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Vida de Santo Inácio de Loyola e São Neoto (31 de julho)


SANTO INÁCIO DE LOYOLA, FUNDADOR DA COMPANHIA DE JESUS (1556 d.C.)


SANTO INÁCIO DE LOYOLA

Santo Inácio nasceu, provavelmente, em 1491, no castelo de Loiola, em Azpeitia, povoado de Guipúscoa, perto dos Pireneus. Seu pai, dom Beltrão, era senhor de Oñaz e de Loiola, chefe de uma das famílias mais antigas e nobres da região. E não era menos ilustre a linhagem de sua mãe, dona Marina Sáenz de Licona y Balda. Iñigo (pois esse foi o nome que o santo recebeu no batismo) era o mais jovem dos oito filhos e três filhas do casal nobre. Iñigo lutou contra os franceses no norte de Castela. Mas sua breve carreira militar terminou abruptamente no dia 20 de maio de 1521, quando uma bala de canhão lhe quebrou a perna, durante a luta na defesa do castelo de Pamplona. Depois de ferido Iñigo, a guarnição espanhola capitulou.


Os franceses não abusaram da vitória e enviaram o ferido em liteira ao castelo de Loyola. Como os ossos da perna se uniram mal, os médicos julgaram necessário quebrá-los novamente. Iñigo suportou estoicamente a bárbara operação, mas, como consequência, teve uma forte febre com certas complicações, de modo que os médicos pensaram que o enfermo morreria antes do amanhecer da festa de São Pedro e São Paulo. No entanto, Iñigo sobreviveu e começou a melhorar, embora a convalescença tenha durado vários meses. Apesar da operação, o joelho quebrado ainda apresentava uma deformidade. Iñigo insistiu para que os cirurgiões cortassem a protuberância e, mesmo tendo sido advertido de que a operação seria muito dolorosa, não quis que o amarrassem nem o segurassem e suportou a impiedosa carnificina sem uma queixa. Para evitar que a perna direita se encurtasse demais, Iñigo permaneceu vários dias com ela esticada por meio de alguns pesos. Com tais métodos, nada mais natural do que ter ficado coxo para o resto da vida.


Com o objetivo de se distrair durante a convalescença, Iñigo pediu alguns livros de cavalaria, pelos quais sempre fora muito afeiçoado. Mas a única coisa que se encontrou no castelo de Loyola foi uma história de Cristo e um volume com vidas de santos. Iñigo começou a lê-los para passar o tempo, mas pouco a pouco foi se interessando tanto que passava dias inteiros dedicado à leitura. E dizia para si: “Se esses homens foram feitos do mesmo barro que eu, também posso fazer o que eles fizeram”. Inflamado pelo fervor, propunha-se ir em peregrinação a um santuário de Nossa Senhora e entrar como irmão leigo num convento de cartuxos. Mas tais ideias eram intermitentes, pois sua ânsia de glória e seu amor por uma dama ainda ocupavam seus pensamentos. Contudo, ao voltar a abrir o livro das vidas dos santos, compreendia a futilidade da glória mundana e percebia que só Deus podia satisfazer seu coração. As flutuações duraram algum tempo. Isso permitiu a Iñigo observar uma diferença: enquanto os pensamentos que vinham de Deus o deixavam cheio de consolo, paz e tranquilidade, os pensamentos mundanos lhe davam certo deleite, mas não deixavam senão amargura e vazio. Finalmente, Iñigo resolveu imitar os santos e começou por fazer toda a penitência corporal possível e chorar seus pecados.


SANTO INÁCIO DE LOYOLA

Certa noite, apareceu-lhe a Mãe de Deus, rodeada de luz e com o Filho nos braços. A visão consolou profundamente Inácio. Ao terminar a convalescença, fez uma peregrinação ao santuário de Nossa Senhora de Montserrat, onde decidiu levar uma vida penitente. O povoado de Manresa fica a três léguas de Montserrat. Inácio hospedou-se ali, ora no convento dos dominicanos, ora num hospício de pobres. Para rezar e fazer penitência, retirava-se a uma caverna dos arredores. Assim viveu por quase um ano, mas às consolações dos primeiros tempos seguiu-se um período de aridez espiritual; nem a oração, nem a penitência conseguiam afastar a sensação de vazio que encontrava nos sacramentos e a tristeza que o abatia. A isso somava-se uma violenta tempestade de escrúpulos que o faziam crer que tudo era pecado e o levaram à beira do desespero. Nessa época, Inácio começou a anotar algumas experiências que lhe serviriam para o livro dos “Exercícios Espirituais”. Finalmente, o santo saiu daquela noite escura e a mais profunda alegria espiritual sucedeu à tristeza. Aquela experiência deu a Inácio uma habilidade singular para ajudar os escrupulosos e um grande discernimento em matéria de direção espiritual. Mais tarde, confessou ao Pe. Laínez que, em uma hora de oração em Manresa, havia aprendido mais do que todos os mestres das universidades poderiam ter-lhe ensinado. Contudo, no início de sua conversão, Inácio era tão ignorante que, ao ouvir um mouro blasfemar contra a Santíssima Virgem, perguntou-se se seu dever de cavaleiro cristão não consistia em matar o blasfemo, e só a intervenção da Providência o livrou de cometer esse crime.


Em fevereiro de 1523, Inácio partiu em peregrinação à Terra Santa. Pediu esmola no caminho, embarcou em Barcelona, passou a Páscoa em Roma, tomou outro navio em Veneza rumo ao Chipre e dali foi a Jope. Do porto, montado em mula, dirigiu-se a Jerusalém, onde tinha o firme propósito de estabelecer-se. Mas, ao fim de sua peregrinação pelos Lugares Santos, o franciscano encarregado de guardá-los ordenou-lhe que deixasse a Palestina, temeroso de que os maometanos, enfurecidos pelo proselitismo de Inácio, o raptassem e pedissem resgate por ele. Portanto, o jovem renunciou ao projeto e obedeceu, embora não tivesse a menor ideia do que faria ao regressar à Europa.


Em 1524, chegou novamente à Espanha, onde se dedicou aos estudos, pois “pensava que isso lhe serviria para ajudar as almas”. Uma piedosa senhora de Barcelona, chamada Isabel Roser, o ajudou enquanto estudava gramática latina na escola. Inácio tinha então trinta e três anos, e não é difícil imaginar quão penoso deve ser estudar gramática nessa idade. No começo, Inácio estava tão absorto em Deus, que esquecia tudo o mais; assim, a conjugação do verbo latino “amare” tornava-se um simples pretexto para pensar: “Amo a Deus. Deus me ama”. No entanto, o santo fez certos progressos nos estudos, embora continuasse a praticar austeridades, a dedicar-se à contemplação e a suportar com paciência e bom humor as zombarias dos colegas, que eram muito mais jovens do que ele.


Após dois anos de estudos em Barcelona, passou à Universidade de Alcalá para estudar lógica, física e teologia; mas a multiplicidade de matérias só fez confundi-lo, apesar de estudar noite e dia. Alojava-se num hospício, vivia de esmolas e vestia um áspero hábito cinzento. Além de estudar, instruía crianças, organizava reuniões de pessoas espirituais no hospício e convertia numerosos pecadores com suas repreensões cheias de mansidão.


Naquela época, havia na Espanha muitos desvios na devoção. Como Inácio carecia de ciência e autoridade para ensinar, foi acusado ao vigário geral do bispo, que o manteve preso por quarenta e dois dias, até que, finalmente, absolveu Inácio e seus companheiros de toda culpa, mas lhes proibiu usar um hábito particular e ensinar durante os três anos seguintes. Inácio mudou-se então com seus companheiros para Salamanca. Mas logo foi novamente acusado de introduzir doutrinas perigosas. Após três semanas de prisão, os inquisidores o declararam inocente. Inácio considerava a prisão, os sofrimentos e a ignomínia como provas que Deus lhe enviava para purificá-lo e santificá-lo. Ao recuperar a liberdade, resolveu deixar a Espanha. Em pleno inverno, fez a viagem a Paris, aonde chegou em fevereiro de 1528.


Os dois primeiros anos dedicou-os ao aperfeiçoamento do latim, por conta própria. Durante o verão, ia à Flandres e até à Inglaterra pedir esmolas aos comerciantes espanhóis estabelecidos nessas regiões. Com essa ajuda e a de seus amigos de Barcelona, podia estudar durante o ano. Passou três anos e meio no Colégio de Santa Bárbara, dedicado à filosofia. Ali induziu muitos de seus companheiros a consagrarem os domingos e dias festivos à oração e a praticarem com maior fervor a vida cristã. Mas o mestre Peña julgou que tais pregações impediam os companheiros de estudar e predispôs contra Inácio o doutor Guvea, reitor do colégio, que condenou Inácio a ser açoitado para desmoralizá-lo diante dos colegas. Inácio não temia o sofrimento nem a humilhação, mas, considerando que o castigo ignominioso poderia afastar do bem aqueles que havia conquistado, foi ver o reitor e lhe expôs modestamente as razões de sua conduta. Guvea não respondeu, mas tomou Inácio pela mão, conduziu-o à sala onde se achavam reunidos todos os alunos e lhe pediu publicamente perdão por ter dado ouvidos, levianamente, a falsos rumores. Em 1534, aos quarenta e três anos de idade, Inácio obteve o título de mestre em artes da Universidade de Paris.


Por essa época, uniram-se a Inácio outros seis estudantes de teologia: Pedro Fabro, que era saboiano; Francisco Xavier, navarro; Laínez e Salmerón, que brilhavam nos estudos; Simão Rodrigues, natural de Portugal, e Nicolau Bobadilla. Movidos pelas exortações de Inácio, esses fervorosos estudantes fizeram voto de pobreza, castidade e de pregar o Evangelho na Palestina, ou, se isso fosse impossível, de se oferecerem ao Papa para que os empregasse no serviço de Deus como melhor julgasse. A cerimônia teve lugar numa capela de Montmartre, onde todos comungaram das mãos de Pedro Fabro, que acabava de ser ordenado sacerdote. Era o dia da Assunção da Virgem de 1534. Inácio manteve entre os companheiros o fervor, por meio de frequentes conversas espirituais e da adoção de uma simples regra de vida. Pouco depois, teve que interromper os estudos de teologia, pois o médico lhe ordenou que fosse respirar o ar natal, já que sua saúde deixava muito a desejar. Inácio partiu de Paris na primavera de 1535. Sua família o recebeu com grande alegria, mas o santo recusou-se a habitar o castelo de Loyola e hospedou-se numa pobre casa de Azpeitia.


SANTO INÁCIO DE LOYOLA

Dois anos mais tarde, reuniu-se com seus companheiros em Veneza. Mas a guerra entre venezianos e turcos lhes impediu de embarcar para a Palestina. Os companheiros de Inácio, que já eram dez, se transferiram para Roma; Paulo III os recebeu muito bem e concedeu aos que ainda não eram sacerdotes o privilégio de receber as ordens sagradas das mãos de qualquer bispo. Após a ordenação, retiraram-se para uma casa nas cercanias de Veneza, a fim de se prepararem para os ministérios apostólicos. Os novos sacerdotes celebraram a primeira missa entre setembro e outubro, exceto Inácio, que a adiou por mais de um ano com o objetivo de se preparar melhor para ela. Como não havia nenhuma probabilidade de que pudessem se trasladar à Terra Santa, ficou decidido finalmente que Inácio, Fabro e Laínez iriam a Roma oferecer seus serviços ao Papa. Também resolveram que, se alguém lhes perguntasse o nome de sua associação, responderiam que pertenciam à Companhia de Jesus,* porque estavam decididos a lutar contra o vício e o erro sob o estandarte de Cristo. Durante a viagem a Roma, enquanto orava na capela de “La Storta”, o Senhor apareceu a Inácio, rodeado por um halo de luz inefável, mas carregando uma pesada cruz. Cristo lhe disse: Ego vobis Romae propitius ero (Serei propício a vós em Roma). Paulo III nomeou Fabro professor na Universidade da Sapienza e confiou a Laínez o cargo de explicar a Sagrada Escritura. Por sua parte, Inácio dedicou-se a pregar os Exercícios e a catequizar o povo. O restante de seus companheiros trabalhava de forma semelhante, embora nenhum deles ainda dominasse o italiano.


Inácio e seus companheiros decidiram formar uma congregação religiosa para perpetuar sua obra. Aos votos de pobreza e castidade devia-se acrescentar o de obediência para imitar mais de perto o Filho de Deus, que se fez obediente até a morte. Além disso, era necessário nomear um superior geral a quem todos obedeceriam, o qual exerceria o cargo por toda a vida e com autoridade absoluta, sujeito em tudo à Santa Sé. Aos três votos acima mencionados, se agregaria o de ir trabalhar pelo bem das almas onde quer que o Papa o ordenasse. A obrigação de cantar em comum o ofício divino não existiria na nova ordem, “para que isso não distraia das obras de caridade às quais nos consagramos”. A primeira dessas obras de caridade consistiria em “ensinar às crianças e a todos os homens os mandamentos de Deus”. A comissão de cardeais que o Papa nomeou para estudar o assunto se mostrou contrária a princípio, com a ideia de que já havia na Igreja bastantes ordens religiosas, mas um ano mais tarde mudou de opinião, e Paulo III aprovou a Companhia de Jesus por uma bula emitida em 27 de setembro de 1540. Inácio foi eleito primeiro geral da nova ordem, e seu confessor lhe impôs, por obediência, que aceitasse o cargo. Começou a exercê-lo no dia de Páscoa de 1541 e, alguns dias mais tarde, todos os membros fizeram os votos na basílica de São Paulo Extramuros.


Inácio passou o resto de sua vida em Roma, consagrado à colossal tarefa de dirigir a ordem que havia fundado. Entre outras coisas, fundou uma casa para alojar os neófitos judeus durante o período da catequese e outra casa para mulheres arrependidas. Em certa ocasião, alguém lhe observou que a conversão de tais pecadoras raramente é sincera, ao que Inácio respondeu: “Estaria eu disposto a sofrer qualquer coisa pela alegria de evitar um só pecado”. Rodríguez e Francisco Xavier haviam partido para Portugal em 1540. Com a ajuda do rei João III, Xavier se transferiu para a Índia, onde começou a conquistar um novo mundo para Cristo. Os padres Gonçalves e João Nunes Barreto foram enviados ao Marrocos para instruir e assistir os escravos cristãos. Outros quatro missionários partiram para o Congo; alguns mais foram à Etiópia e às colônias portuguesas da América do Sul. O Papa Paulo III nomeou como seus teólogos, no Concílio de Trento, os padres Laínez e Salmerón. Antes da partida, Santo Inácio lhes ordenou que visitassem os enfermos e os pobres e que, nas disputas, se mostrassem modestos e humildes, abstendo-se de ostentar presunçosamente sua ciência e de discutir demais. Mas, sem dúvida, entre os primeiros discípulos de Inácio, o que se tornou mais famoso na Europa, por seu saber e virtude, foi São Pedro Canísio, a quem a Igreja venera atualmente como Doutor. Em 1550, São Francisco de Borja doou uma soma considerável para a construção do Colégio Romano. Santo Inácio fez daquele colégio o modelo de todos os outros da sua ordem e se preocupou em dar-lhe os melhores mestres e facilitar ao máximo o progresso da ciência. O santo dirigiu também a fundação do Colégio Germânico de Roma, no qual se preparavam os sacerdotes que iriam trabalhar nos países invadidos pelo protestantismo. Em vida do santo, fundaram-se universidades, seminários e colégios em diversas nações. Pode-se dizer que Santo Inácio lançou os fundamentos da obra educativa que havia de distinguir a Companhia de Jesus e que tanto se desenvolveria com o tempo.


SANTO INÁCIO DE LOYOLA

Em 1542, desembarcaram na Irlanda os dois primeiros missionários jesuítas, mas a tentativa fracassou. Inácio ordenou que se fizessem orações pela conversão da Inglaterra, e entre os mártires da Grã-Bretanha contam-se vinte e nove jesuítas. A atividade da Companhia de Jesus na Inglaterra é um bom exemplo do importantíssimo papel que desempenhou na Contrarreforma. Esse movimento tinha o duplo fim de dar novo vigor à vida da Igreja e de se opor ao protestantismo. “A Companhia de Jesus era exatamente o que se necessitava no século XVI para contrabalançar a "Reforma". A revolução e a desordem eram as características da "Reforma". A Companhia de Jesus tinha por características a obediência e a mais sólida coesão. Pode-se afirmar, sem pecar contra a verdade histórica, que os jesuítas atacaram, rechaçaram e derrotaram a revolução de Lutero e, com sua pregação e direção espiritual, reconquistaram as almas, porque pregavam somente a Cristo e a Cristo crucificado. Tal era a mensagem da Companhia de Jesus, e com ela, mereceu e obteve a confiança e a obediência das almas” (cardeal Manning). A este propósito citaremos as instruções que Santo Inácio deu aos padres que iam fundar um colégio em Ingolstadt, acerca de suas relações com os protestantes: “Tende grande cuidado em pregar a verdade de tal modo que, se acaso houver entre os ouvintes algum herege, isso lhe sirva de exemplo de caridade e moderação cristãs. Não useis palavras duras nem mostreis desprezo por seus erros”. O santo escreveu no mesmo tom aos padres Broet e Salmerón quando se preparavam para partir para a Irlanda.


Uma das obras mais famosas e fecundas de Inácio foi o livro dos “Exercícios Espirituais”. Começou a escrevê-lo em Manresa e o publicou pela primeira vez em Roma, em 1548, com a aprovação do Papa. Os Exercícios se ajustam perfeitamente à tradição de santidade da Igreja. Desde os primeiros tempos, houve cristãos que se retiraram do mundo para servir a Deus, e a prática da meditação é tão antiga quanto a Igreja. O novo no livro de Santo Inácio é a ordem e o sistema das meditações. Ainda que as principais regras e conselhos que o santo dá se encontrem disseminados nas obras dos Padres da Igreja, Santo Inácio teve o mérito de ordená-los metodicamente e formulá-los com perfeita clareza. O fim específico dos Exercícios é levar o homem a um estado de serenidade e desapego terreno para que possa escolher “sem se deixar levar pelo prazer ou pela repugnância, seja acerca do rumo geral de sua vida, seja acerca de um assunto particular. Assim, o princípio que guia a escolha é unicamente a consideração do que mais conduz à glória de Deus e à perfeição da alma”. Como diz Pio XI, o método inaciano de oração “guia o homem pelo caminho da própria abnegação e do domínio dos maus hábitos às mais altas cumeadas da contemplação e do amor divino”.


A prudência e caridade no governo de Santo Inácio conquistaram-lhe o coração de seus súditos. Era com eles afetuoso como um pai, especialmente com os enfermos, aos quais procurava assistir pessoalmente, proporcionando-lhes o maior bem-estar material e espiritual possível. Embora Santo Inácio fosse superior, sabia escutar com mansidão os seus subordinados, sem por isso perder nada de sua autoridade. Nas coisas em que não via com clareza, submetia-se humildemente ao juízo de outros. Era grande inimigo do uso de superlativos e de afirmações demasiado categóricas na conversa. Sabia suportar com alegria as críticas, mas também sabia repreender seus súditos quando via que era necessário. Em particular, repreendia aqueles que o estudo tornava orgulhosos e tíbios no serviço de Deus, mas fomentava, por outro lado, o estudo e desejava que os professores, pregadores e missionários fossem homens de grande ciência. A coroa das virtudes de Santo Inácio era seu grande amor a Deus. Com frequência repetia estas palavras, que são o lema de sua ordem: “Para a maior glória de Deus”. A esse fim referia o santo todas as suas ações e toda a atividade da Companhia de Jesus. Dizia também frequentemente: “Senhor, que posso desejar fora de Ti?” Quem ama verdadeiramente nunca está ocioso. Santo Inácio colocava sua felicidade em trabalhar por Deus e sofrer por sua causa. Talvez se tenha exagerado algumas vezes o “espírito militar” de Inácio e da Companhia de Jesus, esquecendo-se a simpatia e o dom de amizade do santo, ao admirar-se sua energia e espírito de empreendimento.


Durante os quinze anos que durou o governo de Santo Inácio, a ordem aumentou de dez para mil membros e se estendeu por nove países europeus, na Índia e no Brasil. Como nesses quinze anos o santo havia estado doente “quinze vezes”, ninguém se alarmou quando adoeceu mais uma vez. Morreu subitamente em 31 de julho de 1556, sem sequer ter tido tempo de receber os últimos sacramentos. Foi canonizado em 1622, e Pio XI proclamou-o patrono dos exercícios espirituais e retiros.


SANTO INÁCIO DE LOYOLA

O amor de Deus era a fonte do entusiasmo de Inácio pela salvação das almas, pelas quais empreendeu tantas e tão grandes obras e às quais consagrou suas vigílias, orações, lágrimas e trabalhos. Fez-se tudo para todos, para ganhar a todos, e oferecia-se ao próximo em sua própria humanidade, a fim de atraí-lo à de Deus. Recebia com extraordinária bondade os pecadores sinceramente arrependidos; com frequência impunha a si mesmo uma parte da penitência que deveria impor a eles, e os exortava a oferecer-se em perfeito holocausto a Deus, dizendo-lhes que é impossível imaginar os tesouros de graça que Deus reserva àqueles que se entregam de todo coração. O santo propunha aos pecadores esta oração, que ele costumava repetir: Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade, a minha memória, o meu entendimento e toda a minha vontade. Tudo o que tenho e possuo, Vós me destes; a Vós, Senhor, o torno. Disponde de tudo conforme a Vossa vontade. Dai-me somente o Vosso amor e Vossa graça, que isto me basta, sem Vos pedir outra coisa.


A publicação dos Monumenta Historica Societatis Jesu colocou ao alcance do público uma imensa quantidade de documentos. Aí se pode ver praticamente tudo o que possa lançar alguma luz sobre a vida do fundador da ordem. Particularmente importantes são os doze volumes de sua correspondência, tanto privada quanto oficial, e os memoriais de caráter pessoal que foram descobertos. Entre estes, destaca-se o relato de sua juventude, que Santo Inácio ditou em seus últimos anos, cedendo aos pedidos de seus filhos, apesar da repugnância que isso lhe causava. Nos Acta Sanctorum, julho, vol. VI, há uma tradução latina dessa “autobiografia”. Nos Monumenta estão os originais em espanhol e italiano. Existem também traduções em inglês, francês, alemão e outros idiomas. A publicação dos Monumenta tornou inúteis as biografias de Orlandini, Maffei, Bartoli, Genelli, etc. A do Pe. de Ribadeneira conserva seu valor, já que se trata da apreciação pessoal de alguém que esteve em contato íntimo com o santo. O volume I da História da Companhia de Jesus na Assistência da Espanha (1902), do Pe. Astráin, é praticamente a história da carreira e atividades do fundador. O Pe. Astráin publicou, além disso, um valioso resumo biográfico, traduzido para o inglês pelo Pe. R. Hull. As biografias do Pe. H. J. Pollen (1922) e de Christopher Hollis (1931), muito diferentes entre si, são excelentes. O Pe. de Grandmaison publicou uma admirável biografia em francês (1930). Entre as obras recentes, há que se mencionar os estudos do Pe. Leturia sobre a conversão de Santo Inácio, Íñigo de Loyola; Pinard de la Boullaye, Saint Ignace de Loyola, directeur d’âmes (1947); a biografia do Pe. Dudon; e uma nova edição da biografia escrita pelo poeta Francis Thompson. A obra do Pe. J. Brodrick, Origin of the Jesuits (1940), é esplêndida, embora não se trate propriamente de uma biografia. O autor afirma, referindo-se às biografias escritas por H. D. Sedgwick (1923) e P. van Duke (1926): “Essas duas obras são, de longe, as melhores biografias de Santo Inácio que os protestantes escreveram até hoje; do ponto de vista histórico, são muito superiores a muitas biografias católicas”. [1]


SÃO NEOTO (Data desconhecida)


SÃO NEOTO

Segundo as lendas medievais, São Neoto foi um monge do século IX que recebeu as sagradas ordens em Glastonbury. Desejoso de maior solidão, trasladou-se para o oeste do país e estabeleceu-se na Cornualha, num lugar que atualmente leva seu nome. Lá o visitou o rei Alfredo, que muito apreciava seu dom de conselho. Alguns autores afirmam que era parente do referido monarca. “A Crônica do Santuário de São Neoto” narra a lenda de Alfredo e os bolos queimados. O santo fez uma peregrinação a Roma. Graças à sua intercessão, o rei Alfredo venceu os dinamarqueses. Depois de sua morte, Neoto apareceu ao guardião de seu santuário na Cornualha e mandou-lhe que trasladasse suas relíquias a um lugar determinado. Assim foi feito, e os restos foram parar num mosteiro situado na atual Saint Neot de Huntingdonshire.


Este é apenas um resumo da vida do santo. Existem muitas variantes e acréscimos sobre os milagres de São Neoto e outros episódios de sua vida, nas duas biografias latinas e na homilia inglesa que se conservam. As austeridades que lhe são atribuídas são semelhantes às de outros santos celtas. Por exemplo, diz-se que rezava os salmos mergulhado numa tina com água gelada. Alguns historiadores notaram que a vida de São Neoto é uma coleção dos traços mais característicos da hagiografia celta. As duas biografias latinas carecem de valor histórico e, na realidade, nada sabemos com certeza sobre São Neoto. Não sem certa razão, disse-se que existiram dois personagens com o mesmo nome: o santo da Cornualha (Neot) e o santo de Huntingdon.


Parece impossível desfazer as contradições e confusões que abundam nas duas biografias de São Neoto. A tentativa mais bem-sucedida feita até agora é a de G. H. Doble, St Neot (1929); em seu trabalho, foi auxiliado por outro especialista, C. Henderson. Os textos podem ser encontrados nos Acta Sanctorum, julho, vol. VI; e em G. C. Gorham, History of Eynesbury and Saint Neot (1820). Cf. LBS., vol. IV, pp. 4 ss. [2]


Referência:


  1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 3, pp. 222–228.

  2. Ibid. pp. 228-229.


NOTA:

São Inácio jamais empregou o nome de “jesuíta”. Originalmente, este foi um apelido mais hostil que se deu aos membros da Companhia de Jesus.


REZE O ROSÁRIO DIARIAMENTE!


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“O ROSÁRIO
é a ARMA
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- Padre Pio

 

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a degradar,

a sociedade

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que veste.

- Papa Pio XII

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A castidade
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aos anjos.

- São Gregório de Nissa

 

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São Domingos

O sofrimento de Jesus na Cruz nos ensina a suportar com paciência
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e a meditação sobre Ele é o alimento da alma.

- Santo Afonso MARIA
de Ligório

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