quatro homens para prendê-los e ordenou que os matassem se resistissem. Ao chegar a Sinomovicus (atualmente Saint-Just-en-Chaussée), entre Beauvais e Senlis, os três Justinos sentaram-se para comer à beira de uma fonte. Subitamente, Justo avistou os quatro soldados. Justino e Justiniano esconderam-se às pressas e pediram ao menino que desorientasse os perseguidores. Ao verem Justo, os soldados perguntaram onde estavam seus dois companheiros e a quais deuses costumavam oferecer sacrifícios. Justo respondeu simplesmente que era cristão. Imediatamente, um dos soldados lhe cortou a cabeça para apresentá-la a Ricciovaro. O corpo decapitado do mártir ergueu-se e ouviu-se uma voz que dizia: “Senhor do céu e da terra, recebe minha alma, porque sou inocente.” Diante de tão grande prodígio, os soldados fugiram apavorados. Quando Justino e Justiniano saíram do esconderijo, encontraram o corpo de São Justo com a cabeça cortada entre as mãos. Segundo conta a lenda, o mártir lhes revelou que deviam sepultar o tronco na caverna onde haviam se escondido e levar a cabeça à sua mãe, dizendo-lhe: “Se deseja ver-me, olhe para o céu.”


Narra-se uma história semelhante de São Justino de Paris, cujos “atos” foram baseados nos de São Justo. Os bolandistas observam que “isso criou grande confusão nos diversos breviários”.


Embora essa lenda não mereça crédito algum, o fato de existirem quatro recensões prova que foi muito popular. Veja-se Acta Sanctorum, outubro, vol. VIII; e BHL., nn. 4590–4594. No Hieronymianum não se menciona este São Justo; por outro lado, há razões muito sérias para duvidar que Ricciovaro, o perseguidor cujo nome aparece com tanta frequência no Martirológio Romano, tenha realmente existido. Em Analecta Bollandiana, vol. LXXII (1954), p. 269, há um importante comentário e muitas referências. 2


Referência:


1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 4, pp. 143-145.

2. Ibid. pp. 145-146.



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