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Vida de Santa Verônica e São João Gualberto (12 de julho)


SANTA VERÔNICA (Século I)


SANTA VERÔNICA (Século I)

Poucas lendas cristãs são tão conhecidas e estimadas como a de Santa Verônica. Nela se diz que Verônica compadecidamente limpou o rosto de Jesus, quando o Senhor caiu sob o peso da cruz em sua caminhada até o Calvário. A popularidade da lenda não causa estranheza, já que toca uma fibra muito íntima do coração dos cristãos. Por outro lado, a versão da lenda que afirma que Verônica era esposa de um oficial romano constitui um exemplo comovente de desprezo pelo respeito humano. No entanto, é necessário reconhecer que, embora a lenda seja muito antiga, ela se baseia numa tradição bastante vaga. Ademais, Verônica foi identificada com diversos personagens. As origens da lenda estão mais ligadas à imagem milagrosa do rosto de Cristo num pano do que propriamente aos motivos de amor e caridade de Verônica.


Segundo uma das versões mais populares no Ocidente, Verônica mudou-se para Roma após a morte de Cristo e curou o imperador Tibério com a preciosa relíquia; ao morrer, a santa teria legado o pano ao Papa São Clemente. Uma versão francesa da lenda identificava Verônica com a esposa de Zaqueu (Lc 19, 2–10); quando este abraçou a vida eremítica (com o nome de Amador ou Rocamadour), Verônica foi evangelizar o sul da França. Outras versões a identificam com Marta, com a filha da cananeia (Mt 15, 22–28), com uma princesa de Edessa e com a esposa de um oficial romano da Gália. A versão mais antiga encontra-se num suplemento latino dos “Atos de Pilatos” ou “Evangelho de Nicodemos”. O documento data do século IV ou V, mas o suplemento é posterior. O nome latino do suplemento é Cura Sanitatis Tiberii (“A Cura de Tibério”); nele, Verônica é identificada com a mulher que sofria de um fluxo de sangue (Mt 9, 20–22). A mesma identidade lhe é atribuída em outros documentos.


Também se especulou muito sobre a origem do nome Verônica. Por exemplo, afirmou-se que a imagem do pano de Verônica era conhecida como vera icon (“imagem verdadeira”), e que, por isso, a santa teria recebido o nome de Verônica. Por outro lado, no Oriente, a mulher que sofria hemorragias era chamada de “Berenice”, isto é, “Vitoriosa”, antes mesmo de ser relacionada à imagem milagrosa. Em sua polêmica Contra Celso, do início do século III, Orígenes afirma que os valentinianos chamavam a hemorroíssa de “Prounike” e a consideravam um dos protótipos da sabedoria; segundo o próprio autor, Celso confundiu a enferma com uma virgem cristã.


Nenhum dos martirológios mais antigos menciona Santa Verônica, e tampouco ela é atualmente comemorada pelo Martirológio Romano. São Carlos Borromeu suprimiu sua festa e seu ofício na diocese de Milão. No início do século XV, quando começou a se introduzir a forma atual da devoção da Via-Sacra, falava-se em Jerusalém da casa de Santa Verônica; mas a estação da Via-Sacra que se refere à santa foi sendo introduzida aos poucos. Por exemplo, essa estação ainda não existia em Viena em 1799.


VEU DE VERÔNICA

É bastante possível que uma mulher compassiva realmente tenha enxugado o rosto do Senhor no caminho do Calvário, e os cristãos fazem bem em meditar sobre isso e honrar a memória dessa mulher. Na Basílica de São Pedro, em Roma, conserva-se o pano original; porém, é impossível garantir sua autenticidade.


Os bolandistas discutem a questão em fevereiro (vol. I) e em julho (vol. III), a propósito da identificação de Verônica com a hemorroíssa. Existe uma literatura muito abundante sobre Santa Verônica. Além da obra de K. Pearson, Die Fronika (1887), há um excelente estudo de von Dobschütz, Christusbilder, que o autor continua em seu artigo Das Schweisstuch der Veronica, na Monatsschrift für christliche Kunst (1909); ver também P. Perdérizet, em De la Véronique et de Ste Véronique (“Seminarium Kondakovianum”, 1932, pp. 1–16). Ver também H. Leclercq, em Dictionnaire d’Archéologie Chrétienne, vol. VII, col. 224–225 e 2458–2459. Alguns autores atribuem a Mabillon a ideia de que o nome Verônica deriva de vera icon; mas essa ideia já se encontra no Speculum Ecclesiae, de Giraldus Cambrensis. Thurston, Holy Year of Jubilee (1900), pp. 58, 152–153 e 193–195, cita toda a passagem. Na época de Dante e Petrarca, estava muito em voga a devoção ao pano conservado na Basílica de São Pedro; ao que parece, essa relíquia — na qual já não se distingue a Santa Face — está em São Pedro desde o tempo do Papa João VII (705–707 d.C.). Sobre a sexta estação de Jerusalém, cf. Revue Biblique, vol. I (1892), pp. 584 ss., e H. Vincent em Le Lien, fevereiro de 1951, pp. 18–26. [1]


SÃO JOÃO GUALBERTO, ABADE, FUNDADOR DOS

BENEDITINOS DE VALLEUMBROSA (1073 d.C.)


SÃO JOÃO GUALBERTO

João Gualberto nasceu em Florença, no final do século X, no seio de uma família nobre. Seu único irmão, Hugo, mais velho que ele, foi assassinado por um jovem que se fazia passar por seu amigo. João considerou um dever vingar a morte do irmão. Por sua vez, seu pai também o incitou à vingança, de modo que o futuro santo ignorou completamente a voz da religião e da razão. A vingança é um crime, mesmo quando constitui simplesmente o motivo pelo qual se pede o justo castigo do ofensor; mas é muito mais grave quando se trata de retribuir injúria por injúria e fazer justiça pelas próprias mãos. No entanto, João estava convencido de que a honra exigia punir o assassino de seu irmão. Um dia, encontrou-se frente a frente com ele num caminho tão estreito, que nenhum dos dois podia voltar atrás. João desembainhou a espada e avançou contra o assassino, que estava desarmado e caiu de joelhos com os braços cruzados sobre o peito, como para proteger-se e pedir clemência. Subitamente, João recordou que Cristo havia orado por seus inimigos na cruz; movido por essa lembrança, embainhou a espada, abraçou o assassino e ambos se separaram em paz.


João prosseguiu então seu caminho até chegar ao mosteiro de São Miniato, entrou na igreja e ajoelhou-se diante de um crucifixo. De repente, a imagem de Cristo inclinou a cabeça para o jovem, como se quisesse dar-lhe a entender que aceitava seu sacrifício e seu sincero arrependimento. A graça tomou tão profundamente a alma do jovem, que imediatamente foi pedir ao abade que o admitisse na vida religiosa. O abade hesitava em fazê-lo, temendo a cólera do pai de João; mas, poucos dias depois, João cortou espontaneamente o cabelo e vestiu um hábito que conseguira emprestado. Ato contínuo, iniciou uma vida nova.


Com a morte do abade de São Miniato, João abandonou o convento com outro companheiro e partiu em busca de um lugar mais retirado, pois a escolha do novo abade havia sido escandalosa. Durante uma peregrinação ao santuário de Camáldoli, resolveu fundar uma nova ordem. Para isso, escolheu um belo vale nas cercanias de Fiésole, chamado Vallis Umbrosa, onde construiu com seus companheiros um pequeno mosteiro de madeira e barro. Ali se estabeleceu a nova comunidade, que seguia a regra primitiva de São Bento com toda a sua austeridade. A abadessa de Sant’Ellero doou posteriormente aos monges o terreno para a construção de um mosteiro definitivo. João modificou um pouco a regra, pois suprimiu o trabalho manual para os monges de coro e introduziu os “conversi” ou irmãos leigos. Provavelmente, o mosteiro de Vallombrosa foi o primeiro a contar com irmãos leigos. A vida dos monges era extremamente austera, e a comunidade floresceu bastante em determinada época, mas atualmente conta com poucos membros.


João Gualberto temia tanto o extremo da frouxidão quanto o do rigor excessivo; foi um fiel imitador do zelo e da docilidade de Moisés, a quem as Escrituras chamam de “um homem mais manso que todos os outros homens.” São João Gualberto era tão humilde que nem sequer quis receber as ordens menores. Zelava particularmente pela pobreza e não queria que seus mosteiros fossem demasiado imponentes nem custosos, pois considerava isso pouco conforme ao espírito de pobreza. Distinguiu-se por seu amor aos pobres, aos quais jamais deixava partir do mosteiro de mãos vazias. Conta-se que, em várias ocasiões, o santo esgotou os mantimentos do mosteiro ao dá-los aos necessitados. Durante um tempo de fome, socorreu milagrosamente as multidões que acorriam a Rozzuolo. Deus concedeu a São João Gualberto o dom da profecia e o de realizar milagres, já que devolveu a saúde a vários enfermos. O Papa São Leão IX foi a Passignano expressamente para ver o santo, e Estêvão X lhe dedicou a maior estima. O Papa Alexandre II afirmou que São João Gualberto havia acabado com a simonia nos arredores do local onde habitava, pois o amor do santo pelo retiro não impedia nem a ele nem a seus monges de tomarem parte ativa na luta contra esse vício, então tão difundido.


São João Gualberto morreu em 12 de julho de 1073. Essa é a única data de sua vida que conhecemos com certeza. O Papa Celestino III o canonizou em 1193.


Os materiais sobre a vida de São João Gualberto são, de certo modo, bastante abundantes, como se pode ver pela longa enumeração da BHL., nn. 4397-4406, mas oferecem poucos dados de interesse. A biografia mais antiga é a do Beato André de Strumi (c. 1097); porém o único manuscrito existente está incompleto. O Beato Atto deve ter escrito a biografia de São João Gualberto nos cinquenta anos que se seguiram à morte do santo. Talvez uma das fontes mais importantes seja um relato que data do século XII; Davidsohn o publicou em Forschungen zur älteren Geschichte von Florenz (1896). É curioso notar que nesta obra não se menciona que São João Gualberto tenha perdoado o assassino de seu irmão, algo que geralmente é considerado o início de sua conversão. As duas biografias mencionadas em primeiro lugar encontram-se nos Acta Sanctorum, julho, vol. II; a de André de Strumi pode ser vista na continuação in-folio de MGH., Scriptores, vol. XXX, parte 2 (1929). Em italiano, há um esboço biográfico de cunho popular de D. F. Tarani (1903). Cf. Lugano, L’Italia Benedettina (1929), pp. 307–356. [2]


Referência:


  1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 3, pp. 85–86.

  2. Ibid. pp. 83-85.


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“O ROSÁRIO
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Padre Pio
 

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Enquanto a modéstia não for colocada em prática a sociedade vai continuar a degradar, a sociedade fala o que é pelas roupas que veste.

- Papa Pio XII
 

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A castidade faz o homem semelhante aos anjos.”
- São Gregório de Nissa
 

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O sofrimento de Jesus na Cruz nos ensina a suportar com paciência nossas cruzes,
e a meditação sobre Ele é o alimento da alma.”


Santo Afonso MARIA de Ligório

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