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Vida de São Camilo de Léllis e Santa Sinforosa e seus Sete Filhos, Mártires (18 de julho)

Atualizado: 19 de jul.


SÃO CAMILO DE LÉLLIS, FUNDADOR DOS SERVOS DOS ENFERMOS (1614)


SÃO CAMILO DE LÉLLIS

Camilo de Léllis nasceu em 1550, numa localidade dos Abruzos chamada Bocchianico. Sua mãe já era sexagenária quando o teve. Aos dezessete anos de idade, Camilo, que era um colosso de 1,90 m de estatura, alistou-se com seu pai no exército veneziano para lutar contra os turcos. Mas logo contraiu uma dolorosa e repulsiva enfermidade na perna, que o faria sofrer por toda a vida. Em 1571 ingressou, como paciente e servo, no hospital de incuráveis de São Giacomo, em Roma. Mas nove meses depois foi despedido por seu temperamento revoltoso, e voltou ao serviço ativo na guerra contra os turcos. Em sua vida posterior, Camilo dizia que tinha sido um grande pecador; na realidade, o pior de seus vícios era o jogo, que frequentemente o colocava em situações difíceis.


A lei natural e escrita e o direito canônico proíbem arriscar somas enormes nos jogos de azar, pois não se pode considerar justo um contrato irrazoável que não guarda a devida proporção, sendo absurdo que um homem arrisque uma grande quantia num jogo ou adquira, por esse mesmo meio, o dinheiro de que outro possa precisar para viver. A origem mais comum do vício do jogo é a avareza que, levada a esse extremo, é capaz de se alegrar com as perdas do próximo e arrastar a muitos outros excessos. Caso Camilo tenha percebido as consequências de sua paixão dominante, isso não o fez mudar de vida e, em 1574, apostou nas ruas de Nápoles suas economias, suas armas, tudo o que possuía, e perdeu até a camisa que vestia.


Obrigando-se pela miséria e recordando um voto feito há muito tempo de ingressar na ordem de São Francisco, começou a trabalhar na construção de um convento capuchinho em Manfredônia. A comovente exortação que o guardião do convento fez aos operários completou a conversão de Camilo. Enquanto refletia sobre as palavras do sacerdote, o futuro santo caiu de joelhos, pediu perdão de seus pecados com muitas lágrimas e confiou-se à misericórdia de Deus. A conversão deu-se em 1575, quando Camilo tinha vinte e cinco anos, e nesse mesmo instante começou sua carreira de penitência. Camilo ingressou pouco depois no noviciado dos capuchinhos, mas a enfermidade da perna lhe impediu de fazer a profissão. Então voltou ao hospital de São Giacomo, onde se consagrou ao cuidado dos enfermos. Os administradores, vendo sua caridade e habilidade, nomearam-no, algum tempo depois, superintendente do hospital.


São Felipe Néri e São Camilo
São Felipe Néri e São Camilo

É difícil imaginar hoje as condições espirituais e materiais dos hospitais da época, pois frequentemente se empregava como enfermeiros a pior espécie de gente. Diante da negligência e falta de escrúpulos dos enfermeiros, Camilo concebeu o projeto de fundar uma associação de pessoas desejosas de se consagrar, por caridade, ao cuidado dos enfermos. Logo encontrou alguns companheiros dispostos a segui-lo nesse caminho; mas seu projeto chocou-se, no início, com as invejas e suspeitas que toda grande obra provoca. Para poder ajudar mais aos enfermos, espiritualmente, Camilo, após consultar seu confessor, São Felipe Néri, decidiu receber as ordens sagradas; e pouco depois recebeu o sacerdócio das mãos do vigário de Roma, Tomás Goldwell, bispo de Saint Asaph, que estava exilado de sua diocese inglesa. Um cavalheiro romano chamado Fermo Calvi lhe deu uma pensão no dia de sua ordenação. São Camilo decidiu então se desligar do hospital de São Giacomo e iniciar a tarefa por conta própria, contra a opinião de São Felipe Néri. Com outros dois companheiros, deu início à nova congregação. Os três amigos, que observavam uma regra comum, iam todos os dias ao grande hospital do Espírito Santo, onde assistiam aos enfermos com tanto carinho e cuidado, que parecia que curavam as feridas do próprio Jesus Cristo. Visitavam todos os pacientes, serviam-nos com imensa caridade e, com suas exortações, os preparavam para receber os sacramentos e aceitar com resignação a morte.


O fundador teve que enfrentar adversários poderosos e grandes dificuldades. Mas sua confiança em Deus o sustentou. Em 1585, alugou uma casa e o sucesso o levou a expandir suas atividades. Assim, prescreveu que os membros da congregação fizessem voto de assistir os prisioneiros, os enfermos contagiosos e os gravemente enfermos em suas casas. Em 1595 e em 1601, enviou alguns de seus religiosos com as tropas que iam à Hungria e à Croácia. Assim nasceu o serviço de enfermeiros de guerra. Não se pretende diminuir a glória de Henrique Dunant, fundador da Cruz Vermelha Internacional, mas seria injusto esquecer os que, antes dele, cuidaram dos feridos no campo de batalha, como São Camilo de Léllis e Florence Nightingale.


São Camilo

Em 1588, São Camilo fundou uma nova casa em Nápoles, a pedido das autoridades da cidade. Como se havia proibido que navios com pestosos desembarcassem no porto, os Servos dos Enfermos (como se chamavam os companheiros de São Camilo) subiram a bordo para assisti-los. Nessa missão, dois companheiros do santo pereceram, os primeiros mártires do novo instituto. São Camilo também mostrou sua caridade heroica durante uma epidemia de peste que causou grande mortalidade em Roma e numa época de escassez que assolou a mesma cidade. Em 1591, Gregório XIV elevou a congregação de São Camilo à categoria de ordem religiosa. Atualmente, os Servos dos Enfermos, que canonicamente são clérigos regulares, incluem sacerdotes e irmãos leigos e continuam dedicados ao cuidado dos doentes em hospitais e instituições privadas. Como já se disse, o fundador esteve enfermo durante toda a vida: por quarenta e seis anos padeceu do mal na perna, que além disso ficou fraturada aos trinta e seis anos, e também tinha duas chagas dolorosas na planta dos pés. Muito antes de morrer, sofria de náuseas e quase não conseguia comer. Contudo, em vez de permitir que seus irmãos cuidassem dele, enviava-os para assistir os outros enfermos. Quando suas doenças o impediam de caminhar, encontrava meios de se arrastar, noite e dia, pelos hospitais para verificar se os enfermos precisavam de algo. Entre os males evitados graças ao zelo de São Camilo, conta-se o trágico erro de enterrar os moribundos sem ter certeza de sua morte. O santo ordenou a seus religiosos que continuassem as orações pelos agonizantes por pelo menos um quarto de hora após a morte aparente e que não permitissem cobrir o rosto dos mortos muito cedo. São Camilo fundou quinze casas religiosas e oito hospitais. Deus recompensou seu zelo e caridade com os dons de profecia e milagres, e lhe concedeu inúmeras graças extraordinárias.


Em 1607, São Camilo renunciou à direção de sua ordem. Contudo, participou do capítulo geral em Roma em 1613 e acompanhou depois o superior geral na visita às casas do instituto para se despedir de seus irmãos com uma última exortação. Recebeu o santo viático das mãos do cardeal Ginnasi. Após a extrema-unção, dirigiu comoventes palavras aos presentes e expirou no dia 14 de julho de 1614, aos sessenta e quatro anos. Foi canonizado em 1746. O Papa Leão XIII o proclamou patrono dos doentes, junto com São João de Deus, e Pio XI o nomeou patrono dos enfermeiros e de suas associações.


A biografia mais antiga foi escrita pelo Pe. S. Cicatelli um ano após a morte de São Camilo, em 1615. O Pe. Cicatelli fora companheiro do santo durante vinte e seis anos. O Pe. Faber traduziu essa biografia ao inglês na Oratorian Series. Entre as muitas biografias modernas citam-se a de Baumker, em alemão, e as de Blanc e Latarche, em francês. Mas a obra mais documentada é a de Mario Vanti, S. Camillo de Lellis (1929); o autor baseia-se num estudo detalhado das cartas do santo e de todas as fontes disponíveis. Ver também San Giacomo degl’Incurabili di Roma (1938), do mesmo autor. A biografia inglesa do Pe. C. C. Martindale (1946) é excelente. Cf. A. C. Oldmeadow, Camillus: the Red Cross Saint (1923). [1]


SANTA SINFOROSA E SEUS SETE FILHOS, MÁRTIRES (Data desconhecida)


SANTA SINFOROSA E SEUS SETE FILHOS, MÁRTIRES

Segundo a lenda, Sinforosa era viúva do mártir São Getúlio e vivia com seus sete filhos em Tíbur (Tívoli), perto de Roma, na época do imperador Adriano. Um oráculo predisse ao imperador que a estabilidade do novo palácio que havia construído em Tívoli dependia de que Sinforosa e seus filhos oferecessem sacrifícios aos deuses. Como a piedosa viúva se recusasse a isso, foi afogada no rio Anio, depois de sofrer múltiplos tormentos. Os esforços do imperador se chocaram, no dia seguinte, contra a constância dos filhos de Sinforosa: Crescente, Julião, Nemésio, Primitivo, Justino, Stacteu e Eugênio. Todos eles pereceram sob diferentes torturas. É um fato que, na Via Tiburtina, na altura da nona milha, foram enterrados uma mulher chamada Sinforosa e sete irmãos cujos nomes correspondem aos que mencionamos acima.


A semelhança entre este caso e o de Santa Felicidade e seus “sete filhos” é evidente e suscita problemas que não vamos discutir aqui. Basta citar uma passagem do Pe. Delehaye, em Origines du culte des martyrs, pp. 278-279:

“A tradição popular, sustentada sem dúvida pelos hagiógrafos, parece ter seguido neste caso da Via Tiburtina o mesmo curso que a levou a dotar Santa Felicidade de sete filhos mártires. Desta forma, sete santos, cuja única relação consistia provavelmente na proximidade de seus túmulos ou do aniversário de sua morte, converteram-se em irmãos entre si e em filhos de Santa Sinforosa. Não podemos deixar de nos perguntar se Santa Sinforosa se identifica com Santa Felicidade.”

O culto desses mártires data de época muito antiga em Tívoli, onde, em 1877, foram explorados os restos de uma basílica a eles dedicada. Ruinart inclui essas “atas” nas Acta Sincera; Paul Allard e outros historiadores defendem sua autenticidade, mas a opinião geral, seguindo Delehaye, as considera como um romance histórico. Ver CMH, pp. 338, 382; Études sur le légendier romain, pp. 121-123; e Origines... loc. cit. As atas podem ser consultadas em Ruinart e nos Acta Sanctorum, julho, vol. IV. A respeito da basílica de Santa Sinforosa, cf. H. Stevenson, Studi in Italia (1878), vols. I e II. [2]


Referência:


  1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 3, pp. 133–136.

  2. Ibid. pp. 136.


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