Vida de São Alúcio e São Teodoro, Mártir (23 de outubro)
- Sacra Traditio

- 23 de out.
- 3 min de leitura

Juliano, o Apóstata, nomeou prefeito de Antioquia, a capital imperial, seu tio Juliano, que havia apostatado como ele. Assim que este soube que havia uma grande quantidade de ouro e prata em uma igreja da cidade, mandou recolher tudo. Os clérigos fugiram, mas Teodoreto, que era um sacerdote muito zeloso, recusou-se a abandonar seus fiéis e continuou a reunir-se com eles para a celebração dos divinos mistérios. O prefeito da cidade ordenou-lhe que entregasse os vasos sagrados, e como ele se negasse, Juliano o acusou de ter derrubado as estátuas dos deuses e construído igrejas cristãs durante o governo de seu predecessor. Teodoreto confessou que havia edificado várias igrejas sobre os túmulos dos mártires e lançou em rosto ao prefeito a sua apostasia. Juliano mandou torturá-lo, mas um anjo impediu os verdugos de lhe causarem dano. Então, Juliano, cego de cólera, ordenou aos algozes que o afogassem. Teodoreto lhes disse serenamente: “Ide na frente; eu vos seguirei para humilhar o Inimigo.” O prefeito perguntou-lhe quem era “o Inimigo”. O mártir respondeu: “É o demônio, por cuja causa combates. Jesus Cristo, o Salvador do mundo, é quem nos dá a vitória.”
Em seguida, o santo explicou ao perseguidor, com certo detalhe, os mistérios da Encarnação e da Redenção. Juliano ameaçou matá-lo ali mesmo, e Teodoreto profetizou que ele morreria em breve de forma terrível. Juliano o condenou à decapitação, e a sentença foi executada. Logo depois, Juliano apoderou-se dos vasos sagrados, lançou-os ao chão e os profanou vilmente. Quando comunicou os acontecimentos a seu sobrinho, o imperador, este respondeu-lhe que não tinha direito de condenar cristãos à morte por causa de sua religião, e afirmou que o assassinato de Teodoreto apenas daria aos discípulos do Galileu motivo para se queixarem do imperador e honrarem um novo mártir. Juliano, que não esperava tal resposta de seu sobrinho, ficou abatido. Nessa mesma noite, caiu gravemente enfermo e morreu tristemente após mais de quarenta dias de agonia.
Embora Ruinart inclua o relato desse martírio entre seus Acta Sincera, não é preciso aceitar todos os detalhes milagrosos que nele se narram. Em Acta Sanctorum, X, encontra-se o texto das atas e um comentário. O Pe. Franchi de Cavalieri descobriu uma versão mais antiga dessas atas (Note Agiografiche, vol. V, pp. 59–101). São Jerônimo e o Martirológio Romano chamam Teodoro ao nosso mártir; ao que parece, o identificam com um jovem de nome Teodoro, torturado em Antioquia no tempo de Juliano, o Apóstata, o qual censurou por isso o prefeito Salústio (Rufino, Hist. Eccl., lib. XI). Há muitas provas de que esse Teodoro foi muito venerado em Antioquia, pois escapou milagrosamente da morte. 1

São Alúcio, Padroeiro de Pescia, na Toscana, era pastor. Devido ao grande interesse que demonstrou pelo hospital de Val di Nievole, foi nomeado seu diretor e é considerado seu segundo fundador. Mais tarde, Alúcio dedicou-se a fundar albergues nos portos e nas passagens perigosas das montanhas, além de realizar outras obras de beneficência pública, como a construção de uma ponte sobre o rio Arno. Os jovens que ele formou para o serviço nos hospitais receberam o nome de irmãos de São Alúcio.
Contam-se muitos milagres do santo, e a ele é atribuída a reconciliação entre as cidades inimigas de Ravena e Faenza. Em 1182, quarenta e oito anos após a morte de São Alúcio, suas relíquias foram trasladadas para o hospital de Val di Nievole, que passou a receber seu nome. O culto do santo foi confirmado por Pio IX, que concedeu uma Missa própria para o dia de sua Festa.
Existem muitos documentos que provam a existência do culto de São Alúcio; um deles é um documento legal que resume os principais acontecimentos de sua vida. Veja-se Acta Sanctorum, outubro, vol. X; e DHG., vol. II, col. 627, bem como uma biografia popular escrita por D. Biagioti (1934). 2
Referência:
1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 4, pp. 182-183.
2. Ibid. pp. 188-189.


























Comentários