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Vida de São Plácido, Mártir e Santa Gala, Viúva (5 de outubro)



    Santo Amaro caminha sobre as águas para salvar São Plácido, por Giovanni Antonio Bazzi.
Santo Amaro caminha sobre as águas para salvar São Plácido, por Giovanni Antonio Bazzi.

Dada a grande fama de santidade que alcançou São Bento na época em que viveu em Subiaco, muitas nobres famílias romanas costumavam confiar-lhe seus filhos para que fossem educados no mosteiro. Equício confiou-lhe seu filho Mauro, e o patrício Tértulo, seu filho Plácido, que era ainda muito menino.


São Gregório conta em seus “Diálogos” que, certa vez, Plácido caiu no rio quando tentava encher um cântaro. São Bento, que se encontrava no mosteiro, chamou imediatamente Mauro e lhe disse: “Corre e voa, meu irmão, porque o menino acaba de cair no rio.” Mauro correu e caminhou sobre as águas a distância de um tiro de flecha, até o lugar onde Plácido se encontrava; então o segurou pelos cabelos e o arrastou até a margem, caminhando sobre as águas. Ao pisar em terra, Mauro voltou os olhos para o rio e só então se deu conta do milagre.


São Bento atribuiu o prodígio à obediência de seu discípulo, mas este pensou que se devia à santidade e virtude de São Bento. Plácido confirmou os pensamentos de Mauro, dizendo: “Quando me tiraste da água, vi o manto de nosso pai sobre minha cabeça e pensei que era ele quem me puxava.” A salvação milagrosa de Plácido é como um símbolo da preservação de sua alma de toda mancha de pecado. Crescia constantemente em virtude e sabedoria, e sua vida era uma fiel réplica da de seu mestre e diretor, São Bento. Este observava os progressos da graça no coração de seu discípulo, amava-o com particular predileção e, provavelmente, o levou consigo a Monte Cassino. Diz-se que o pai de Plácido foi quem deu a São Bento aquela posse. A isso se reduz tudo o que sabemos acerca de Plácido, que costumava ser venerado como confessor até o século XII.


Santo Amaro, por ordem de São Bento, caminha sobre as águas para salvar São Plácido
Santo Amaro, por ordem de São Bento, caminha sobre as águas para salvar São Plácido.

Mas o São Plácido cuja Festa a Igreja do Ocidente celebra hoje era um monge e discípulo do bem-aventurado abade Bento, junto com seus irmãos Eutíquio e Victorino, sua irmã Flávia e os monges Donato, Firmato o diácono, Fausto e outros trinta, martirizados pelos piratas em Messina. Certos martirológios antigos mencionam neste dia o martírio dos santos Plácido, Eutíquio e seus companheiros, na Sicília. A confusão que reina atualmente nos livros litúrgicos entre o beneditino Plácido e um certo número de mártires que morreram antes e depois dele tem origem na falsificação de um documento do século XII. Com efeito, então Pedro, o Diácono, monge e arquivista de Monte Cassino, publicou um relato da vida e martírio de São Plácido. Ninguém até então havia ouvido falar daquele mártir. Pedro o Diácono afirmava basear-se em dados comunicados por um monge de Constantinopla chamado Simeão, que, por sua vez, herdara um documento da época do martírio de São Plácido, escrito por um companheiro do mártir chamado Gordiano. Gordiano teria conseguido fugir da Sicília para Constantinopla, onde presenteou os antecessores de Simeão com o relato que escrevera sobre o martírio. Essa fábula, como tantas outras, foi-se impondo pouco a pouco, até que os beneditinos e todo o Ocidente acabaram por admiti-la. Segundo a lenda, São Plácido teria ido à Sicília para fundar em Messina o mosteiro de São João Batista. Alguns anos depois, piratas sarracenos vindos da Espanha desembarcaram na ilha. Como Plácido, seus irmãos, sua irmã e seus monges se recusassem a adorar os deuses do rei Abdula, foram decapitados. É inútil dizer que no século VI não havia mouros na Espanha e que os sarracenos da Síria e da África não fizeram incursões na Sicília antes de meados do século VII.


Martírio de São Plácido, Flávia, Êutico e Vitorino (c.1524), por Correggio
Martírio de São Plácido, Flávia, Êutico e Vitorino (c.1524), por Correggio.

A lenda enriqueceu-se pouco a pouco com novas provas, entre elas nada menos que uma ata de doação que Tértulo teria feito a São Bento de certas terras na Itália e na Sicília. Entretanto, a devoção a São Plácido só se popularizou verdadeiramente em 1588. Naquele ano, reconstruiu-se a igreja de São João, em Messina, e durante as obras descobriram-se vários esqueletos. Naturalmente, o povo os tomou por relíquias de São Plácido e seus companheiros, e Sisto V aprovou o culto dos mártires, com Festa de rito duplo. Os nomes de São Plácido e seus companheiros ficaram desde então incluídos no Martirológio Romano. Os bolandistas perguntam-se com razão se Sisto V agiu com a devida prudência. Os beneditinos celebram a Festa de São Plácido e seus companheiros com rito duplo de segunda classe. Em 1915, quando se fez a revisão do martirológio beneditino, os editores propuseram que se suprimisse a Festa de São Plácido; mas a Sagrada Congregação dos Ritos determinou que não se fizesse inovação alguma nesse ponto até que o Breviário Romano — cuja terceira leitura resume a lenda de Pedro o Diácono — fosse atualizado em matéria histórico-litúrgica. Assim, os beneditinos conservaram o nome do santo e o rito de sua Festa, mas substituíram o ofício próprio pelo comum de vários mártires, e a coleta não menciona São Plácido nem seus companheiros.


U. Berlière, na Revue Bénédictine, vol. XXX (1921), pp. 19-45, estudou a fundo a questão da falsificação de Pedro o Diácono, tanto do ponto de vista histórico como litúrgico. Mas já antes E. Caspar havia provado perfeitamente o caráter espúrio da narração de Gordiano em sua obra Petrus Diaconus und die Monte Cassineser Fälschungen (1909), especialmente nas pp. 47-72. O texto de Gordiano pode ser visto no Acta Sanctorum, outubro, vol. II. Cf. igualmente CMH, e o resumo de J. McCann em Saint Benedict (1938), pp. 282-291. Os nomes dos companheiros de São Plácido são tomados do Hieronymianum (5 de outubro), embora esse martirológio afirme expressamente que Firmato e Flaviana ou Flávia sofreram o martírio em Auxerre, na França. [1]




Estátua de Santa Gla, Viúva
A visão de Santa Gala por Ludovico Gimignani.

Uma das vítimas de Teodorico, o Goto, na Itália, foi o nobre patrício romano Quinto Aurélio Símaco, que havia sido cônsul em 485 e foi injustamente executado em 525. Suas três filhas chamavam-se Rusticana (a esposa de Boécio), Proba e Gala. O nome desta última figura hoje no Martirológio Romano. Nos “Diálogos” de São Gregório há um breve relato de sua vida e morte. Gala ficou viúva um ano depois de ter se casado. Embora fosse jovem e rica, recusou-se a casar novamente. A esse propósito, São Gregório escreve que o matrimônio “começa sempre com alegria e termina tristemente”; mas tal generalização é injusta. Apesar de os médicos terem dito a Gala que, se não se casasse, lhe cresceria a barba, a jovem permaneceu firme em seu propósito e ingressou numa comunidade de virgens consagradas a Deus, próxima à basílica de São Pedro. Ali viveu muitos anos, dedicada à oração e ao cuidado dos pobres e necessitados.


Já em idade avançada, foi afligida por um câncer no seio. Numa noite em que as dores não a deixavam dormir, apareceu-lhe São Pedro entre dois círios (pois a santa detestava tanto a escuridão material quanto a espiritual). Gala exclamou: “Vós vindes visitar-me? Meus pecados estão perdoados?” São Pedro inclinou a cabeça, dizendo: “Sim, estão perdoados.” E acrescentou: “Vem e segue-me.” Mas Gala, que tinha uma amiga muito querida chamada Benita, rogou a São Pedro que a levasse também consigo. São Pedro replicou que ela e outra das religiosas morreriam três dias depois, e que Benita seria chamada um mês mais tarde. São Gregório relatou esses fatos cinquenta anos depois e afirma que “as religiosas do mosteiro, que ouviram suas predecessoras narrar os acontecimentos, podiam contá-los em todos os detalhes, como se tivessem presenciado o milagre.” Supõe-se que a carta de São Fulgêncio, bispo de Ruspe, “Sobre o estado de viuvez”, tenha sido dirigida a Santa Gala. As relíquias da santa conservam-se, segundo se diz, na igreja de Santa Maria in Pórtico.


Praticamente tudo o que sabemos sobre Santa Gala se resume ao que diz o artigo do Acta Sanctorum, outubro, vol. II. Provavelmente a igreja de San Salvatore de Gala, em Roma, era dedicada à nossa santa. Perto do Vaticano ficava o hospício francês de San Salvatore in Ossibus; tal hospício foi mais tarde transferido para as imediações de San Salvatore de Gala, o que explica que o nome de Gala tenha sido substituído pelo de Gallia. Veja-se P. Sepezi, em Bullettino della Com. Archeolog. di Roma, 1905, pp. 62-103 e 233-263. [2]



Referência:


  1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 4, pp. 38-39.

  2. Ibid. pp. 40-41.



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