Vida de Santa Teresinha do Menino Jesus e São Hesíquio (3 de outubro)
- Sacra Traditio

- 3 de out.
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SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS, VIRGEM (1897 d.C.)

O entusiasmo e a extensão do culto a Santa Teresinha do Menino Jesus, jovem carmelita que não se distinguiu exteriormente de tantas outras de suas irmãs, é um dos fenômenos mais impressionantes e significativos da vida religiosa de nossos dias. A santa morreu em 1897 e, pouco depois, já era conhecida em todo o mundo. Seu “pequeno caminho” de simplicidade e perfeição nas coisas pequenas e nos detalhes da vida diária tornou-se o ideal de inumeráveis cristãos. Sua biografia, escrita por ordem de seus superiores, é um livro famoso, e os milagres e graças atribuídos à sua intercessão são incontáveis. A comparação entre as duas Teresas é inevitável, já que ambas foram carmelitas, ambas foram santas e ambas nos deixaram uma longa autobiografia na qual se refletem tanto as divergências espirituais e temperamentais como os traços comuns.
Os pais da futura santa eram Luís Martin, relojoeiro de Alençon, filho de um oficial do exército de Napoleão, e Zélia Maria Guérin, costureira da mesma cidade, cujo pai havia sido guarda em Saint-Denis. Maria Francisca Teresa nasceu em 2 de janeiro de 1873. Teve uma infância feliz e ordinária, cheia de bons exemplos. “Minhas recordações mais antigas são de sorrisos e carícias de ternura”, confessa ela mesma. Teresinha era viva e impressionável, mas não particularmente precoce nem devota. Certa vez, quando sua irmã mais velha, Leônia, ofereceu uma boneca e alguns brinquedos a Celina e Teresinha, Celina escolheu uma peruca de seda; já Teresinha disse com avidez: “Eu quero tudo”. “Esse incidente resume toda a minha vida. Mais tarde... exclamava: Meu Deus, eu quero tudo! Não quero ser santa pela metade!”.
“Não quero ser santa pela metade!”.

Em 1877 morreu a mãe de Teresinha. O Sr. Martin vendeu então sua relojoaria em Alençon e foi viver em Lisieux (Calvados), onde suas filhas poderiam estar sob os cuidados de sua tia, a Sra. Guérin, que era uma mulher excelente. O Sr. Martin tinha predileção por Teresinha. Contudo, quem dirigia a casa era Maria, e a mais velha, Paulina, encarregava-se da educação religiosa das irmãs. Paulina costumava ler em voz alta para toda a família nas longas noites de inverno; e não escolhia qualquer livro de piedade barata, mas nada menos que “O Ano Litúrgico”, de Dom Guéranger. Quando Teresinha tinha nove anos, Paulina entrou no Carmelo de Lisieux. Desde então, Teresinha sentiu-se inclinada a segui-la por esse caminho. Naquele tempo era uma menina afável e sensível; a religião ocupava parte muito importante de sua vida. Um dia ofereceu uma moedinha a um mendigo aleijado, que a recusou com um sorriso. Teresinha quis segui-lo para insistir que aceitasse o bolinho que seu pai acabara de lhe dar; a timidez a impediu, mas disse consigo: “Vou rezar por esse pobrezinho no dia de minha primeira comunhão”. Embora esse dia de “felicidade total” tardasse cinco anos em chegar, Teresinha não esqueceu sua promessa. Estudava então na escola das beneditinas de Notre-Dame-du-Pré. Entre suas recordações escolares, anotou: “Vendo que algumas meninas queriam particularmente a uma ou outra das professoras, tentei imitá-las, mas nunca consegui conquistar o favor especial de nenhuma. Feliz fracasso, que me salvou de tantos perigos!”.

Quando Teresinha tinha quase quatorze anos, sua irmã Maria foi reunir-se com Paulina no Carmelo. Na véspera do Natal desse mesmo ano, Teresinha teve a experiência que desde então chamou sua “conversão”. “Naquela noite bendita, o doce Menino Jesus, que tinha apenas uma hora de nascido, inundou a escuridão de minha alma com rios de luz. Fez-se frágil e pequeno por amor a mim, para tornar-me forte e corajosa. Pôs suas armas em minhas mãos para que eu avançasse de cume em cume e começasse, por assim dizer, a correr como gigante”. É curioso notar que a ocasião dessa súbita graça foi um comentário que seu pai fez sobre o carinho que ela tinha pelas tradições natalinas. E o comentário do Sr. Martin não era dirigido especialmente a Teresinha.
No decorrer do ano seguinte, a jovem comunicou ao pai seu desejo de entrar no Carmelo e obteve seu consentimento; mas tanto as autoridades da ordem como o bispo de Bayeux opinaram que Teresinha ainda era muito jovem. Alguns meses mais tarde, Teresinha e seu pai foram a Roma com uma peregrinação francesa, organizada por ocasião do jubileu sacerdotal de Leão XIII.

Na audiência pública, quando chegou a vez de Teresinha ajoelhar-se para receber a bênção do Pontífice, a jovem ousadamente quebrou a regra do silêncio e disse a Sua Santidade: “Em honra de vosso jubileu, permiti-me entrar no Carmelo aos quinze anos”. O Pontífice, evidentemente impressionado pelo aspecto e pelos modos da jovem, apoiou, no entanto, a decisão das autoridades imediatas: “Entrareis, se for da vontade de Deus”, disse-lhe, e despediu-a com suma bondade. A bênção de Leão XIII e as ardentes orações que Teresinha fez em múltiplos santuários durante a peregrinação deram fruto a seu tempo. No fim daquele ano, Mons. Hugonin concedeu a Teresinha a ansiada autorização, e a jovem ingressou, em 9 de abril de 1888, no Carmelo de Lisieux, no qual já haviam entrado suas duas irmãs. A mestra de noviças afirmou, sob juramento: “Desde sua entrada na ordem, seu porte, que tinha uma dignidade pouco comum em sua idade, surpreendeu a todas as religiosas.”
O Pe. Pichon S. J., que pregou os Exercícios à comunidade quando Teresinha era noviça, deu o seguinte testemunho no processo de beatificação: “Era muito fácil dirigi-la. O Espírito Santo a conduzia, e não me lembro de ter tido que preveni-la contra as ilusões, nem então, nem mais tarde... O que mais me chamou a atenção durante aqueles Exercícios foram as provas especiais às quais Deus a submetia.” A jovem religiosa lia assiduamente a Bíblia e a interpretava corretamente, como o provam as múltiplas citações da Sagrada Escritura que há em “História de uma alma”. Dado que seu culto atingiu as proporções de uma devoção popular, vale a pena chamar a atenção para a predileção da santa pela oração litúrgica e sua inteligência dessa inesgotável fonte de vida cristã.
Quando lhe tocava oficiar durante a semana e tinha que recitar no coro as coletas do ofício, costumava recordar “que o sacerdote diz as mesmas orações na Missa e, como ele, eu estava autorizada a rezar em voz alta diante do Santíssimo Sacramento e a ler o Evangelho, quando era eu primeira cantora.” Em 1899, Teresinha e suas irmãs sofreram uma tremenda provação ao verem seu pai perder o uso da razão em consequência de dois ataques de paralisia. Foi necessário internar o Sr. Martin num asilo privado, no qual permaneceu três anos. Escreveu Teresinha: “Os três anos do martírio de meu pai foram, ao que creio, os mais ricos e frutuosos de nossa vida. Eu não os trocaria pelos êxtases mais sublimes.” A jovem religiosa fez sua profissão em 8 de setembro de 1890. Poucos dias antes, escrevia à madre Inês de Jesus (Paulina):
“Antes de partir, meu Amado me perguntou por quais caminhos e países eu iria viajar. Respondi que meu único desejo consistia em chegar ao cume do monte do Amor. Então nosso Salvador, tomando-me pela mão, conduziu-me a um caminho subterrâneo, no qual não faz frio nem calor, no qual o sol nunca brilha, no qual o vento e a chuva não têm entrada. É um túnel no qual reina uma luz velada que procede dos olhos de Jesus, que me olham do alto... Eu daria qualquer coisa para conquistar a palma de Santa Inês; se Deus não quer que eu a ganhe pelo sangue, ganhá-la-ei pelo amor...”

Um dos principais deveres das carmelitas consiste em orar pelos sacerdotes. Santa Teresinha cumpriu esse dever com imenso fervor. Durante sua viagem pela Itália, tinha visto ou ouvido algo que lhe abrira os olhos para a ideia de que os sacerdotes têm necessidade de orações tanto quanto o restante dos cristãos. Teresinha jamais cessou de orar, em particular, pelo célebre ex-carmelita Jacinto Loyson, que havia apostatado da fé.
Embora fosse de constituição delicada, a santa religiosa submeteu-se desde o primeiro momento a todas as austeridades da regra, exceto ao jejum, pois suas superioras o impediram. A priora dizia: “Uma alma desse porte não pode ser tratada como uma criança. As dispensas não foram feitas para ela.” No entanto, Teresinha confessava:
“Durante o postulantado, custou-me muitíssimo executar certas penitências exteriores ordinárias. Mas não cedi a essa repugnância, porque me parecia que a imagem de meu Senhor crucificado me olhava com olhos que imploravam tais sacrifícios.”
Entre as penitências corporais, a mais dura para ela era o frio do inverno no convento; mas ninguém o suspeitou até que Teresinha o confessou no leito de morte. No princípio de sua vida religiosa, havia dito: “Queira Jesus conceder-me o martírio do coração ou o martírio da carne; preferiria que me concedesse ambos.” E um dia pôde exclamar: “Cheguei a um ponto em que me é impossível sofrer, porque todo sofrimento me é doce.”
A autobiografia intitulada “História de uma alma”, que Santa Teresinha escreveu por ordem de sua superiora, é um belo documento de caráter excepcional. Está escrita em estilo claro e de grande frescor, cheia de frases familiares. Abundam as intuições psicológicas que revelam um extraordinário autoconhecimento e uma profunda sabedoria espiritual da qual não está excluída a beleza. Quando Teresinha define sua oração, nos revela mais sobre si mesma do que se tivesse escrito muitas páginas de análise propriamente dita:
“Para mim, orar consiste em elevar o coração, em levantar os olhos ao céu, em manifestar minha gratidão e meu amor tanto na alegria quanto na prova. Numa palavra, a oração é algo nobre e sobrenatural, que alarga minha alma e a une com Deus... Confesso que me falta coragem para buscar belas orações nos livros, exceto no ofício divino, que é para mim uma fonte de gozo espiritual, apesar da minha indignidade... Procedo como uma criança que não sabe ler; limito-me a expor todos os meus desejos ao Senhor, e Ele me entende.”
A penetração psicológica da autobiografia é muito aguda:
“Porto-me como um soldado valente em todas as ocasiões em que o inimigo me provoca à luta. Sabendo que o duelo é um ato de covardia, viro as costas ao inimigo sem me dignar sequer a olhá-lo, refugio-me apressadamente em meu Salvador e lhe manifesto que estou pronta a derramar meu sangue para dar testemunho da minha fé no Céu.”

Teresinha minimiza sua heroica paciência com uma saída humorística. Durante a meditação no coro, uma das irmãs costumava agitar o rosário, coisa que irritava sobremaneira a jovem religiosa. Finalmente, “em vez de tentar não ouvir nada, o que era impossível, decidi escutar como se fosse a mais deliciosa música. Naturalmente, minha oração não era precisamente ‘de quietude’, mas ao menos tinha eu uma música para oferecer ao Senhor.” O último capítulo da autobiografia constitui um verdadeiro hino ao amor divino que conclui assim: “Rogo-te que volvas teus divinos olhos sobre um grande número de almas pequenas; suplico-te que escolhas entre elas uma legião de vítimas insignificantes do teu amor.” Teresinha se contava a si mesma entre as almas pequenas: “Eu sou uma alma minúscula, que só pode oferecer pequenezas a nosso Senhor.”
Em 1893, a irmã Teresa foi nomeada assistente da mestra de noviças. Praticamente era ela a mestra de noviças, embora não tivesse o título. Acerca de suas experiências daquela época, escreve: “De longe parece muito fácil fazer o bem às almas, conseguir que amem mais a Deus e moldá-las segundo as ideias e ideais próprios. Mas quando se veem as coisas mais de perto, compreende-se que fazer o bem sem a ajuda de Deus é tão impossível como fazer o sol brilhar à meia-noite... O que mais me custa é ter que observar até as menores faltas e imperfeições para combatê-las sem piedade.”

A santa tinha então vinte anos. Seu pai morreu em 1894. Pouco depois, Celina, que até então se encarregara de cuidá-lo, seguiu suas três irmãs no Carmelo de Lisieux. Dezoito meses mais tarde, na noite da Quinta para a Sexta-feira Santa, Santa Teresinha sofreu uma hemorragia bucal, e o borbulhar do sangue que lhe subia pela garganta ouviu-o “como um murmúrio distante que anunciava a chegada do Esposo”.
Nesse tempo, sentiu-se inclinada a responder ao chamado das carmelitas de Hanói, na Indochina, que queriam que partisse para essa missão. Mas sua doença foi piorando cada vez mais e os últimos dezoito meses de sua vida foram um período de sofrimento corporal e de provas espirituais. Deus lhe concedeu então uma espécie de dom de profecia, e Teresinha fez a tríplice confissão que tem comovido o mundo inteiro:
“Nunca dei a Deus senão amor, e Ele vai me pagar com amor. Depois da minha morte derramarei uma chuva de rosas.” “Quero passar meu céu fazendo o bem na terra.” “Meu ‘caminho’ é um caminho de infância espiritual, um caminho de confiança e entrega absoluta.”

Em junho de 1897, a santa foi transferida para a enfermaria do convento, da qual não voltou a sair. A partir de 16 de agosto, já não pôde receber a comunhão, pois sofria de uma náusea quase constante. No dia 30 de setembro, a irmã Teresa de Lisieux morreu com uma palavra de amor nos lábios.
O culto da jovem religiosa começou a crescer com rapidez e unanimidade impressionantes. Por outro lado, os múltiplos milagres realizados por sua intercessão atraíram sobre Teresinha os olhares de todo o mundo católico. A Santa Sé, sempre atenta ao clamor unânime de toda a Igreja visível, suprimiu neste caso o período de cinquenta anos que se requer ordinariamente para introduzir uma causa de canonização. Pio XI beatificou Teresinha em 1923 e a canonizou em 1925, estendendo sua Festa a toda a Igreja do Ocidente. Em 1927, Santa Teresa do Menino Jesus foi nomeada, junto com São Francisco Xavier, padroeira de todas as missões estrangeiras e de todas as obras católicas na Rússia. Não só os católicos, mas também muitos não católicos que haviam lido a autobiografia e se aproximado do mistério da vida oculta de Teresinha, acolheram com imenso gozo essas decisões da Santa Sé. A jovem santa era delgada, loura, de olhos azul-acinzentados; tinha as sobrancelhas levemente arqueadas; sua boca era pequena e suas feições delicadas e regulares. As fotografias originais refletem algo do ser de Teresinha; em contrapartida, as fotografias retocadas que circulam ordinariamente são insípidas e impessoais.
Teresa do Menino Jesus havia-se entregado com inteira decisão e plena consciência à tarefa de ser santa. Sem perder o ânimo, diante da aparente impossibilidade de alcançar os cumes mais elevados do esquecimento de si mesma, costumava repetir:
“Deus não inspira desejos impossíveis. Por conseguinte, apesar da minha pequenez, posso aspirar à santidade. Não tenho que me tornar maior do que sou, mas aceitar-me tal como sou, com todas as minhas imperfeições. Quero buscar um novo caminho para o Céu, um caminho curto e reto, um pequeno atalho. Vivemos numa época de invenções. Já não precisamos nos incomodar em subir escadas; nas casas dos ricos há elevadores. Eu gostaria de descobrir um elevador para subir até Jesus, porque sou pequena demais para subir os degraus da perfeição. Assim, pus-me a buscar na Sagrada Escritura algum indício de que existia o elevador de que necessitava e encontrei estas palavras na boca da Sabedoria Eterna: ‘Que os pequenos venham a Mim’ (Isaías 66,13)”.

Os livros e artigos sobre Santa Teresinha são, por assim dizer, inumeráveis; mas todos se baseiam na autobiografia e nas cartas da santa, às quais se acrescentam, em alguns casos, certos testemunhos do processo de beatificação e canonização. Estes últimos documentos, impressos para uso da Sagrada Congregação dos Ritos, são muito importantes, pois permitem ver que nem mesmo as religiosas submetidas às austeridades da regra do Carmelo estão isentas da fragilidade humana e que uma parte da missão de Teresinha do Menino Jesus consistiu precisamente em reformar, com seu exemplo silencioso, a observância em seu próprio convento. Entre as melhores biografias da santa (que não são as mais longas), é preciso mencionar as de H. Petitot, St. Teresa of Lisieux: A Spiritual Renaissance (1927); a do barão Angot des Rotours na coleção Les Saints; a de F. Laudet, L’enfant chérie du monde (1927); a de H. Ghéon, The Secret of the Little Flower (1934). As publicações de caráter mais oficial, por assim dizer, são L’histoire d’une âme, que foi traduzida praticamente a todas as línguas, inclusive ao hebraico; Mons. Laveille, Ste Thérèse… d’après les documents officiels du Carmel de Lisieux (1929); a edição de cartas seletivas feita pelo Pe. Combes (trad. ingl., Collected Letters, 1950). Veja-se também Le problème de l’Histoire d’une âme et des œuvres complètes de Ste. Thérèse de Lisieux (1950). Entre as obras mais recentes contam-se as biografias e ensaios de M. M. Philipon, A. Combes (1946; trad. ingl. em 3 vols.), e M. van der Meersch (1947). Esta última obra foi criticada com grande detalhe em La petite Ste Thérèse, do Pe. Combes e outros autores. Cf. V. Sackville West, The Eagle and the Dove (1943); e J. Beevers, Storm of Glory (1949). Como caso curioso de reação contra o entusiasmo que provocou a canonização, cite-se o artigo do Pe. Ubald d’Alençon na revista catalã Estudis Franciscans, vol. XXX; cf. a resposta que deu a esse artigo, na mesma revista, o vigário geral de Bayeux. Uma das últimas obras é o estudo teológico de H. Urs von Balthasar, Thérèse de Lisieux (1953). Recentemente foi publicada a edição original de Histoire d’une âme sem retoque algum. [1]
São Hesíquio foi um fiel discípulo de São Hilarião e é mencionado na biografia de seu mestre. Quando São Hilarião passou da Palestina ao Egito, Hesíquio o acompanhou e, quando São Hilarião, não querendo voltar a Gaza, onde era muito conhecido, fugiu secretamente para a Sicília, São Hesíquio o procurou durante três anos. Não encontrando qualquer rastro de seu mestre, nem no deserto nem nos portos do Egito, São Hesíquio dirigiu-se à Grécia, onde finalmente recebeu notícias sobre um taumaturgo que se havia refugiado na Sicília. Imediatamente empreendeu viagem à referida ilha, descobriu o esconderijo de São Hilarião, “caiu de joelhos a seus pés e banhou com lágrimas os pés de seu mestre”. Ambos eremitas partiram juntos para a Dalmácia e para Chipre, em busca da solidão total.
Dois anos mais tarde, São Hilarião enviou São Hesíquio à Palestina com saudações para os irmãos e com o propósito de dar-lhes conta de seus progressos na vida espiritual, bem como o de visitar o antigo mosteiro de Gaza. Quando São Hesíquio retornou na primavera do ano seguinte, São Hilarião, desalentado pela afluência de visitantes, manifestou-lhe que queria fugir para outro lugar; mas já era muito idoso, e São Hesíquio convenceu-o finalmente a contentar-se em retirar-se para um local mais afastado da ilha. Ali morreu São Hilarião. São Hesíquio se encontrava então na Palestina. Assim que recebeu a notícia da morte de seu mestre, partiu apressadamente para Chipre, a fim de evitar que os habitantes de Pafos se apoderassem do cadáver. Ao chegar a Chipre, encontrou uma carta de São Hilarião, na qual este lhe deixava como herança todos os seus bens, que consistiam em um livro dos Evangelhos e algumas vestes. Para não despertar suspeitas entre os que vigiavam a ermida, São Hesíquio fingiu que iria passar ali o resto de sua vida. Dez meses mais tarde, enfrentando mil riscos e dificuldades, conseguiu transportar o corpo de São Hilarião para a Palestina. Ali foi recebido por uma grande multidão de monges e leigos, que o acompanharam para enterrar o corpo de seu mestre no mosteiro que havia fundado em Majuma. Nele morreu São Hesíquio alguns anos depois.
No Acta Sanctorum, outubro, vol. 11, há um relato bastante completo sobre São Hesíquio, baseado nas obras de São Jerônimo. Veja-se também o artigo sobre São Hilarião, em 21 de outubro. [2]
Referência:
Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 4, pp. 13-18.
Ibid. pp. 18.


























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