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VIDA DE SÃO UBALDO, SÃO SIMÃO STOCK E SÃO PEREGRINO, BISPO DE AUXERRE (16 de maio)

Atualizado: 16 de jul.

SÃO UBALDO, BISPO DE GUBBIO († 1160 d.C)


SÃO UBALDO, BISPO DE GUBBIO (†1160)

Felizmente, possuímos uma excelente biografia de São Ubaldo Baldassini, bispo de Gubbio, escrita por Teobaldo, seu sucessor na sé episcopal. Ubaldo pertencia a uma família nobre de Gubbio. Ficou órfão ainda muito jovem; seu tio, que era bispo da cidade, encarregou-se de educá-lo na escola da catedral. Ubaldo recebeu a ordenação sacerdotal ao término de seus estudos. Embora muito jovem, foi nomeado deão da catedral para que empreendesse a reforma dos cônegos, cuja vida dissoluta era um escândalo para a cidade. A tarefa não era fácil, mas Ubaldo conseguiu convencer três dos cônegos a formarem uma comunidade. Com o propósito de se familiarizar com a vida em comum dos cônegos regulares, Ubaldo passou três meses na comunidade que Pedro de Honestis havia fundado no território de Ravena. Ao retornar, estabeleceu em Gubbio as mesmas regras, que, em pouco tempo, foram aceitas por todo o capítulo. Algum tempo depois, um incêndio consumiu a casa dos cônegos, e Ubaldo aproveitou a ocasião para se retirar a Fonte Avellana e consultar Pedro de Rímini, pois tencionava retirar-se à solidão. Mas o servo de Deus fê-lo ver que se tratava de uma tentação muito perigosa e exortou-o a reassumir o posto que Deus lhe havia designado para o bem dos outros. Ubaldo voltou, pois, a Gubbio e, sob sua direção, o capítulo floresceu mais do que nunca.


Em 1126, o santo foi eleito bispo de Perúgia, mas escondeu-se para que os delegados da cidade não o encontrassem; logo foi a Roma rogar ao Papa Honório II que lhe permitisse recusar o cargo. O Papa atendeu ao seu pedido; mas dois anos depois, a sé de Gubbio ficou vacante, e o mesmo Pontífice aconselhou ao clero que elegesse Ubaldo. O santo praticou todas as virtudes dignas de um sucessor dos Apóstolos, mas distinguiu-se sobretudo pela mansidão e paciência com que suportava injúrias e ofensas, como se fosse insensível a elas. Certa vez, os operários que reparavam as muralhas da cidade invadiram a vinha de São Ubaldo e danificaram as plantas. Ao ver isso, o santo lhes pediu que fossem mais cuidadosos; mas o capataz, que provavelmente não o reconheceu, deu-lhe um empurrão que o fez cair num poço de argamassa. São Ubaldo levantou-se coberto de lama e retirou-se sem dizer uma palavra. No entanto, algumas testemunhas do incidente espalharam a notícia, e o povo exigiu que o capataz fosse punido. A grande indignação popular estava prestes a aplicar um castigo brutal ao capataz, quando São Ubaldo apresentou-se diante do tribunal e declarou que, como se tratava de uma ofensa cometida contra um membro do clero, o culpado devia ser julgado pelo bispo. Depois disso, aproximou-se do acusado, deu-lhe o beijo da paz em sinal de reconciliação, rogou a Deus que o perdoasse por aquela e por todas as outras ofensas que tivesse cometido em sua vida, e pediu ao juiz que deixasse o réu em liberdade.


SÃO UBALDO, BISPO DE GUBBIO

O santo defendeu repetidas vezes seu rebanho dos perigos públicos. O imperador Frederico Barba-Ruiva havia saqueado Espoleto e ameaçava cair sobre Gubbio. São Ubaldo saiu ao encontro do imperador e conseguiu que ele desistisse de seus propósitos. Durante os dois últimos anos de sua vida, o santo bispo sofreu várias doenças que lhe causaram muito sofrimento; mas ele suportou tudo com heroica paciência. No dia de Páscoa de 1160, embora estivesse gravemente enfermo, levantou-se para celebrar a Missa, pregou e deu a bênção ao povo para que este não ficasse decepcionado. Ao terminar, estava tão fraco que teve de ser levado ao leito, do qual já não se levantaria mais. No dia de Pentecostes, todo o povo de Gubbio desfilou por seu quarto para despedir-se daquele que cada um considerava como um pai. São Ubaldo morreu em 16 de maio de 1160. A multidão que acorreu de muito longe para seus funerais foi testemunha dos numerosos milagres que Deus operou em seu túmulo.


A biografia escrita pelo bispo Teobaldo encontra-se nos Acta Sanctorum, maio, vol. III; no vol. VI há uma coleção de milagres. Em 1885, foi publicada outra biografia, por Gianpaoli, da Itália. Houve certa confusão — bastante curiosa — entre São Ubaldo e o patrono de Thann, na Alsácia, São Teobaldo; sobre este ponto, cf. H. Lempfrid em Mittheilungen der Gesellschaft für Erhaltung der geschichtlichen Denkmäler im Elsass, vol. XXI (1903), pp. 1-128. [1]


SÃO PEREGRINO, BISPO DE AUXERRE, MÁRTIR († c. 261 d.C)


SÃO PEREGRINO, BISPO DE AUXERRE, MÁRTIR

A lenda, que remonta a tempos muito antigos, relata que o Papa Sisto II consagrou o primeiro bispo de Auxerre, São Peregrino, e o enviou à cidade a pedido dos cristãos. São Peregrino desembarcou em Marselha, onde pregou o Evangelho, e fez o mesmo em Lyon. Durante seu episcopado, quase todos os habitantes de Auxerre se converteram ao cristianismo. O santo construiu uma igreja nas margens do Yonne e evangelizou as regiões circundantes. Nas montanhas de Puisaye, a cerca de dez léguas ao sudeste de Auxerre, situava-se a cidade de Intaranum (atualmente Entrains), localizada na confluência de várias estradas. O prefeito romano tinha aí seu palácio, e a cidade havia se tornado um centro de adoração às divindades pagãs. Durante as festas de dedicação de um novo templo a Júpiter, São Peregrino apresentou-se em Intaranum e exortou a multidão a renunciar à idolatria. Imediatamente foi preso e levado diante do governador, que o condenou à morte. O santo bispo foi degolado, depois de sofrer cruéis torturas.


Esse relato baseia-se em dois textos, um dos quais se encontra nos Acta Sanctorum, maio, vol. II, e o outro em Migne, PL, vol. 138, col. 219–221. Não se pode duvidar da historicidade do martírio de São Peregrino, pois o Hieronymianum o comemora neste mesmo dia e afirma que teve lugar no “vicus Baiacus” (Bouhy), onde o santo foi sepultado. Ver também Duchesne, Fastes Épiscopaux, vol. II, p. 431. [2]


SÃO SIMÃO STOCK († c. 1265)


SÃO SIMÃO STOCK, Virgem Maria com o Menino Jesus, São José  e o Espírito Santo

São Simão Stock foi, sem dúvida, um membro notável da Ordem do Carmo em uma época crítica de sua história, e seu nome, ligado à revelação do escapulário, é conhecido por todos os católicos. No entanto, devemos admitir que sabemos realmente muito pouco sobre sua vida e seu caráter. Diz-se que tinha cem anos ao morrer, em Bordéus, no dia 16 de maio de 1265; mas esse dado provém de um catálogo de santos carmelitas redigido mais de um século e meio depois e, portanto, de autenticidade duvidosa. Além disso, é inverossímil que o santo tenha sido eleito prior geral da ordem aos oitenta e dois anos e que tenha conseguido viajar, nessa idade, para lugares tão distantes como Inglaterra, Sicília, Gasconha e Bolonha. O catálogo acima mencionado conta que São Simão era vegetariano; e que, certo dia, ao lhe oferecerem um peixe assado, ele ordenou que fosse jogado de novo no rio — e o peixe voltou a nadar como se nada tivesse acontecido! Também não tem fundamento a lenda segundo a qual ele teria recebido o sobrenome de Stock (que em inglês significa "tronco") porque, quando jovem, teria vivido como eremita dentro do oco de um tronco. No geral, os dados que possuímos sobre o santo antes de 1247 se reduzem a meras conjecturas.


O Pe. Bento Zimmerman supõe, com razoável probabilidade, que depois de ter vivido alguns anos como eremita na Inglaterra, Simão se transferiu para a Terra Santa. Lá, entrou em contato com alguns dos primeiros carmelitas — originalmente eremitas — e ingressou na ordem. A hostilidade dos sarracenos tornou impossível a vida dos carmelitas no Oriente, obrigando-os a dispersar suas comunidades e emigrar para a Europa. Ao que parece, São Simão retornou a Kent, onde havia nascido. Como era homem vigoroso e de santidade excepcional, o capítulo geral de Aylesford, em 1247, o elegeu para suceder a Alan como superior geral.


Sob o governo do santo, a ordem cresceu muito. Escreve o Pe. Zimmerman: “São Simão fundou conventos em quatro cidades universitárias: Cambridge, Oxford, Paris e Bolonha. Isso fez com que muitos jovens ingressassem na ordem, alguns dos quais talvez não muito maduros. Além disso, São Simão fundou diversos conventos na Inglaterra e na Irlanda e, talvez, também na Escócia, na Espanha e em vários outros países da Europa.” É de se supor que, sob seu governo, a Regra — que fora concebida originalmente para auxiliar eremitas a alcançar a perfeição — tenha sido adaptada às novas exigências de uma ordem de frades mendicantes, dedicados à pregação e ao exercício dos ministérios sacerdotais. O Papa Inocêncio IV, em 1247, aprovou as novas constituições. Em 1252, esse mesmo Pontífice publicou uma carta em defesa dos carmelitas, cujo sucesso despertava inveja e hostilidade do clero em diversos países.


Foi também por essa época que, segundo piedosa tradição, a Santíssima Virgem teria aparecido a São Simão, comunicando-lhe o extraordinário privilégio do escapulário. A Mãe de Deus trazia o escapulário nas mãos e disse a Simão:

Aqueles que morrerem com este hábito [escapulário] se salvarão. Eis o privilégio que concedo a ti e a todos os carmelitas.”

Escapulário Marrom. Nossa Senhora do Carmo

Não entraremos aqui na discussão sobre esse ponto que suscitou controvérsias durante tantos séculos. O que podemos afirmar é que as provas da historicidade da aparição não são muito satisfatórias, já que não existe documento contemporâneo que mencione tal acontecimento. Mas é fato que a devoção ao escapulário se difundiu por toda a Igreja e foi enriquecida com indulgências por vários Papas.



No entanto, Santo Afonso Maria de Ligório nos ensina:

“O sagrado escapulário do Carmelo (…) foi também confirmado por Alexandre V, Clemente VII, Pio V, Gregório XIII e Paulo V, o qual, em 1612, afirmou em uma bula: ‘Para que os cristãos possam crer piamente que a Santíssima Virgem os assistirá com sua constante intercessão, por seus méritos e proteção especial após a morte — e especialmente aos sábados, que são consagrados pela Igreja à Bem-Aventurada Virgem Maria —, as almas dos membros da Confraria de Santa Maria do Monte Carmelo, que tiverem deixado esta vida em estado de graça, trajando o escapulário, observando a castidade segundo seu estado de vida, e recitado o Ofício da Bem-Aventurada Virgem (ou, se não o puderam recitar, tenham observado os jejuns da Igreja e se abstido de carne às quartas-feiras, exceto no dia de Natal), possam crer com piedosa confiança que serão por Ela libertadas do purgatório, especialmente no sábado seguinte à sua morte.’” [3]

Na liturgia dos carmelitas calçados conservam-se duas antífonas — Flos Carmeli e Ave Stella Matutina — que são unanimemente atribuídas a São Simão e refletem a profunda devoção que ele nutria à Santíssima Virgem. São Simão não foi canonizado oficialmente e seu nome não consta no Martirológio Romano; contudo, a Santa Sé concedeu à Ordem do Carmo e às dioceses de Birmingham, Northampton e Southwark o privilégio de celebrar sua festa. Conta-se que o santo operou numerosos milagres em Bordéus, onde foi sepultado. Seus restos mortais foram solenemente trasladados, em 1951, para o novo convento de Aylesford, em Kent.


Praticamente todos os documentos autênticos sobre o santo estão reunidos na obra Monumenta Historica Carmelitana (1907), do Pe. Bento Zimmerman, O.C.D. Veja-se também seu artigo em The Month (outubro de 1927), e De sacro Scapulari Carmelitano em Analecta OCD, vol. I (1927–1928), pp. 70–89. A obra do Pe. B. M. Xiberta, De visione Sti. Simonis Stock (1950), representa bem a atitude conservadora da Ordem do Carmo quanto à entrega do escapulário. Como exemplo de uma visão mais extrema, veja-se H. Thurston em The Month (junho e julho de 1927). Cf. também Études Carmélitaines, vol. XII (1928), pp. 1ss. [4]


Referência:


  1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 2, pp. 312–313.

  2. Ibid. pp. 313.

  3. Santo Afonso Maria de Ligório, Glórias de Maria, versão inglesa, p. 272.

  4. Ibid. pp. 316-318.


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“O ROSÁRIO
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Padre Pio
 

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Enquanto a modéstia não for colocada em prática a sociedade vai continuar a degradar, a sociedade fala o que é pelas roupas que veste.

- Papa Pio XII
 

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A castidade faz o homem semelhante aos anjos.”
- São Gregório de Nissa
 

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O sofrimento de Jesus na Cruz nos ensina a suportar com paciência nossas cruzes,
e a meditação sobre Ele é o alimento da alma.”


Santo Afonso MARIA de Ligório

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