Vida de São Cipriano e Justina e Santo Isaque: Os Mártires da América do Norte (26 de setembro)
- Sacra Traditio

- 26 de set.
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As boas intenções do explorador Jacques Cartier, que em 1534 realizou grandes esforços para implantar o cristianismo no Canadá, assim como as tentativas no mesmo sentido de Samuel Champlain, que fundou a cidade de Quebec em 1608, não deram os resultados desejados. Contudo, por desejo expresso do rei Henrique IV da França, naquele mesmo ano de 1608, partiram para o Canadá dois sacerdotes jesuítas, Pierre Biard e Ennemond Massé, que chegaram à Acádia (Nova Escócia), instalaram-se em Port Royal (hoje a cidade de Annapolis) e iniciaram sua tarefa de evangelizar os índios suriqueses. Seu primeiro trabalho foi aprender a língua. O padre Massé internou-se nas florestas para viver entre aquelas tribos nômades e recolher todos os dados possíveis sobre seus costumes e sua língua, enquanto o padre Biard permaneceu no povoado de Port Royal, onde tentava atrair, com presentes de alimentos e guloseimas, os poucos índios que ali havia, a fim de que lhe ensinassem as palavras necessárias para lhes falar. Ao cabo de um ano, os dois sacerdotes haviam adquirido os conhecimentos indispensáveis para escrever um catecismo na língua indígena e começar a ensiná-lo. Descobriram imediatamente que uma das duas tribos com as quais tinham que lidar, os etchemines, era decididamente hostil ao cristianismo, enquanto os suriqueses, se bem que se mostrassem mais bem dispostos, careciam de todo senso religioso. Não havia um que deixasse de se entregar à embriaguez e à feitiçaria, e todos, sem exceção, praticavam a poligamia. Contudo, quando se uniram aos missionários os novos colonos franceses, outros dois sacerdotes jesuítas e um irmão leigo, pareceu que o trabalho de evangelização se encontrava em bom caminho. Mas tudo aquilo foi bruscamente interrompido em 1613, quando o capitão pirata de um navio mercante inglês, à frente de toda a sua tripulação, praticou uma devastadora incursão em Port Royal: houve um saque desenfreado, todos os estabelecimentos dos colonos foram incendiados e um grupo de quinze deles, inclusive o padre Massé, foi metido em uma barca e deixado à deriva em alto-mar. Depois, o capitão inglês partiu em sua nau para a Virgínia e levou consigo o padre Biard e o padre Quentin. Os missionários acabaram por conseguir regressar à França, mas, já então, a tarefa de pregar o Evangelho entre os indígenas da Acádia ficou absolutamente paralisada.
Entretanto, Champlain, o governador da Nova França, solicitava com insistência o envio de bons religiosos, até que, em 1615, chegaram a Tadoussac vários franciscanos. Aqueles frades trabalharam heroicamente durante algum tempo, mas ao verem que não lhes era possível obter os homens e os meios necessários para desenvolver devidamente a tarefa, pediram a ajuda dos jesuítas. No mesmo ano, três sacerdotes da Companhia de Jesus desembarcaram em Quebec, justamente quando os indígenas acabavam de matar o frade franciscano Vial e seu catequista e de lançar seus cadáveres ao rio, na parte dos rápidos que até hoje se conhece como Soult-au-Récollet. Dos três recém-chegados, um era o padre Massé que, a salvo de sua anterior e terrível experiência, regressava ao seu antigo campo de trabalho, mas os outros dois, o padre Brébeuf e o padre Charles (ou Carlos) Lalemant, eram novos na difícil missão. Quando o padre Jean de Brébeuf ingressou no seminário da Companhia em Rouen, aos vinte e quatro anos, sua constituição era tão débil e enfermiça que não pôde prosseguir o curso normal dos estudos, nem suportar os períodos de ensino durante muito tempo. Por isso, causa assombro que aquele tuberculoso inválido se transformasse, em poucos anos, no titânico apóstolo dos hurões, cuja capacidade de suportar as penalidades, cuja coragem diante do perigo, cuja firmeza e energia eram tão extraordinárias que, quando os índios o mataram, beberam seu sangue para adquirir sua valentia.

Como o padre Brébeuf não se atrevia a enfrentar logo os hurões, permaneceu durante algum tempo com os algonquinos, em condições de vida muito penosas, para aprender sua língua e conhecer seus costumes. No ano seguinte, em companhia de um franciscano e de outro jesuíta, internou-se na região dos hurões. Durante a caminhada de quase mil quilômetros, houve trinta e cinco ocasiões em que, devido aos rápidos nas correntes dos rios, tiveram de carregar a canoa e todos os fardos de provisões para continuar a pé. Os três sacerdotes estabeleceram finalmente sua residência no lugar chamado Tod's Point, mas muito em breve foi ordenado o regresso dos dois companheiros do padre Brébeuf, e este ficou sozinho entre os hurões, cujo modo de vida, menos nômade que o de outras tribos, oferecia melhores perspectivas aos missionários para desenvolver seu trabalho. Não tardou muito em descobrir que todos os habitantes da região o olhavam com desconfiança, nutriam sinistras suspeitas sobre suas atividades, o responsabilizavam por qualquer calamidade ou infortúnio que lhes acontecesse e experimentavam um terror supersticioso diante da cruz que se erguia sobre o teto de sua cabana. Durante aquele período, o padre Brébeuf foi incapaz de conseguir uma só conversão entre os hurões e já não houve tempo de fazer novas tentativas, porque as circunstâncias não lhe permitiram ficar. A colônia francesa estava desamparada: os ingleses haviam fechado o rio São Lourenço ao tráfego dos colonos e não chegava para estes nenhum abastecimento nem ajuda da França. O governador Champlain viu-se obrigado a render-se; os colonos e os missionários, expulsos, tiveram de regressar ao seu país, e o Canadá se converteu, pela primeira vez e por breve período, em uma colônia britânica. Contudo, o incansável Champlain entrou imediatamente em atividade, levou o caso aos tribunais ingleses em Londres e pôde provar, de maneira conclusiva, que a invasão da colônia era uma usurpação injusta. No ano de 1632, o Canadá voltou às mãos da França.
Imediatamente, convidaram novamente os franciscanos a regressar, mas como careciam de um número suficiente de missionários, foram os jesuítas, mais uma vez, que assumiram o trabalho de evangelização. O padre Le Jeune, chefe da missão, chegou à Nova França em 1632, seguido pelo padre Antoine Daniel e, em 1633, os padres Brébeuf e Massé, veteranos naquelas lides, chegaram junto com o governador Champlain. O padre Le Jeune, que antes de abraçar o sacerdócio havia sido huguenote, era um homem de extraordinária habilidade e ampla visão. Considerava que a missão não era um assunto para uns poucos sacerdotes e os poucos fiéis que os apoiassem, mas uma empresa de grande envergadura da qual deveriam se interessar todos os católicos franceses. Em consequência, concebeu e realizou o plano de manter toda a nação bem informada sobre as verdadeiras condições no Canadá, por meio de uma série de descrições gráficas, que se iniciou com as de suas experiências pessoais sobre a viagem, as explorações e suas primeiras impressões a respeito dos indígenas. Essas informações foram escritas e enviadas à França em um prazo de dois meses para serem publicadas ao final do ano. Essas mensagens, conhecidas como as “Relações Jesuíticas”, foram trocadas quase sem interrupção entre a “Nova” e a “Velha” França e, com frequência, incluíam cartas de outros jesuítas como Brébeuf e Perrault. As Relações despertaram vivo interesse, não apenas na França, mas em toda a Europa, a tal ponto que, desde sua publicação, iniciou-se uma grande corrente de emigração do Velho Continente e muito em breve, bom número de religiosos, homens e mulheres, chegou para trabalhar entre os índios e dar ajuda espiritual aos colonos. O padre Antoine Daniel, que viria a ser o companheiro do padre Brébeuf durante algum tempo, era, como este, natural da Normandia. Estava cursando estudos de direito quando decidiu ingressar na Companhia de Jesus e, antes de partir para o Novo Mundo, havia estado em estreito contato com todos os que pudessem informá-lo sobre a missão do Canadá.

Quando os hurões chegaram a Quebec para assistir à feira anual, alegraram-se muito ao ver novamente o padre Brébeuf e se agruparam em torno dele para ouvi-lo falar em sua própria língua. Muitos dos indígenas lhe pediram que regressasse com eles à sua região e ele estava muito disposto a segui-los, mas, na última hora, os hurões, atemorizados pelas ameaças de um chefe de Ottawa, recusaram a companhia do sacerdote. Durante a feira do ano seguinte, entretanto, os próprios hurões rogaram ao padre Brébeuf, ao padre Daniel e a outro sacerdote chamado Darost, que fossem morar com eles como seus hóspedes. Após uma jornada cheia de penúrias, durante a qual foram até mesmo roubados e abandonados por seus guias, chegaram os três jesuítas ao seu destino, onde os próprios hurões lhes construíram uma ampla cabana. Brébeuf ensinou a seus companheiros o idioma local e, muito em breve, o padre Daniel, que demonstrou ser um aluno aplicado, pôde recitar com as crianças o Pai-Nosso, durante as reuniões que o padre Brébeuf promovia em sua cabana. A religião, tal como a entendiam os índios, fundava-se exclusivamente no temor, e os missionários tiveram de se conformar em começar a ensinar-lhes o que pudessem aprender de bom grado. “Começamos a catequizá-los”, escreveu Brébeuf, “inculcando-lhes a memorável verdade de que suas almas são imortais e que, depois da morte do corpo, vão para o inferno ou para o Céu. Desta maneira nos aproximamos deles em público ou em privado. Eu lhes explico que em suas mãos está escolher o que quiserem para sua vida eterna”. Houve então uma época de grande seca e ameaçava declarar-se a fome; os feiticeiros do lugar não podiam fazer nada para deter a catástrofe, e todos os índios estavam à beira do desespero. Então apelaram ao padre Brébeuf, que lhes recomendou que se dedicassem à oração e iniciou com eles uma novena; no último dia de orações caiu abundante chuva e as colheitas foram salvas. Os hurões ficaram muito impressionados; mas os anciãos da tribo se aferravam às suas antigas tradições e os homens maduros e jovens eram indiferentes e despreocupados. Os missionários jesuítas nunca administravam o batismo a adultos sem antes submetê-los a uma longa preparação na qual dessem provas de constância; apenas batizavam os enfermos prestes a morrer, dos quais havia sempre muitos, devido à persistência das epidemias. As crianças, por sua vez, eram dóceis e bem dispostas a aprender, e, no entanto, os vícios eram praticados tão abertamente, que era quase impossível evitar que os pequenos se contaminassem com as degenerações de seus maiores. Por isso, decidiu-se estabelecer em Quebec um seminário para os indígenas, e o padre Daniel, com dois ou três meninos hurões, partiu para a cidade a fim de fundar o que veio a ser o centro das esperanças dos missionários. O próprio padre Daniel era o mestre, o tutor, o enfermeiro e o companheiro de jogos dos primeiros seminaristas. Durante algum tempo, o padre Brébeuf ficou sozinho entre os hurões e aproveitou aquela circunstância para escrever um tratado de instruções, que posteriormente se tornou famoso, destinado aos que viessem a participar das missões entre os indígenas.
Em 1636, chegaram outros cinco jesuítas, entre os quais dois estavam destinados a figurar no número dos mártires: o padre Jogues, que se tornaria o apóstolo da nova nação indígena, e o padre Garnier. Isaque Jogues, natural de Orléans, ingressou aos dezessete anos de idade no noviciado da Companhia em Rouen e daí passou ao colégio real de La Flèche, considerado por Descartes como o primeiro colégio da Europa. Depois de sua ordenação, foi destinado ao Canadá e empreendeu a viagem junto com o governador da Nova França, Huault de Montmagny. Carlos Garnier era um parisiense educado no Colégio de Clermont. Aos dezenove anos ingressou no noviciado e, após sua ordenação, em 1635, ofereceu-se para a missão do Canadá. Partiu junto com Jogues em 1636. Garnier tinha então trinta anos e Jogues vinte e nove.
Enquanto o padre Brébeuf esteve sozinho entre os hurões, presenciou a comoção dos preparativos de guerra para repelir uma invasão dos iroqueses, os inimigos tradicionais, e após as batalhas, foi testemunha obrigada da espantosa cena das torturas e da morte de um prisioneiro iroquês. O sacerdote não pôde fazer nada para evitar aquelas crueldades incríveis, mas como havia batizado o cativo pouco antes, impôs-se a obrigação de permanecer ao seu lado para animá-lo e ajudá-lo a bem morrer. Assim presenciou a manifestação de um novo aspecto do caráter dos indígenas, que foi toda uma revelação para ele.
“A forma como zombaram de sua vítima foi verdadeiramente diabólica”, escreveu o padre Brébeuf. “Quanto mais queimavam suas carnes e quebravam seus ossos, mais o lisonjeavam e até o acariciavam. Foi uma horrível tragédia que durou toda a noite”. Não sabia então o sacerdote que presenciava o mesmo que ele próprio iria sofrer.

Cinco dos missionários recém-chegados partiram imediatamente para reunir-se com o padre Brébeuf, e o padre Jogues, que não havia sido destinado aos hurões, também foi somar-se à missão alguns meses depois. Uma das frequentes epidemias que assolava então a região atacou vários dos novos missionários e, apesar de que estes, mesmo os convalescentes, ajudavam em tudo o possível os índios enfermos, os feiticeiros do lugar se encarregaram de fazer correr o rumor de que a chegada dos estrangeiros era a causa do mal que atacava os indígenas. A duras penas e apenas temporariamente, os missionários enfrentaram aquela campanha de calúnias.
Não obstante todos aqueles contratempos, no mês de maio de 1637, Brébeuf sentiu-se impelido a escrever ao padre geral de sua ordem nestes termos:
“Somos ouvidos com complacência, batizamos mais de 200 este ano e, de quase todas as aldeias e povoados da região, fomos convidados a visitá-los. Por outra parte, como resultado desta última epidemia e dos rumores que fizeram circular os feiticeiros, as gentes nos conhecem mais e melhor e, pelo menos, a julgar por nossa conduta, compreendem que não viemos comprar peles nem comerciar com eles, mas unicamente ensiná-los e procurar para eles a salvação de sua alma e, em última instância, a felicidade que durará eternamente”.
Não passou muito tempo sem que a esperança dos missionários recebesse um novo golpe, por causa do ressurgimento das suspeitas dos indígenas, que culminou em um conselho de vinte e oito anciãos da tribo que, praticamente, submeteram a julgamento em ausência todos os sacerdotes missionários. Diante das acusações, o padre Brébeuf defendeu-se e defendeu brilhantemente seus companheiros, mas, ao cabo de novos concílios e interrogatórios, foi informado de que, por decisão do povo, ele e seus companheiros deviam morrer. Os missionários receberam as coisas com calma; entre todos, redigiram um último informe e declaração para seus superiores e, depois, o padre Brébeuf convidou os índios para sua festa de despedida. No transcurso daquele ágape, o sacerdote lhes falou sobre a vida após a morte, com palavras tão simples e acento tão emocionado, que os indígenas se comoveram, proclamaram sua decisão de que o padre Brébeuf permanecesse com eles e comprometeram-se a deixar em paz os outros missionários. Estabeleceu-se uma segunda missão na localidade vizinha de Teanaustaye, e o padre Lalemant ficou encarregado da nova casa e da antiga, enquanto o padre Brébeuf assumiu a frente de uma terceira casa, chamada Sainte-Marie, a pouca distância dos povoados indígenas. Aquele estabelecimento foi como o escritório central das missões e o quartel-general dos sacerdotes e seus ajudantes, assim como o refúgio para os lavradores e soldados franceses. Ali construíram-se um hospital e um forte, estabeleceu-se um cemitério e, durante cinco anos, os missionários trabalharam com perseverança. Com frequência, empreenderam longas e perigosas expedições aos territórios de outras tribos, como os petum ou índios do tabaco, os ojibways e os neuters, que viviam nas terras ao norte do lago Erie. Era muito rara a ocasião em que aqueles indígenas recebiam bem a visita dos sacerdotes. Em 1637, o primeiro indígena adulto recebeu o batismo; dois anos mais tarde, haviam sido batizados outros oitenta e, em 1641, mais sessenta receberam o sacramento. Os números não indicavam um grande progresso, mas em contrapartida demonstravam que era possível a conversão dos indígenas.
O padre Lalemant, na relação que escreveu em 1639, dizia: “Às vezes nos temos perguntado se podemos ter esperanças na conversão deste país, sem chegar ao derramamento de sangue”. Ao mesmo tempo, pelo menos dois dos missionários, o padre Brébeuf e o padre Jogues, oravam continuamente para tomar parte na glória do sofrimento, ainda que não do martírio. No ano de 1642, a terra dos hurões estava assolada por calamidades: as colheitas eram muito pobres, abundavam as doenças e não havia maneira de obter roupas. Quebec era a única fonte de abastecimentos e, por acordo geral dos missionários, elegeu-se o padre Jogues para conduzir uma expedição à cidade. O sacerdote chegou bem ao seu destino e empreendeu o regresso com abundantes provisões para a missão, mas os iroqueses, ferrenhos inimigos dos hurões e os mais ferozes dos indígenas das tribos, estavam de tocaia e haviam armado uma emboscada aos expedicionários.
A história do ataque, do cativeiro, dos maus-tratos, das torturas a que foram submetidos os expedicionários não pode ser relatada aqui. Basta informar que o padre Jogues e seu ajudante, René Goupil, além de terem sido espancados várias vezes e golpeados pelos punhos de seus captores, tiveram que suportar que lhes arrancassem o cabelo da cabeça e da barba, assim como as unhas de todos os dedos e, ainda, o dedo indicador lhes foi arrancado a mordidas até a raiz. Mas o que mais afligia o sacerdote era a crueldade brutal com que foram tratados os indígenas cristãos convertidos por ele.

O primeiro a morrer martirizado, em 29 de setembro de 1642, foi RENÉ GOUPIL, despedaçado pelas machadinhas (tomahawks) que lhe arrojavam de certa distância, por ter feito o sinal da cruz sobre a cabeça de algumas crianças. Aquele René Goupil foi um homem extraordinário. Havia-se esforçado por fazer parte da Companhia de Jesus e inclusive ingressara no noviciado, mas sua precária saúde o obrigou a abandonar a tentativa. Então, seguiu a carreira de medicina e conseguiu trasladar-se ao Canadá, onde ofereceu seus serviços aos missionários, cuja fortaleza chegou a emular.
O padre Jogues permaneceu como escravo entre os mohawks, uma das tribos dos iroqueses, que já haviam decidido matá-lo. Deve sua libertação aos colonos holandeses que, desde que souberam das penúrias que sofriam os cativos, haviam tentado salvá-los. Graças às gestões do governador do Forte Orange e do governador da colônia da Nova Holanda, o padre Jogues foi embarcado em uma nau que o conduziu à Inglaterra e daí trasladou-se à sua nativa França, onde sua chegada despertou inusitado interesse. Como tinha os dedos mutilados, estava-lhe vedado celebrar a Missa, mas o Papa Urbano VIII lhe concedeu uma permissão especial para fazê-lo, posto que “seria uma injustiça que um mártir por Cristo não bebesse o sangue de Cristo”. No início de 1644, o padre Jogues navegava outra vez rumo à Nova França. Ao chegar a Montreal, que acabava de ser fundada, começou a trabalhar entre os índios das proximidades, na espera do momento de voltar à terra dos hurões, uma viagem que era cada vez mais perigosa, porque os índios iroqueses estavam de tocaia ao longo de todo o caminho. Por aquele tempo e de forma inesperada, esses indígenas enviaram uma embaixada à localidade de Três Rios, para negociar a paz. O padre Jogues, que se encontrava presente nos parlamentos, advertiu que não haviam comparecido os representantes de Ossernenon, a aldeia principal da tribo. Além disso, no curso das conversações, resultou evidente que os iroqueses só queriam fazer as pazes com os franceses e não com os hurões. De qualquer modo, resolveu-se enviar uma delegação da Nova França para parlamentar com os chefes iroqueses em Ossernenon, e o padre Jogues foi nomeado principal embaixador, junto com Jean Bourdon, que representava o governo da colônia.
A comitiva partiu pela rota do Lago Champlain e do Lago George e, depois de empregar os dias de uma semana em confirmar os detalhes do pacto, regressou a Quebec. O padre Jogues deixou em Ossernenon uma grande caixa cheia de artigos religiosos, porque tinha a intenção de regressar como missionário entre os mohawks e lhe resultava conveniente desfazer-se de um dos volumes. Aquela caixa foi a causa de seu martírio. Antes da chegada da comitiva, os mohawks haviam recolhido uma má colheita e, tão logo partiram os embaixadores, assolou a comarca uma terrível epidemia que os indígenas atribuíram aos “demônios escondidos na caixa do padre Jogues”. Por isso, assim que souberam que o sacerdote realizava uma terceira visita às suas aldeias, armaram-lhe uma cilada na qual caíram ele e seu companheiro Lalande. Ambos foram golpeados, despojados de tudo o que levavam e conduzidos a Ossernenon, meio desnudos e atados com cordas. Seus captores eram membros da tribo do Urso e, ainda que os indígenas de outros grupos familiares tentassem proteger os cativos e decidir sua sorte em um conselho, os primeiros se negaram a toda clemência. Na tarde de 18 de outubro, o padre ISAQUE JOGUES foi convidado a comer em uma cabana e, tão logo entrou, os indígenas ali reunidos lhe arremessaram suas machadinhas e lhe deram morte. Cortaram a cabeça do cadáver e a colocaram na ponta de um pau, voltada na direção do caminho por onde havia chegado o sacerdote.[a]
No dia seguinte, seu companheiro JEAN LALANDE e o guia, um indígena hurão, foram igualmente mortos a golpes de machado, decapitados e lançados seus corpos ao rio. Jean Lalande, assim como René Goupil, era um donné ou “doado” da missão. O martírio do padre Jogues decidiu a sorte dos hurões, cuja única esperança de obter a paz residia nos bons ofícios do missionário entre seus ferozes inimigos, os iroqueses. Por aquele tempo, os hurões começavam a aceitar a fé cristã em número considerável e havia vinte e quatro missionários, inclusive o padre Daniel, trabalhando entre eles. Na realidade, o país dos hurões estava a caminho de se tornar cristão e, se tivessem gozado de um período de paz, toda a tribo se teria convertido, mas os iroqueses não cessavam suas hostilidades. Depois de uma série de ataques e saques às aldeias huronas, sem que se salvasse nenhum de seus habitantes, no dia 4 de julho de 1648, apareceram em Teanaustaye, precisamente quando o padre Daniel acabava de celebrar a Missa. Ao ver o inimigo, apoderou-se de todos um grande pânico e muitos entre eles buscaram amparo junto ao sacerdote, que começou a batizá-los rapidamente. Mas eram tantos os que lhe imploravam o sacramento na presença do perigo, que acabou por molhar seu lenço e os batizou coletivamente, por aspersão. Entretanto, os iroqueses se apoderavam da aldeia, palmo a palmo, e os fiéis instavam o padre Daniel a escapar, mas este se negou e, em vez de fugir, foi visitar alguns anciãos e enfermos que, desde tempo atrás, preparava para o batismo. Fez um rápido percurso pelas cabanas para animar os assustados habitantes e regressou à igreja, que encontrou cheia de cristãos indígenas. Falou-lhes para dar instruções a fim de que escapassem enquanto pudessem fazê-lo e, depois, saiu sozinho da igreja para ir ao encontro do inimigo. Ao verem o padre ANTOINE DANIEL, os iroqueses o cercaram e começaram a disparar-lhe flechas até que caiu morto. Desnudaram o cadáver, lançaram-no dentro da igreja e atearam fogo ao edifício. Como diz o narrador daquele martírio, “o padre Daniel não poderia ter sido mais gloriosamente consumido do que na pira daquela capela ardente”.
Durante o ano seguinte, em 16 de março de 1649, os iroqueses atacaram a aldeia em que se encontravam os padres JEAN DE BRÉBEUF E GABRIEL LALEMANT. Entre os jesuítas que chegaram à Nova França, Gabriel Lalemant foi o último dos mártires. Dois de seus tios haviam sido missionários no Canadá, e ele mesmo, depois de fazer seus votos como sacerdote jesuíta em Paris, acrescentou um quarto voto: o de oferecer sua vida em sacrifício pela salvação dos índios. Teve de aguardar catorze anos para cumprir aquele voto.

As torturas às quais foram submetidos os dois sacerdotes foram das mais atrozes de quantas registra a história. Depois de os despirem completamente e golpeá-los com paus em todas as partes de seus corpos, o padre Brébeuf ergueu-se a duras penas e começou a exortar e animar os cristãos que o rodeavam. A um dos dois sacerdotes cortaram ambas as mãos; a ambos aplicaram ferros aquecidos nas fogueiras, nas axilas e nos flancos, e puseram sobre os ombros colares feitos de pontas de lança incandescentes. Depois, os algozes lhes colocaram em torno da cintura faixas de casca de árvores embebidas em resinas, às quais atearam fogo. Em meio àqueles tormentos atrozes, o padre Lalemant levantava os olhos ao céu e implorava a Deus com gestos e sinais, enquanto o padre Brébeuf mantinha tensos os músculos do rosto, que parecia de pedra, como se fosse insensível à dor. Em certo momento, como se de repente houvesse recobrado o pleno conhecimento, começou a falar a seus algozes e aos cristãos cativos, até que aqueles, para fazê-lo calar, cortaram-lhe a ponta do nariz e rasgaram-lhe os lábios e, depois, como uma burlesca simulação do batismo, derramaram sobre ele e seu companheiro caldeirões de água fervente. Por fim, começaram a cortar-lhes grandes pedaços de carne que atiravam ao fogo para assá-la e, depois, a ambos abriram uma grande incisão sobre o peito e lhes arrancaram o coração, não sem antes recolher o sangue em tigelas para bebê-lo ainda quente.
O martírio dos dois missionários e a matança dos hurões, longe de satisfazer a ferocidade dos iroqueses, avivou sua sede de sangue. Antes de terminar o ano de 1649, já haviam penetrado até a comarca de Tahaco, onde o padre CARLOS GARNIER havia fundado uma missão em 1641 e onde os jesuítas já possuíam duas casas. Quando os habitantes da aldeia de Saint-Jean souberam que o inimigo se aproximava, enviaram os homens ao seu encontro, mas os atacantes, informados por seus espiões sobre a condição indefesa em que havia ficado o povoado, deram a volta para evitar o encontro com os guerreiros enviados contra eles e chegaram de surpresa a Saint-Jean. No curso da indescritível orgia de sangue que se produziu durante o ataque, o padre Garnier, o único sacerdote naquela missão, corria de um lugar a outro, à vista do inimigo, para dar a absolvição aos cristãos moribundos, batizar as crianças e os catecúmenos e consolar a quem pudesse, sem se preocupar em nada com o próprio perigo. Quando se afanava nessas tarefas, foi morto pelos disparos de mosquete de um iroquês. Ainda que estivesse ferido de morte, fez um esforço para arrastar-se a atender a outro moribundo que estava próximo, mas após algumas vãs tentativas, ficou exânime no chão e um índio que passava correndo, para rematá-lo, lançou-lhe o machado que ficou cravado em sua cabeça. Terminada a matança, alguns dos índios cristãos sepultaram os restos do padre Garnier no lugar onde havia estado sua igreja.

O padre NOËL CHABANEL, o missionário que trabalhava junto com o padre Garnier, encontrava-se ausente no momento do ataque, mas não pôde escapar. Precisamente caminhava em direção à sua missão com alguns hurões cristãos, quando ouviu os gritos dos iroqueses que regressavam de Saint-Jean. O sacerdote deu instruções a seus fiéis para que fugissem e se ocultassem nos bosques e, quando todos já se haviam dispersado, dispôs-se a segui-los. A passo lento, porque estava exausto, internou-se na espessura e, desde então, nunca mais se soube nada dele. Algum tempo depois, um hurão apóstata confessou que havia matado a punhaladas o padre Chabanel, simplesmente por seu ódio à fé cristã. Não foi Chabanel o menos heróico entre os mártires. É certo que não possuía a mesma capacidade de adaptação que os demais; nunca conseguiu aprender o idioma dos “selvagens”, como ele os chamava, e experimentava uma sincera repugnância ao vê-los, ao tratá-los, diante de sua maneira de comer e de viver. Além disso, durante toda a sua estadia no Canadá, havia experimentado uma secura espiritual que o fazia sofrer terrivelmente. E, no entanto, a fim de se atar de maneira inviolável ao trabalho que aborrecia, fez o voto solene diante do Santíssimo Sacramento, de permanecer na missão até sua morte. O sacrifício daqueles nobres mártires deu um resultado maravilhoso, pois não havia transcorrido muito tempo depois de sua morte, quando as verdades que eles proclamavam foram aceitas por todos, até mesmo por seus próprios verdugos, e os missionários que lhes sucederam conquistaram para o cristianismo todas as tribos com as quais tiveram contato os primeiros jesuítas chegados ao Canadá.
Os Mártires da América do Norte são: Santos João de Brébeuf, Isaque (ou Isaac) Jogues, Antônio Daniel, Gabriel Lalemant, Carlos Garnier, Noél Chabanel, René Goupil e João Lalande. Todos eles foram canonizados em 1930. A Companhia de Jesus celebra sua Festa nesta data e em 16 de março, em todos os Estados Unidos e no Canadá.
A principal das fontes de informação relativas a esses mártires é, naturalmente, a coleção das cartas, relatórios e relações dos próprios missionários. Esses documentos estão ao alcance de todos os interessados, nas várias edições e traduções das Relações Jesuíticas. Entre os vários livros que oferecem narrativas mais concretas, podem-se mencionar The Jesuit Martyrs of North America (1925), de J. Wynne; The Jesuit Martyrs of Canada (1925), de E. J. Devine e Pioneer Priest of North America, de T. J. Campbell, em versões em inglês. Em francês, conta-se com Martyrs de la Nouvelle France, de Rigaul e Goyau, e Martyrs du Canada (1930), de H. Fouquenay, que deve ser recomendado por sua excelente bibliografia. Também foram escritas biografias de vários mártires em particular, como as de Jogues, Brébeuf e Garnier, por F. Martin. Muitos historiadores não católicos prestaram generoso tributo a esses gloriosos missionários, sobretudo F. Parkman em The Jesuits in North America (1868). Há trabalhos mais recentes de autores estadunidenses como O'Brien, em The American Martyrs; F. X. Talbot, em A Saint among the Savages e A Saint among the Hurons, assim como a obra de E. M. Jury, Saint-Marie among the Hurons (1953). Veja-se também o Étude sur les Relations des Jésuites de la Nouvelle France (1940) e o Étude sur les écrits de S. Jean de Brébeuf (dois vols. 1953), de R. Latourelle. [1]

Cipriano, chamado “o Mago”, natural de Antioquia, havia sido educado em todos os ímpios mistérios da idolatria, da astrologia e da magia negra. Com a esperança de fazer grandes descobertas nas artes infernais, partiu de sua pátria ainda muito jovem e visitou Atenas, o Monte Olimpo na Macedônia, Argos e Frígia, a cidade egípcia de Mênfis, a Caldeia e as Índias, todos lugares que, então, eram famosos por suas superstições e práticas de magia. Quando Cipriano encheu a cabeça com todas as extravagâncias dessas escolas de maldades e embustes, não hesitou diante de nenhum crime, blasfemou de Cristo, cometeu toda sorte de atrocidades e assassinou muitos, em segredo, para oferecer o sangue ao diabo e buscar nas entranhas das crianças os sinais dos acontecimentos futuros. Também não teve escrúpulos em recorrer às suas artes para atentar contra a castidade das mulheres. Naquele tempo vivia em Antioquia uma jovem chamada Justina, cuja beleza era tão extraordinária que ninguém podia deixar de contemplá-la. Nascida de pais pagãos, ao escutar as pregações de um diácono, abraçou o cristianismo, e sua conversão foi seguida pela do pai e da mãe. Aglaídes, um jovem pagão, se enamorou perdidamente dela e, ao ver que lhe seria muito difícil dobrar a vontade da donzela, recorreu a Cipriano para que o ajudasse com suas artes mágicas. Mas Cipriano já estava tão apaixonado pela bela jovem quanto Aglaídes e já havia lançado mão de seus mais poderosos segredos para conquistar seu afeto. Justina, ao se ver assediada por seus dois pretendentes, fortaleceu sua virtude com oração, vigilância e mortificação; tomou o nome de Cristo como escudo contra os artifícios e feitiçarias e suplicou à Virgem Maria que viesse em auxílio de uma donzela em perigo. Graças a isso, em três ocasiões rejeitou uma legião de demônios enviados por Cipriano para assaltá-la, apenas soprando sobre eles e fazendo o sinal da cruz.

Quando Cipriano percebeu que estava diante de um poder superior, ameaçou seu principal emissário, que era o próprio Satanás, com deixar de prestar-lhe serviços se não o ajudasse mais eficazmente a alcançar seus propósitos. O diabo, furioso diante da perspectiva de perder um colaborador que lhe havia proporcionado tantas almas, precipitou-se enfurecido sobre Cipriano, mas este rejeitou o ataque do príncipe infernal fazendo o sinal da cruz. A partir desse momento, a alma negra do mago pecador, presa de arrependimento, mergulhou numa profunda melancolia, e a lembrança e exame de seus passados crimes o levaram à beira do desespero. Nesse estado de espírito, cheio de confusão, Deus lhe inspirou a ideia de consultar um sacerdote e dirigiu-se a um chamado Eusébio, que havia sido seu companheiro de estudos, o qual o consolou em suas penas e o alentou em sua conversão. Cipriano, que havia estado tão transtornado que passou dias inteiros sem comer, conseguiu enfim se fortalecer com um pouco de alimento, permaneceu junto de seu amigo sacerdote e, no domingo seguinte, este o levou à assembleia dos cristãos. Cipriano ficou tão impressionado com o recolhimento e a devoção com que os fiéis praticavam o culto divino que, ao término da celebração, declarou:
“Acabo de ver os seres celestiais, verdadeiros anjos que cantam a Deus, e suas vozes adquirem um acento ultraterreno, sobretudo quando, ao fim de cada estrofe dos salmos, acrescentam a palavra hebraica ‘Aleluia’, de uma maneira que já não parecem seres humanos”.[b]
Todos os fiéis, por sua vez, ficaram atônitos ao ver entre eles Cipriano, o perverso mago, acompanhado por um sacerdote. O bispo apenas com muita dificuldade pôde admitir a sinceridade de sua conversão. O próprio Cipriano lhe deu a prova convincente queimando, diante do prelado, todos os seus livros e aparelhos de magia. Depois disso, distribuiu seus bens entre os pobres e ingressou entre os catecúmenos.

Ao término da devida preparação, recebeu o sacramento do batismo das mãos do bispo. Aglaídes, o outro apaixonado de Justina, também se converteu, graças às virtudes da donzela, e foi batizado. A própria Justina se sentiu comovida diante daqueles maravilhosos exemplos da misericórdia divina, a ponto de cortar sua bela cabeleira, como sinal de que consagrava sua virgindade a Deus, desprendeu-se de todas as suas joias e ricas vestes para vendê-las e distribuir o dinheiro entre os pobres. Cipriano foi primeiro encarregado de receber as esmolas à porta da casa da comunidade cristã e, mais tarde, foi elevado ao sacerdócio. À morte do bispo Antimo, ele ocupou a sede episcopal de Antioquia (nenhum dos bispos conhecidos de Antioquia da Síria ou de Antioquia da Pisídia levou os nomes de Cipriano ou de Antimo). Quando se iniciou a perseguição de Diocleciano, o bispo Cipriano foi preso e obrigado a comparecer diante do governador da Fenícia, que tinha sua residência em Tiro. Justina retirou-se para Damasco, sua cidade natal que, então, estava submetida à autoridade do governador da Fenícia e, quando caiu nas mãos dos perseguidores, foi levada diante do mesmo juiz que processava Cipriano. Justina foi inumanamente açoitada enquanto o corpo de Cipriano foi dilacerado pelos ganchos de aço. Após essas torturas, os dois foram acorrentados e assim marcharam a Nicomédia para comparecer diante do próprio Diocleciano. Este não fez mais do que ler a carta em que o governador da Fenícia lhe indicava as acusações que pesavam sobre os réus e ordenou que fossem decapitados. A sentença foi executada na margem do Gallus, depois que os soldados fizeram uma tentativa vã de matar os mártires num caldeirão de piche fervente.
Esta lenda foi muito popular, como atestam os diversos textos em latim e em grego, sem falar dos que existem em outros idiomas. Certamente uma parte da história já era conhecida antes da época de São Gregório Nazianzeno, porque os pregadores do ano 379 atribuíam a São Cipriano de Cartago numerosos incidentes tomados da lenda de São Cipriano de Antioquia. Sobre isso convém ver o artigo de Delehaye, Cyprien d'Antioche et Cyprien de Carthage, no Analecta Bollandiana, vol. xxxiv (1921), pp. 314-332. À parte o texto da lenda, que pode ser encontrado no Acta Sanctorum, set. vol. VII, dela surgiu uma literatura muito abundante. Veja-se, por exemplo: Cyprian von Antiochien und die Deutsche Faustsage (1882), de T. Zahn; o Cyprian der Magier, no Nachrichten de Göttingen, 1917, pp. 38-70; e o Griechische Quellen zur Faustsage, no Sitzungsberichte de Viena, vol. 206, 1927. A mesma lenda foi tomada por Calderón de la Barca para escrever um de seus dramas mais famosos: El Mágico Prodigioso. Alguns trechos dessa peça foram reproduzidos por Shelley em suas Escenas de Calderón. [2]
Referência:
Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 3, pp. 667-676.
Ibid. pp. 676-678.
Notas:
a. A cidade de Ossernenon, cenário daqueles martírios, foi o lugar onde, dez anos mais tarde, veio ao mundo Kateri Tekakwitha, a donzela mohawk cujas virtudes foram declaradas heroicas por S. S. Pio XI.
b. Numa nota escrita por Butler em seu artigo sobre este santo, relata-se uma anedota que ilustra admiravelmente o conhecimento de Deus e certas atitudes diante do culto católico durante o século dezoito. Certo dia, em que Lord Bolingbroke assistia à Missa na capela de Versalhes, impressionou-se de tal maneira ao ver o bispo celebrante no momento da elevação da hóstia, que murmurou ao ouvido de seu vizinho, o marquês de X: “Se eu fosse o rei da França, diariamente celebraria essa cerimônia tão emocionante”.


























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