Vida de São Eustáquio e São Atenógenes: Festa de Nossa Senhora do Carmo (16 de julho)
- Sacra Traditio

- 16 de jul.
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Atualizado: 17 de jul.
NOSSA SENHORA DO MONTE CARMELO, PADROEIRA DO CHILE

A principal festa da Ordem do Carmelo era originalmente a Assunção da Santíssima Virgem (15 de agosto), mas, entre 1376 e 1386, estabeleceu-se na ordem o costume de celebrar uma festa especial da Virgem para comemorar a aprovação da regra carmelitana, realizada pelo Papa Honório III em 1226. Ao que parece, esse costume teve origem na Inglaterra. Como data da festa foi escolhido o dia 16 de julho, já que nesse dia, segundo a tradição da ordem, a Virgem Maria apareceu a São Simão Stock e lhe deu o escapulário. No início do século XVII, a celebração transformou-se na “festa do escapulário”. Logo se espalhou fora da ordem e, em 1726, Bento XIII instituiu essa festa em toda a Igreja do Ocidente. É certo que não se faz menção ao escapulário nem à visão de São Simão no próprio da missa do dia, mas no segundo noturno de matinas alude-se a ambos. Além disso, no prefácio especial dos carmelitas também se menciona o escapulário.
A invocação mariana mais popular e aquela que conta com maior devoção na República do Chile é a de Nossa Senhora do Carmo, Padroeira jurada do exército desde 1817, quando foi reconhecida como generala das forças libertadoras que, ao triunfarem em Maipú, lhe ergueram um famoso santuário no mesmo campo de batalha. A Virgem do Carmo, solenemente coroada em 1926 a pedido de seus inumeráveis devotos chilenos, foi escolhida também como padroeira pelos marinheiros, pescadores e homens do mar dessa república sul-americana.
Ver B. Zimmerman, Monumenta historica Carmelitana (1907), pp. 334 ss.; e A. G. Forcadell, De cultu B.M.V. in liturgia Carmelitana, em Analecta Ordinis Carmelitarum, vol. X (1940), pp. 437-445. Sobre a questão do escapulário, veja-se a nota bibliográfica de nosso artigo sobre São Simão Stock (16 de maio). A reforma que projetava Bento XIV incluía a supressão desta festa do calendário geral.
SÃO ATENÓGENES, BISPO E MÁRTIR (c. 305 d.C.)

O Martirológio Romano diz no dia 18 de janeiro: “No Ponto, o nascimento para o céu de São Atenógenes, ancião teólogo, o qual, estando prestes a consumar seu martírio pelo fogo, cantou um hino de júbilo e o deixou escrito a seus discípulos.” No dia 16 de julho diz: “Em Sebaste da Armênia, o nascimento para o céu dos santos mártires Atenógenes, bispo, e seus dez discípulos, na perseguição do imperador Diocleciano.” Como se vê, há uma dupla comemoração de São Atenógenes, cujo hino é elogiado por São Basílio em seu tratado sobre o Espírito Santo. Segundo se diz, São Gregório, o Iluminador, instituiu na Armênia uma festa em honra de São Atenógenes e São João Batista para suprimir uma festividade pagã.
A melhor prova da autenticidade do culto de São Atenógenes é que seu nome aparece no martirológio sírio e no Hieronymianum. Ver Delehaye, Les Origines du Culte des Martyrs, pp. 177-178; DAC, vol. I, col. 3104-3105, e DHG, vol. I, col. 44-46. São Atenógenes professava em seu hino a fé na divindade do Espírito Santo; mas não se trata do phós hilarón das vésperas bizantinas. [1]
SÃO EUSTÁQUIO, BISPO DE ANTIOQUIA (c. 340 d.C.)

São Eustáquio nasceu em Side, na Panfília. Segundo afirma Santo Atanásio, confessou diante dos perseguidores a fé em Cristo. Era um homem sábio, eloquente e virtuoso. Eleito bispo de Beroia, na Síria, atraiu sobre si as atenções da Igreja. Mais tarde, foi transferido à sede de Antioquia, que só cedia em dignidade às de Roma e Alexandria, sendo a terceira do mundo. Pouco depois de assumir, assistiu ao Concílio de Niceia, onde foi recebido com grandes honras e se destacou por sua oposição ao arianismo. No meio de seus trabalhos pelos outros, não esquecia que a verdadeira caridade começa por si mesmo e trabalhou, antes de tudo, por sua própria santificação. Mas não por cuidar de seu jardim guardava para si toda a água da graça, e sim a deixava correr também pelos hortos dos seus irmãos, para que levasse a fecundidade por toda parte. Nas dioceses que lhe estavam confiadas, distribuiu homens capazes de instruir e sustentar os fiéis.
O santo alarmou-se ao saber que Eusébio, o bispo de Cesareia, favorecia a nova heresia (trata-se do Eusébio conhecido como “o pai da história eclesiástica”). A desconfiança que São Eustáquio demonstrou em relação à doutrina dele e de outros bispos, bem como sua acusação de que haviam alterado o Credo de Niceia, provocaram contra ele a ira dos arianos, que conseguiram depô-lo por volta do ano 330.
Antes de sair de Antioquia, o pastor reuniu seu rebanho e o exortou a manter-se fiel à verdadeira doutrina. A exortação foi tão eficaz que se formou um grupo de “eustacianos” para preservar a pureza da fé e negar reconhecimento a todos os bispos enviados pelos arianos. Infelizmente, essa lealdade degenerou mais tarde em sectarismo contra prelados ortodoxos. São Eustáquio foi exilado com alguns sacerdotes e diáconos a Trajanópolis, na Trácia. Não se sabe ao certo o local nem a data de sua morte. A maioria de seus abundantes escritos se perdeu. Entre as obras que se conservaram, a principal é uma dissertação contra Orígenes, na qual critica os poderes da pitonisa de Endor (I Sm. 28, 7-23). Sozómeno recomenda as obras de São Eustáquio por seu estilo e conteúdo. Mas nada demonstra melhor a virtude do santo do que a paciência com que suportou as acusações caluniosas em assuntos graves e, depois, a deposição e o exílio. São Eustáquio foi maior na desgraça do que havia sido quando suas virtudes brilhavam pacificamente no governo de sua sede. Seu nome aparece no cânon das missas síria e maronita.
A partir do estudo do cônego Venables (DCB, vol. II), muito se escreveu sobre as controvérsias em que São Eustáquio participou de forma tão destacada. Basta mencionar aqui as bibliografias do DTC, vol. V, col. 1554-1565 e do Lexikon für Theologie und Kirche, vol. II, col. 864. Ver, sobretudo, F. Cavallera, Le schisme d’Antioche (1905); L. Duchesne, History of the Early Church, vol. I (1912); e R. V. Sellers, Eustathius of Antioch (1928). [2]
Referência:
Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 3, pp. 117–118.
Ibid. pp. 118-119.


























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