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VIDA DE SÃO GREGÓRIO VII e SANTO URBANO I, PAPAS (25 de maio)

Atualizado: 7 de jun.


SÃO GREGÓRIO VII († 1085 d.C.)


SÃO GREGÓRIO VII escrevendo

Como introdução à vida de Gregório VII, os bolandistas observam, nos Acta Sanctorum, que o santo foi muito perseguido em vida e muito caluniado após a sua morte. No entanto, devemos dizer com grande satisfação que, se em certa época era comum denegrir o grande Pontífice como se tivesse sido um tirano, os historiadores modernos admitem unanimemente que o motivo que inspirou Gregório VII não foi a ambição, mas um zelo incontido por fazer reinar a justiça na terra.


São Gregório nasceu na aldeia de Rovaco, na Toscana, perto de Saona. Seu nome de batismo era Hildebrando. Nada sabemos sobre seus pais. Quando jovem, foi viver em Roma sob os cuidados de um tio, que era superior do mosteiro de Santa Maria no Aventino. Estudou na escola de Latrão. Um de seus mestres, João Graciano, estimava tanto seu discípulo que, ao ser elevado ao trono pontifício com o nome de Gregório VI, escolheu-o como secretário. Após a morte daquele pontífice, ocorrida na Alemanha, Hildebrando retirou-se, segundo a tradição, à abadia de Cluny, onde São Odilon era abade e São Hugo, prior. Hildebrando desejava terminar ali seus dias; mas o bispo de Toul, Bruno, que foi eleito Papa, pediu-lhe que voltasse com ele a Roma. Hildebrando então assumiu o cargo de economus (administrador) de São Leão IX e restabeleceu a ordem na cidade e no tesouro pontifício; além disso, apoiou o Papa em todas as reformas que este empreendeu. Como também foi o principal conselheiro dos quatro sucessores de São Leão IX, muitos o consideravam “o homem do poder”. Assim, ninguém se surpreendeu quando o cardeal arcediago Hildebrando foi eleito Papa por aclamação, após a morte de Alexandre II, em 1073. Hildebrando adotou o nome de Gregório VII.


O novo Pontífice tinha motivos para se sentir sobrecarregado diante da tarefa que o aguardava. Uma coisa era denunciar os abusos que proliferavam na Igreja, como fazia seu amigo São Pedro Damião, e até mesmo brandir a espada da justiça a serviço de outros Papas, como ele próprio havia feito antes; outra, muito diferente, era sentir-se vigário de Cristo na terra, responsável diante de Deus pela supressão de tais abusos. Não havia na Igreja ninguém mais bem preparado do que Gregório VII para desempenhar essa tarefa. Guilherme de Metz escreveu-lhe: “Em vós, que atingistes o cume do poder, estão fixos todos os olhos. O povo cristão conhece os gloriosos combates que sustentastes em cargos menores e espera unanimemente ouvir de vós grandes feitos.” Essa esperança não foi frustrada.


Gregório não podia contar com o apoio das autoridades para realizar as reformas que projetava. Dos monarcas da época, o melhor era Guilherme, o Conquistador, embora em certos momentos tenha demonstrado grande crueldade. Na Alemanha reinava o imperador Henrique IV, jovem de trinta e três anos, dissoluto, sedento de ouro e tirânico. Quanto a Filipe I da França, dizia-se que “seu reinado foi o mais longo e desastroso de que os anais da pátria têm memória”. As autoridades eclesiásticas não estavam menos corrompidas que os príncipes seculares, a quem haviam se escravizado; os reis e nobres vendiam os bispados e abadias ao melhor lance, quando não os concediam a seus favoritos. A simonia era prática comum, e o celibato clerical estava em decadência tão grande que, em muitas regiões, os sacerdotes levavam abertamente vida conjugal, usavam os dízimos e esmolas dos fiéis para sustentar suas famílias e, em alguns casos, chegavam até a legar seus benefícios eclesiásticos aos filhos. Gregório VII iria passar o resto da vida engajado numa luta heroica para libertar e purificar a Igreja, suprimindo a simonia, a incontinência dos clérigos e abolindo o sistema vigente das investiduras. Segundo esse método, os leigos podiam conceder benefícios eclesiásticos e investirem outros com eles mediante a entrega do báculo e do anel pastoral.


SÃO GREGÓRIO VII E O ESPÍRITO SANTO SOBRE ELE

Pouco depois de sua ascensão ao trono pontifício, Gregório depôs o arcebispo de Milão, Godofredo, que havia comprado seu benefício. No primeiro sínodo romano realizado sob seu pontificado, o novo Papa publicou decretos muito severos contra a simonia e o matrimônio dos sacerdotes. Esses decretos não apenas privavam de jurisdição e de todos os benefícios eclesiásticos os sacerdotes casados, como também ordenavam aos fiéis que se abstivessem de receber os sacramentos de suas mãos. Naturalmente, isso provocou grande hostilidade contra Gregório VII, sobretudo na França e na Alemanha. Uma assembleia reunida em Paris declarou que os decretos pontifícios eram intoleráveis e irracionais, pois faziam depender a validade dos sacramentos da virtude pessoal de quem os administrava. Mas São Gregório não se intimidou diante da oposição, nem se desviou da linha de conduta que havia traçado. No sínodo romano seguinte, foi ainda mais longe, ao abolir de uma vez as investiduras leigas e lançar a excomunhão contra “qualquer pessoa, mesmo que fosse imperador ou rei, que ousasse conferir investiduras relativas a qualquer benefício eclesiástico”. Para promulgar e fazer cumprir esses decretos, Gregório enviou legados por toda a cristandade, pois não podia confiar nos bispos. Os legados, geralmente monges que o Papa conhecia e já havia provado suficientemente, serviram-lhe com grande coragem e eficácia naquela época extraordinariamente difícil.


Na Inglaterra, Guilherme, o Conquistador, recusou-se a renunciar ao direito de conferir investiduras e a prestar vassalagem ao Pontífice. Como se sabe, naquela época vários príncipes cristãos haviam colocado seus reinos sob a proteção da Santa Sé. No entanto, Guilherme aceitou os demais decretos pontifícios, e Gregório VII, que aparentemente confiava nele, não insistiu para que renunciasse ao direito de investidura. Na França, graças à energia do legado Hugo de Die, as reformas foram pouco a pouco aceitas e postas em prática; mas a luta foi longa, e o Papa teve de depor quase todos os bispos. Contudo, quem ofereceu maior resistência foi o imperador Henrique IV, o qual incitou contra o Papa o clero da Alemanha e do norte da Itália, assim como os nobres romanos de tendências antipapistas.


Gregório VII foi feito prisioneiro enquanto celebrava a Missa do Natal, na Basílica de Santa Maria Maior, e permaneceu várias horas nas mãos de seus inimigos, até que o povo o resgatou. Pouco depois, um conciliábulo de bispos reunido em Worms fez várias acusações contra o Papa; os bispos da Lombardia lhe recusaram obediência, e o imperador enviou a Roma um legado com a missão de informar aos cardeais que Gregório era um usurpador, e que ele, Henrique, estava decidido a expulsá-lo do trono pontifício. No dia seguinte, Gregório excomungou solenemente o imperador e desligou seus súditos da obrigação de lhe obedecer. Esse foi um ato que teria repercussão imensa na história do Papado.


Também foi uma oportunidade para os nobres germânicos que desejavam livrar-se do imperador. Em outubro de 1076, realizaram uma assembleia e decidiram que o imperador perderia a coroa caso, dentro de um ano, não recebesse a absolvição pontifícia e não comparecesse diante de um concílio que Gregório VII presidiria em Augsburgo, em fevereiro do ano seguinte. Henrique IV resolveu salvar-se fingindo submissão. Acompanhado da esposa, do filho e de um servo, atravessou os Alpes no rigor do inverno e se apresentou no castelo de Canossa, entre Módena e Parma, onde o Papa se encontrava. Este recusou-se a recebê-lo, e o imperador passou três dias à porta do castelo, vestido com hábito de penitente. Alguns historiadores acusaram o Pontífice de crueldade e arrogância; no entanto, provavelmente Gregório VII já havia refletido sobre o que deveria fazer. Na verdade, Gregório VII não tinha outra alternativa senão presumir a boa fé do imperador, visto que este se apresentara como penitente. Por isso, acabou por recebê-lo e concedeu-lhe a absolvição após ouvir sua confissão.


PAPA SÃO GREGÓRIO VII

A expressão “ir a Canossa” tornou-se símbolo do triunfo da Igreja sobre o Estado. Mas, na realidade, aquilo foi um triunfo da astúcia política de Henrique IV, pois, por um lado, ele nunca renunciou à pretensão de conferir investiduras e, por outro, os acontecimentos posteriores levaram Gregório VII quase à ruína.


Apesar da resistência de Henrique IV, em 1077 alguns nobres elegeram seu cunhado, Rodolfo da Suábia, para substituí-lo. São Gregório procurou manter-se neutro por algum tempo; mas, finalmente, teve de excomungar novamente Henrique IV e apoiar a candidatura de Rodolfo, que morreu em batalha. Por sua vez, Henrique promoveu a eleição de Guiberto, arcebispo de Ravena, como antipapa e, após a morte de Rodolfo, dirigiu-se à Itália à frente de um exército. Roma caiu depois de três anos de cerco. São Gregório refugiou-se no Castelo de Santo Ângelo e permaneceu ali até ser resgatado pelo duque da Calábria, Roberto Guiscardo. Contudo, os excessos das tropas de Roberto provocaram a fúria do povo romano, e São Gregório, que havia chamado os normandos em seu auxílio, tornou-se alvo da antipatia do exército de Roberto. Por causa disso, teve de retirar-se primeiro para Monte Cassino e depois para Salerno, humilhado, enfermo e abandonado por trinta de seus cardeais.


São Gregório lançou um último apelo a todos os que criam “que o bem-aventurado Pedro é o pai de todos os cristãos e seu chefe e pastor em nome de Cristo, e que a Santa Igreja Romana é a mãe e mestra de todas as Igrejas”. No ano seguinte, faleceu, em 25 de maio de 1085. No leito de morte, Gregório perdoou todos os seus inimigos e revogou as excomunhões que havia lançado, com exceção das de Henrique IV e de Guiberto de Ravena. Suas últimas palavras foram:


Amei a justiça e odiei a iniquidade; por isso morro no exílio.”

São Gregório VII foi certamente um dos maiores Papas, embora não isento de erros. Seus defeitos, que foram mais consequência do mundo em que viveu, lhe granjearam a antipatia de numerosos historiadores. O que se pode afirmar com segurança é que não foi ambicioso e que consagrou todos os seus esforços a purificar e fortalecer a Igreja, pois nela via a Igreja de Deus e queria torná-la um refúgio de paz e caridade sobre a terra. O cardeal Baronio introduziu o nome de Gregório VII no Martirológio Romano, concedendo-lhe o título de beato, e não de santo. O Papa Bento XIII, em 1728, elevou a comemoração de São Gregório à categoria de festa da Igreja universal, o que causou grande indignação entre os galicanos franceses.


Nos Acta Sanctorum (maio, vol. IV), além de outros materiais, há três documentos que podem nos ajudar a apreciar Hildebrando como Papa e como santo. O primeiro é a biografia escrita por Paulo de Bernried, em 1128, que se baseia num estudo dos atos de seu pontificado e das memórias daqueles que conheceram pessoalmente Gregório VII. O segundo é um relatório que provavelmente se deve à pena de Pandulfo. O terceiro é uma adaptação do Liber ad Amicum, que Bonzio escreveu em vida do santo Pontífice, feita pelo cardeal Boso. Mas Gregório VII pertence à história universal. O estudo dos documentos oficiais e, em particular, da parte do Regesta que se conserva, pode nos ajudar a conhecer melhor seu caráter. Em Lives of the Popes, de Mons. Mann, vol. VII (1910), pp. 1-217, encontra-se um magnífico estudo do pontificado de Gregório VII, sobretudo no que se refere ao aspecto externo de seu governo. Ali mesmo há uma bibliografia; nela Mons. Mann recomenda, com razão, a obra de J. W. Bowden, Life and Pontificate of Gregory VII, apesar de ter sido publicada em 1840. A literatura sobre o tema é bastante extensa e aumentou muito desde que Mons. Mann publicou sua obra em 1910. Devem-se mencionar os trabalhos de Mons. Batiffol (1928) e de H. X. Arquillière (1934). Na coleção Les Saints há um admirável esboço biográfico de A. Fliche, que se baseou numa multidão de obras. O mesmo autor publicou uma obra completa sobre o tema, intitulada La Réforme grégorienne (1925); cf. sobre ela Analecta Bollandiana, vol. XLIV (1926), pp. 425-433. Veja-se também W. Wilhr, Studien zu Gregors VII Kirchenreform (1930); Fliche e Martin, Histoire de l’Église, vol. VIII. Acerca do problema do Regesta de Gregório VII, consulte-se os estudos de W. M. Peitz e E. Caspar. Em 1932, foi publicada uma tradução inglesa da correspondência de São Gregório, feita por E. Emerton. Em Roma, começaram a ser publicados, em 1947, os Studi Gregoriani (ed. G. B. Borino).



SÃO URBANO I, PAPA E MÁRTIR (c. 230 d.C.)


SÃO URBANO I, PAPA E MÁRTIR

O Martirológio Romano diz o seguinte: “Em Roma, na Via Nomentana, o nascimento para o céu do bem-aventurado Urbano, Papa e mártir, por cujas exortações e ensinamentos muitas pessoas, entre as quais se contavam Tibúrcio e Valeriano, receberam a fé de Cristo e sofreram o martírio por ela. Esse Pontífice teve que sofrer muito durante a perseguição de Alexandre Severo e, finalmente, recebeu a coroa do martírio pela espada.”


Há razões para suspeitar que este breve resumo contém muitos elementos apócrifos. A alusão a Tibúrcio e Valeriano foi tomada dos “atos” de Santa Cecília, que são um documento de pouca confiabilidade. Na mesma fonte se baseia a biografia de Urbano I que consta no Liber Pontificalis. Em todo caso, é absolutamente certo que Urbano I não foi sepultado na Via Nomentana, mas sim no Cemitério de Calisto, na Via Ápia, já que na era moderna foi descoberta ali uma lápide sepulcral com seu nome.


Não longe do Cemitério de Calisto, na Via Ápia, encontrava-se o cemitério de Pretextato, onde estava sepultado outro mártir chamado Urbano. Logo se começou a confundir os dois mártires. Um dos antigos edifícios que rodeavam a catacumba de Pretextato foi transformado em igreja e recebeu, mais tarde, o nome de São Urbano alla Caffarella.


A confusão entre os dois Urbanos e os problemas que ela criou no Hieronymianum são pontos de estudo muito interessantes, mas demasiadamente complexos para que possamos discuti-los aqui. Ver CMH, pp. 262 e 273; Duchesne, Liber Pontificalis, pp. 47, 93 e 143; De Rossi, Roma Sotterranea, vol. II, pp. 22-25, 53, 151. No catálogo de manuscritos latinos dos bolandistas foram publicados vários textos, entre os quais se encontra a “paixão” do Papa Urbano (Acta Sanctorum, maio, vol. VI). Ver BHL, nn. 8372-8392.


Referência:


  1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 2, pp. 368–372. Edição espanhola.


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