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Vida de São Eduardo, o Confessor e os Santos Fausto, Januário e Marcial, Mártires (13 de outubro)



Rei São Eduardo, o Confessor.
Rei São Eduardo, o Confessor.

Depois do abandono, das lutas e da opressão durante o reinado dos dois soberanos dinamarqueses, Haroldo Harefoot e Artacanuto, o povo inglês acolheu com júbilo o representante da antiga dinastia inglesa, São Eduardo, o Confessor. “Todos reconheceram seus direitos”, e a paz e tranquilidade que prevaleceram em seu reinado fizeram dele o mais popular dos monarcas ingleses, embora seja necessário reconhecer que os normandos, a quem o santo havia favorecido com sua amizade, mais tarde exageraram a importância de seu governo. As qualidades que lhe valeram ser venerado como santo referem-se mais à sua pessoa do que à sua administração como soberano, pois, embora fosse um homem piedoso, amável e amante da paz, talvez lhe faltasse a energia necessária para dominar algumas das poderosas personalidades que o cercavam. Isso não significa que tenha sido um homem fraco ou supersticioso, como às vezes se afirmou. Embora sua saúde não fosse vigorosa, possuía uma força de vontade discreta, mas capaz de triunfar sobre a influência de seus inimigos. Eduardo era filho de Etelredo e da normanda Ema. Durante a supremacia dinamarquesa, foi enviado à Normandia aos dez anos de idade, junto com seu irmão Alfredo. Este voltou à Inglaterra em 1036; foi capturado, mutilado e, por fim, morreu em consequência dos maus-tratos infligidos pelo conde Godwino. Por isso, São Eduardo não retornou à pátria senão em 1042, quando foi eleito rei; tinha então quarenta anos. Aos quarenta e dois, casou-se com Edith, filha de Godwino. Era ela uma jovem muito bela e piedosa, “cuja mente era um verdadeiro tesouro das artes liberais”. A tradição sustenta que São Eduardo e sua esposa guardaram perpétua continência, por amor a Deus e como meio de alcançar a perfeição; mas o fato não é totalmente certo, e menos ainda seus motivos. Guilherme de Malmesbury, que escreveu oitenta anos depois, afirma que todos sabiam que o rei e a rainha observavam a continência, mas acrescenta: “O que não se conseguiu averiguar é se o monarca agia assim por desprezo à família de sua esposa ou simplesmente por amor à castidade.” O cronista Rogério de Wendover repete essa opinião, mas acredita que São Eduardo não queria “ter sucessores pertencentes a uma família de traidores”. Contudo, esse motivo parece forçado.


Nesse caso, não há razão para perguntar por que São Eduardo se casou se não pretendia consumar o matrimônio, já que o poder do conde Godwino representava a maior ameaça ao reino e seu casamento lhe dava proteção. De fato, Godwino era o principal inimigo de um grupo de normandos cuja influência se fazia sentir na corte, sobretudo nas nomeações episcopais e em outras matérias menores. Após uma série de incidentes, a hostilidade entre os dois grupos chegou ao auge, e Godwino e sua família foram banidos; até mesmo a rainha foi encerrada por um tempo num convento. Nesse mesmo ano de 1051, Guilherme da Normandia visitou a corte de Eduardo e, provavelmente, este lhe ofereceu a sucessão; pode-se dizer, portanto, que a conquista normanda não começou na Batalha de Hastings, mas no momento em que São Eduardo subiu ao trono. Meses depois, Godwino reapareceu na corte, mas, como nenhum dos dois desejava uma guerra civil, São Eduardo restituiu-lhe as posses, e o conselho real “baniu todo francês que houvesse cometido crimes, proferido sentenças injustas ou aconselhado mal no reino”. O arcebispo de Cantuária e outro bispo normando fugiram para a França “num navio sem leme”.



Rei Eduardo, o Confessor
Rei Eduardo, o Confessor.

Os cronistas da época exaltam sobretudo “as leis e costumes do bom rei Eduardo” e o fato de ter livrado o país da guerra civil. As únicas campanhas militares relevantes foram as empreendidas por Haroldo de Wessex, filho de Godwino, e por Gruffydd ap Llywelyn, nas fronteiras de Gales, assim como as expedições do conde Siward para apoiar Malcolm III da Escócia contra o usurpador Macbeth. A administração justa de São Eduardo tornou-o muito popular entre seus súditos. A perfeita harmonia que reinava entre ele e seus conselheiros converteu-se mais tarde, um tanto idealizada, no sonho dourado do povo, já que, durante seu reinado, tanto os barões normandos quanto os representantes ingleses exerceram profunda influência na legislação e no governo. Um dos atos mais populares de seu governo foi a abolição do imposto militar; os tributos recolhidos nas casas foram distribuídos entre os pobres.


Guilherme de Malmesbury deixou-nos esta descrição do santo monarca: era “um homem escolhido por Deus: vivia como um anjo em meio às suas ocupações administrativas e era evidente que Deus o guiava pela mão... Era tão bondoso, que jamais fez o menor reproche nem mesmo ao último de seus servos.” Mostrava-se especialmente generoso com os estrangeiros pobres e auxiliava muito os monges. Sua diversão favorita era a caça com arco e aves de rapina, e costumava passar vários dias seguidos nas florestas; mas nem mesmo nessas ocasiões deixava de assistir diariamente à Missa. Era alto e majestoso, de rosto corado, barba e cabelos brancos.


Durante seu exílio na Normandia, São Eduardo prometera ir em peregrinação ao túmulo de São Pedro, em Roma, se Deus pusesse fim às desventuras de sua família. Após sua ascensão ao trono, convocou um concílio e declarou publicamente o voto que fizera. A assembleia louvou sua piedade, mas advertiu que sua ausência poderia abrir caminho a dissensões internas e ataques estrangeiros. O rei, convencido, submeteu o assunto ao Papa São Leão IX, que comutou sua promessa pela obrigação de distribuir aos pobres uma quantia equivalente ao custo da viagem e ordenou-lhe dotar um mosteiro em honra de São Pedro. São Eduardo escolheu para isso uma abadia nas cercanias de Londres, num lugar chamado Thorney, reconstruindo-a e dotando-a com generosidade, usando seus próprios bens. Obteve do Papa Nicolau II amplos privilégios e isenções para o mosteiro, que passou a se chamar Westminster (Mosteiro do Oeste), para distingui-lo do de São Paulo, situado a leste da cidade. Originalmente, havia ali setenta monges. Mais tarde, a comunidade foi dissolvida, e a igreja transformada em colegiata pela rainha Isabel I. Os monges da abadia de São Lourenço de Ampleforth são os sucessores jurídicos dos monges fundados por São Eduardo. A atual igreja, conhecida como Abadia de Westminster, foi construída no século XIII no mesmo local onde se erguia a abadia de São Eduardo.


Ricardo II da Inglaterra com seus santos padroeiros, da esquerda para a direita Rei Edmundo, o Mártir, Rei Eduardo, o Confessor e São João Batista.
Ricardo II da Inglaterra com seus santos padroeiros, da esquerda para a direita Rei Edmundo, o Mártir, Rei Eduardo, o Confessor e São João Batista.

O último ano da vida do santo foi perturbado pela tensão entre o conde Tostig Godwinsson da Nortúmbria e seus súditos; finalmente, o monarca teve de banir o conde. Durante as Festas de Natal daquele ano, realizou-se com grande solenidade e na presença de todos os nobres a consagração do coro da igreja abacial de Westminster, em 28 de dezembro de 1065. São Eduardo já estava muito doente e não pôde assistir à cerimônia; Deus o chamou a Si uma semana depois. Seu corpo foi sepultado na abadia.


A canonização de São Eduardo ocorreu em 1161. Dois anos depois, seu corpo, que se conservava incorrupto, foi trasladado por São Tomás Becket para uma capela do coro da abadia, em 13 de outubro, data em que atualmente se celebra sua Festa. O Martirológio Romano menciona também o santo em 5 de janeiro, aniversário de sua morte. No século XIII, o corpo de São Eduardo foi transferido para uma capela situada atrás do altar-mor, onde repousa até hoje; suas relíquias são as únicas que permaneceram em seu lugar (excetuando-se as de um santo desconhecido chamado Wite, conservadas em Whitchurch, Dorsetshire), depois da tempestade de impiedade desencadeada por Henrique VIII e seus sucessores. A São Eduardo foi atribuído pela primeira vez o poder de curar o “mal dos reis” (a escrófula); seus sucessores também exerceram esse poder, aparentemente com sucesso. Alban Butler afirma que, “desde a revolução de 1688, somente a rainha Ana teve esse poder”; mas o cardeal Henrique Stuart (que era de iure Henrique IX e morreu em 1807) também o exerceu. [a] São Eduardo é o principal padroeiro da cidade de Westminster e padroeiro secundário da arquidiocese; sua Festa é celebrada não só na Inglaterra, mas em toda a Igreja do Ocidente desde 1689.


H. R. Luard publicou em 1858, na série Rolls Series, uma coleção de biografias de São Eduardo. Essa coleção inclui, além de um poema franco-normando e um poema latino de data tardia, a obra anônima intitulada Vita Aeduardi Regis, escrita, segundo se acredita, pouco depois da morte do santo. Osberto de Clare escreveu outra biografia por volta de 1141; foi editada na Analecta Bollandiana (vol. XLI, 1923, pp. 5-31) por M. Bloch, que expõe longamente sua opinião de que a biografia anônima não é anterior ao século XII e deve ter sido escrita entre os anos 1103 e 1120. Sobre esse ponto, veja-se H. Thurston, em The Month, maio de 1923, pp. 448-451; e R. W. Southern, em Eng. Hist. Rev., vol. LVIII (1943), pp. 385 e seguintes. Existe outra biografia, que é uma adaptação da de Osberto, feita por São Etelredo; foi frequentemente editada entre as obras desse santo. Além disso, há uma boa quantidade de notícias biográficas na Crônica Anglo-Saxônica e nas obras de Guilherme de Malmesbury e Henrique de Huntingdon. É desnecessário dizer que os historiadores modernos estudaram a fundo o reinado de São Eduardo, por quem geralmente não nutrem grande simpatia; veja-se, sobretudo, E. A. Freeman, Norman Conquest, vol. II. Quanto à relação de São Eduardo com Westminster, veja-se Fleete, History of Westminster Abbey, editada por Armitage Robinson (1909). No que diz respeito à fama de São Eduardo como legislador, F. Liebermann demonstrou em Gesetze der Angelsachsen que o chamado “Código de São Eduardo” foi redigido cinquenta anos após a conquista normanda e não se baseia em nenhuma das leis atribuídas a ele. Sobre o poder de curar o mal dos reis, cf. M. Bloch, Les rois thaumaturges (1924). [1]



SANTOS FAUSTO, JANUÁRIO e MARCIAL, MÁRTIRES (c. 304 p.C.)


O martírio de São Fausto, São Januário e São Marcial.
O martírio de São Fausto, São Januário e São Marcial.

Prudêncio chama estes santos de “as três Coroas de Córdoba”. Seu martírio ocorreu naquela cidade da Andaluzia. Primeiro Fausto, depois Januário e, finalmente, Marcial, que era o mais jovem, foram atormentados no cadafalso. O juiz ordenou aos carrascos que intensificassem gradualmente a tortura até que os mártires se decidissem a oferecer sacrifícios aos deuses. Fausto exclamou:


Só há um Deus, que é nosso Criador!”

O juiz mandou cortar-lhe o nariz, as orelhas, as pálpebras e o lábio inferior. À medida que essas partes eram cortadas, o mártir entoava um hino de ação de graças. Januário não teve melhor sorte que seu companheiro e, enquanto isso, Marcial presenciava com grande constância o horrível espetáculo, estendido no cadafalso. O juiz exortou-o a obedecer ao édito imperial; mas Marcial respondeu resolutamente:


“Jesus Cristo é meu único consolo. Só há um Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, a quem sejam dados todo o honra e toda a glória.”

Os três mártires foram condenados a morrer queimados vivos e ofereceram jubilosa e voluntariamente suas vidas em Córdoba, Espanha.


Como em tantos outros casos, embora os atos careçam de valor histórico, é indubitável o fato do martírio de três cristãos em Córdoba. Seus nomes se perpetuaram graças a certas inscrições dos séculos V ou VI e à menção que deles faz o Hieronymianum; cf. CMH., pp. 530, 544. Os atos podem ser consultados na obra de Ruinart e em Acta Sanctorum, out., vol. VL. [2]



Referência:


  1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 4, pp. 104-107.

  2. Ibid. p. 107.


Notas: a. O chamado “poder de curar o mal dos reis” — uma forma de tuberculose conhecida como escrófula — teve origem com São Eduardo, o Confessor, a quem Deus teria concedido esse dom verdadeiro de cura. Com o passar dos séculos, os monarcas ingleses continuaram o costume do “toque real”, mesmo após a ruptura com Roma, transformando-o em simples rito político. Assim, quando Alban Butler afirma que “desde a Revolução de 1688 apenas a rainha Ana teve esse poder”, trata-se apenas da continuação simbólica da prática, e não de um milagre autêntico, já que os soberanos posteriores não viviam na fé católica nem em estado de graça.



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