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São Hilarião e Santas Úrsulas e Companheiras Mártires (21 de outubro)



Hilário, o Grande, Menológio de Basílio II, século X.
Hilário, o Grande, Menológio de Basílio II, século X.

Hilarião nasceu numa aldeia chamada Tabatha, ao sul de Gaza. Seus pais eram idólatras. O jovem estudou em Alexandria, onde conheceu a fé católica e recebeu o batismo por volta dos quinze anos de idade. Tendo ouvido falar de Santo Antão, foi visitá-lo no deserto, permanecendo dois meses observando o modo de vida do santo eremita. No fim desse tempo, desgostoso com a quantidade de peregrinos que acorriam à cela de Santo Antão para pedir curas e libertações, retornou à sua pátria para servir a Deus em total solidão. Como seus pais haviam morrido durante sua ausência, São Hilarião deu parte de seus bens aos irmãos e o restante aos pobres, sem nada reservar para si (pois recordava o exemplo de Ananias e Safira, como observa São Jerônimo). Em seguida, retirou-se a dez quilômetros de Majuma, em direção ao Egito, e estabeleceu-se nas dunas, entre a beira-mar e um pântano. Era um jovem muito delicado, sensível aos menores excessos de frio e calor. Apesar disso, vestia apenas uma camisa de pelos, uma túnica de couro que Santo Antão lhe dera e um pequeno manto de tecido simples. Não trocou de túnica senão quando a que usava se desfez em pedaços e jamais lavou sua camisa, dizendo: “É uma ociosidade lavar uma camisa de pelos.” Alban Butler comenta que “o respeito devido ao próximo é incompatível com esse tipo de mortificação no mundo.”


Durante muitos anos, Hilarião não comeu mais do que quinze figos por dia e nunca antes do pôr do sol. Quando era tentado pela luxúria, dizia ao corpo: “Vou impedir que dês coices, asno infame!”, e reduzia sua ração pela metade. Como os monges do Egito, trabalhava tecendo cestos e cultivando a terra, ganhando assim o necessário para viver. Nos primeiros anos, morava numa choupana de ramos entrelaçados que ele mesmo construíra. Mais tarde, fez uma cela, que ainda existia no tempo de São Jerônimo: tinha pouco mais de um metro de largura, um metro e meio de altura e apenas um pouco mais de comprimento que seu corpo, parecendo mais uma sepultura que uma morada. Verificando que os figos eram alimento insuficiente, decidiu comer algumas verduras, um pouco de pão e azeite. No entanto, não diminuiu suas austeridades nem com a idade.


Deus permitiu que seu servo sofresse duras provações. Em certos períodos, o santo viveu terrível escuridão de espírito, com grande secura e angústia interior; mas quanto mais o Céu parecia surdo às suas súplicas, tanto mais se apegava à oração. São Jerônimo observa que, embora o santo eremita tenha vivido tantos anos na Palestina, só uma vez visitou os Lugares Santos e permaneceu apenas um dia em Jerusalém. Foi à Cidade Santa para não parecer desprezar o que a Igreja venerava; porém, não voltou, pois estava convencido de que em toda parte se podia adorar a Deus em espírito e verdade.


Vinte anos após sua chegada ao deserto, São Hilarião realizou o primeiro milagre. Uma mulher casada, da cidade de Eleuterópolis (Bait Jibrín, perto de Hebron), pediu-lhe orações para ser liberta da esterilidade, e menos de um ano depois deu à luz um filho.


Entre outros milagres, conta-se que o santo ajudou um cocheiro de Majuma, chamado Itálico, a vencer uma corrida contra o emir de Gaza. Itálico, crendo que seu adversário usava sortilégios para fazê-lo perder, recorreu a São Hilarião, que o abençoou e aconselhou a aspergir as rodas de suas bigas com água benta. Os cavalos de Itálico deixaram muito atrás os do adversário, e o povo proclamou que Cristo havia vencido o deus do emir.


Seguindo o exemplo de São Hilarião, outros eremitas começaram a estabelecer-se na Palestina. O santo costumava visitá-los pouco antes do tempo da colheita. Numa dessas visitas, viu os pagãos de Elusa (ao sul de Bersabé) reunidos para adorar seus ídolos e rogou a Deus com muitas lágrimas por eles. Como Hilarião curara muitos dos pagãos ali presentes, aproximaram-se pedindo sua bênção. O santo os acolheu com grande bondade e os exortou a adorar o verdadeiro Deus em lugar de suas estátuas de pedra. Suas palavras produziram tanto efeito que os pagãos não o deixaram partir até que ele projetou a construção de uma igreja. O próprio sacerdote pagão, que estava paramentado para o sacrifício, tornou-se catecúmeno.


“A Tentação de São Hilário”, de Octave Tassaert, cerca de 1857
“A Tentação de São Hilário”, de Octave Tassaert, cerca de 1857.

No ano 356, teve uma revelação sobre a morte de Santo Antão. Nessa época, São Hilarião tinha cerca de sessenta e cinco anos e estava muito aflito pela quantidade de pessoas, especialmente mulheres, que vinham pedir-lhe conselho. Além disso, o cuidado com seus discípulos mal lhe deixava repouso, de modo que costumava dizer: “É como se eu tivesse voltado ao mundo e recebido meu prêmio nele. Toda a Palestina tem os olhos fixos em mim. Como se isso não bastasse, ainda possuo uma propriedade e alguns bens, sob o pretexto de que meus discípulos precisam deles.” Assim, São Hilarião decidiu partir da Palestina. Todo o povo se reuniu para impedi-lo. O santo declarou à multidão que não comeria nem beberia até que o deixassem partir, e assim fez por sete dias. Então, permitiram-lhe a partida, e ele escolheu alguns monges capazes de caminhar sem comer até o entardecer, cruzando com eles o Egito até chegar à montanha de Santo Antão, perto do Mar Vermelho. Lá encontraram dois discípulos do grande eremita, e São Hilarião percorreu com eles o local palmo a palmo. Os discípulos de Santo Antão diziam: “Aqui ele costumava cantar. Aqui orava. Este era o lugar onde trabalhava e aquele onde se retirava para descansar. Ele plantou estas vinhas e estes arbustos. Lavrou pessoalmente esta terra. Cavou este tanque para regar o horto. Este é o enxadão que usou por muitos anos.” No cume da montanha, a que se subia por uma trilha íngreme e sinuosa, visitaram as duas celas onde o santo se retirava para fugir do povo e de seus próprios discípulos; ali mesmo estava o horto que, pelo poder do santo, os cavalos selvagens respeitavam. São Hilarião pediu então aos discípulos de Santo Antão que lhe mostrassem o lugar onde estava sepultado, mas não se sabe com certeza se o fizeram ou não, pois Santo Antão lhes havia ordenado que não indicassem a ninguém o local de sua sepultura, para evitar que algum homem rico da região levasse seus restos e construísse uma igreja sobre eles.


São Hilarião voltou a Afroditópolis (Atfiah), onde se retirou para um deserto próximo e se consagrou com mais fervor do que nunca à abstinência e ao silêncio. Havia três anos, desde a morte de Santo Antão, que não chovia na região. O povo veio implorar as orações de São Hilarião, a quem consideravam sucessor de Santo Antão. O santo levantou os olhos e as mãos ao céu, e imediatamente caiu uma chuva abundante. Muitos lavradores e pastores foram curados das mordidas de serpentes ao ungirem-se com o óleo abençoado por São Hilarião. Vendo que sua fama começava novamente a crescer, passou um ano inteiro em um oásis ao oeste do deserto; finalmente, como não conseguisse viver oculto no Egito, decidiu partir com um companheiro para a Sicília. Desembarcaram em Pésaro e estabeleceram-se em um lugar pouco frequentado, a trinta quilômetros do mar. São Hilarião recolhia lenha todos os dias, e seu companheiro, Zananas, vendia-a na aldeia mais próxima, comprando com o dinheiro um pouco de pão. São Hesíquio, discípulo de São Hilarião, procurou seu mestre pelo Oriente e pela Grécia. Em Modom, no Peloponeso, um comerciante judeu lhe disse que havia chegado à Sicília um profeta que realizava muitos milagres. São Hesíquio foi então a Pésaro. Todos conheciam ali o profeta, famoso não apenas por seus milagres, mas também por sua humildade, pois jamais aceitava presentes.

São Hilarião disse a São Hesíquio que queria retirar-se a um lugar onde as pessoas não entendessem sua língua, e este o levou a Epidauro, na Dalmácia (Ragusa). Mas os milagres de São Hilarião não lhe permitiram viver desconhecido.


São Jerônimo relata que havia ali uma enorme serpente que devorava homens e animais. São Hilarião ordenou à serpente que subisse sobre uma pilha de lenha à qual ele pôs fogo. São Jerônimo conta também que, após um terremoto, o mar ameaçava engolir a terra. Os habitantes, alarmados, levaram São Hilarião à praia, como se sua simples presença pudesse erguer uma muralha contra o mar. O santo traçou três cruzes na areia e estendeu os braços em direção às ondas enfurecidas, que imediatamente se detiveram e recuaram mar adentro. São Hilarião sofria ao ver que, embora não compreendesse a língua do povo, seus milagres falavam por ele. Sem saber onde esconder-se do mundo, fugiu certa noite para Chipre em uma pequena embarcação e estabeleceu-se a três quilômetros de Pafos. Quando os habitantes o reconheceram, retirou-se vinte quilômetros para o interior, para um local quase inacessível e muito agradável, onde finalmente pôde viver em paz. Ali morreu alguns anos depois, aos oitenta anos de idade. Um dos que o visitaram em sua última enfermidade foi São Epifânio, bispo de Salamina, que mais tarde relatou sua vida a São Jerônimo. São Hilarião foi sepultado nas proximidades de Pafos, mas São Hesíquio secretamente levou os restos de seu mestre para sua cidade natal, Majuma.


A biografia escrita por São Jerônimo é nossa principal fonte; provavelmente baseou-se nos relatos de São Epifânio, que havia conhecido pessoalmente São Hilarião. O historiador Sozómeno também fornece alguns novos detalhes. As informações das várias fontes foram cuidadosamente reunidas em Acta Sanctorum, outubro, vol. IX. Ver sobretudo: Zöckler, Hilarion von Gaza, em Neue Jahrbücher für deutsche Theologie, vol. 1 (1894), pp. 146-178; Delehaye, Saints de Chypre, em Analecta Bollandiana, vol. XXVI (1907), pp. 241-242; Schiwietz, Das Morgenländische Mönchtum, vol. II, pp. 95-126; e H. Leclercq, Cénobitisme, em DAC, vol. II, cc. 3157-3158. 1




Santa Úrsula com dois Anjos e Doadora (c. 1455-1460), de Benozzo Gozzoli
Santa Úrsula com dois Anjos e Doadora (c. 1455-1460), de Benozzo Gozzoli.

Atualmente, a liturgia romana trata com grande reserva o caso de Santa Úrsula e suas companheiras, martirizadas em Colônia. A comissão nomeada por Bento XIV tinha o projeto de suprimir sua Festa. No Breviário, as mártires são mencionadas apenas com uma simples comemoração, sem leitura própria nos matinas. O Martirológio Romano limita-se a dizer que foram martirizadas pelos hunos por causa da religião e da castidade, mas não menciona o número das mártires nem as circunstâncias do martírio.


Na igreja de Santa Úrsula, em Colônia, há uma inscrição em latim, que data provavelmente da segunda metade do século IV ou início do século V. Embora o sentido da inscrição seja bastante obscuro, parece comemorar o fato de que um certo Clemácio, senador, teve algumas visões nas quais lhe foi ordenado reconstruir a basílica das virgens que haviam sido martirizadas naquele local. A inscrição nada diz sobre o número ou os nomes das virgens, nem sobre a época e as circunstâncias do martírio. Com base no testemunho dessa inscrição, podemos supor que certo número de donzelas foi martirizado em Colônia, em data desconhecida. Além disso, tais donzelas eram suficientemente célebres para que se construísse em sua honra uma basílica, provavelmente no início do século IV. A isso se resume o que realmente sabemos sobre Santa Úrsula e as Onze Mil Virgens, cuja lenda é tão famosa.


A forma mais antiga da lenda é um “sermão” composto em Colônia, provavelmente no início do século IX, por ocasião do dia da Festa. O autor confessa que não existia então nenhum escrito sobre o martírio e se limita a repetir a tradição oral, sem dar provas da veracidade de seu conteúdo. As donzelas eram muito numerosas, talvez vários milhares. A principal chamava-se Vinosa ou Pinosa. O martírio teria ocorrido durante a perseguição de Maximiano. Segundo uma versão, as virgens haviam chegado a Colônia com a Legião Tebana, embora o autor se incline mais a crer que eram originárias da Inglaterra. Nenhum dos martirológios clássicos da época menciona essas mártires, mas Usuardo comemora as virgens Marta e Saula e suas companheiras, martirizadas em Colônia (de fato, o Martirológio Romano as nomeia separadamente), e Wandelberto de Prüm fala dos milhares de virgens de Cristo que sofreram o martírio às margens do Reno em 21 de outubro. A primeira menção do nome de Santa Úrsula, que fazia parte de um grupo de onze virgens, data do final do século IX. Diversas fontes litúrgicas dessa época dizem que Santa Úrsula pertencia a um grupo de sete, oito ou onze virgens, mas apenas em um caso seu nome aparece em primeiro lugar. No início do século X, começou-se a falar de “onze mil” virgens, sem que se saiba como ou por quê. Segundo uma teoria, a abreviação “XI M.V.” (undecim martyres virgines) foi erroneamente interpretada como undecim milia virginum. Segundo outra, combinou-se o número “onze” dado por alguns documentos com os “milhares” mencionados por outros.


A lenda, tal como se fixou mais tarde em Colônia, resume-se no seguinte: Um rei pagão pediu a mão de Úrsula, filha de um monarca cristão da Inglaterra. A jovem desejava permanecer virgem e obteve um prazo de três anos, que empregou em contínuas viagens marítimas. Tinha dez damas de honra, e cada uma delas, assim como Úrsula, levava mil companheiras. A expedição contava, portanto, com onze navios. Cumprido o prazo de três anos, os ventos arrastaram as embarcações até a foz do Reno. A caravana de donzelas dirigiu-se então a Colônia e depois a Basileia. Lá, Úrsula e suas companheiras desembarcaram, cruzaram os Alpes e foram a Roma visitar o sepulcro dos Apóstolos. Depois, voltaram pelo mesmo caminho a Colônia. Como Úrsula se recusasse a casar-se com o rei dos hunos, foi morta pelos bárbaros, juntamente com todas as suas companheiras. Os anjos dispersaram os assassinos, de modo que os habitantes da cidade puderam recolher os corpos. Clemácio construiu em sua honra uma basílica.


Santa Úrsula e Companheiras mártires
Santa Úrsula e Companheiras mártires.

Godofredo de Monmouth dá outra versão da lenda, de origem gaulesa, não menos fantástica. O imperador Maximiano, isto é, Magno Clemente Máximo, conquistou as Gálias no ano 383 e fundou na Bretanha uma colônia inglesa, composta em grande parte por soldados, sob o comando de Cinão Meiriadog. Cinão pediu ao rei da Cornualha, chamado Dionoto, que enviasse algumas mulheres para povoar a colônia. Dionoto respondeu generosamente e enviou sua própria filha, Úrsula, e outras 11.000 donzelas nobres, além de 60.000 jovens do povo. Úrsula, que era muito bela, deveria casar-se com Cinão. Mas uma tempestade arrastou as embarcações para o norte, até umas ilhas estranhas povoadas por bárbaros, e as donzelas morreram às mãos dos hunos e dos pictos.


A versão de Colônia constitui a lenda que poderíamos chamar de “oficial”. Essa versão situa o martírio no ano 451: “Átila e os hunos, ao se retirarem depois de sua derrota na Gália, tomaram Colônia, que era então uma cidade cristã florescente. Suas primeiras vítimas foram Úrsula e suas companheiras inglesas” (assim dizia uma antiga leitura do Breviário na Inglaterra). No decorrer do século XII, a lenda se complicou ainda mais, graças às “revelações” de Santa Isabel de Schönau e do Beato Germano José, cônego premonstratense. Atualmente, todos concordam que tais revelações eram puramente ilusórias, mas, na época em que ocorreram, “descobriram-se” em Colônia (1155) numerosas relíquias e inscrições (naturalmente falsas), que se diziam epitáfios de São Ciriaco Papa, de São Marino de Milão, de São Papúnio, rei da Irlanda, de São Picmênio, rei da Inglaterra e de muitos outros personagens imaginários que teriam sofrido o martírio com Santa Úrsula e suas companheiras. As supostas “revelações” do Beato Germano (se é que realmente existiram) eram ainda mais surpreendentes que as de Santa Isabel, pois tinham por finalidade resolver os múltiplos problemas da lenda e explicar a presença de ossos de homens e até de crianças recém-nascidas entre os restos das mártires. Sem dúvida, o que se descobriu em 1155 foi uma fossa comum. Além disso, todos os indícios levam a crer que os dois abades de Deutz falsificaram impiamente os fatos e envolveram no engano Santa Isabel e o Beato Germano, sem que estes o soubessem. Ainda se conserva grande quantidade de “relíquias” na igreja de Santa Úrsula em Colônia, sem contar as que se encontram espalhadas pelo mundo inteiro.


Deixando de lado a lenda, a inscrição de Clemácio diz que ele restaurou uma pequena basílica ou cella memorialis, que provavelmente havia sido saqueada pelos francos por volta do ano 353. Ali se encontrava o sepulcro das mártires, e Clemácio proibiu que se dessem sepulturas nesse local a outras pessoas. O texto da inscrição não indica absolutamente que se tratasse de um vasto cemitério em que havia milhares de esqueletos.


Durante a Idade Média, foram sendo inventados, pouco a pouco, os nomes das companheiras de Santa Úrsula que figuram em diversos calendários e martirológios. Uma das invenções mais célebres é a de Santa Córdula, da qual o Martirológio Romano diz, no dia 22 de outubro: “Aterrorizada ao ver o martírio de suas companheiras, escondeu-se, mas no dia seguinte, arrependida, entregou-se aos hunos e foi a última a conquistar a palma do martírio.” A autora dessa invenção foi a monja Helentrudis de Heerse, segundo o relato Fuit tempore.


O Pe. Victor de Buck consagrou ao estudo da lenda 230 páginas in-fólio nos Acta Sanctorum, outubro, vol. IX (1858). O cardeal Wiseman resumiu esse artigo em um discurso que não foi publicado em suas obras completas; pode ser lido em um volume intitulado Essays on Religion and Literature, publicado por Manning (1865), onde aparece com o nome The Truth of Supposed Legends and Fables (pp. 285-286); nesse mesmo volume encontra-se um fac-símile da inscrição de Clemácio. O Pe. de Buck trouxe muitos dados novos e úteis para a solução do problema, já que publicou vários dos textos mais importantes, mas as pesquisas posteriores não confirmaram suas conclusões, particularmente no que diz respeito à sua hipótese de que a Festa comemora o massacre de um grande número de virgens cristãs, levado a cabo pelos hunos no ano 451.


O estudo mais importante que apareceu desde então é o do eminente especialista em questões medievais W. Levison, Das Werden des Ursula-Legende (1928). O historiador defende a autenticidade da inscrição de Clemácio, mas concorda com outros arqueólogos em admitir que ela é claramente anterior à invasão dos hunos. Além da inscrição de Clemácio, o Sermo in natali e as breves notícias litúrgicas acima mencionadas, o documento mais importante é o antigo relato Fuit tempore. Infelizmente, o Pe. de Buck não lhe atribuiu importância alguma, porque não leu o prólogo. Foi publicado pela primeira vez em Analecta Bollandiana, vol. I (1884), pp. 5–20. A lenda começou a se desenvolver a partir dessa base, mas sua evolução é demasiadamente complexa e a bibliografia, muito vasta, para que possamos tratá-la aqui.


Sobre esses pontos, veja-se M. Coens, em Analecta Bollandiana, vol. XLVII (1929), pp. 80–110; G. Morin, em Études, Textes, Découvertes (1913), pp. 206–219, que cita habilmente Procopius, De Bello Gothico, lib. IV, c. 20; T. F. Tout, Historical Essays; H. Leclercq, em D.A.C., vol. II, cc. 2172–2180; L.B.S., vol. IV (1913), pp. 312–347; e Neuss, Die Anfänge des Christentums in Rheinlande (1933). Uma das últimas obras sobre o tema, particularmente no que concerne às representações artísticas, é o livro de Guy de Tervarent, La Légende de Ste Ursule (2 vols., 1931). O texto de Clemácio pode ser visto também em L.B.S., D.A.C. e Catholic Encyclopedia, loc. cit. Nossa citação de Godofredo de Monmouth foi tomada de sua History of the Kings of Britain, lib. V, cc. 12–16. Quanto à afirmação de que São Dunstano transmitiu a lenda tal como se conta em Fuit tempore, é curioso notar que o santo recebeu a consagração episcopal em 21 de outubro e que vários dos santos mencionados nessa lenda eram venerados desde tempos muito antigos em Glastonbury e no oeste da Inglaterra. Se, como hoje se crê, São Dunstano nasceu em 910 e não em 925, é muito possível que tenha conhecido Hoolf, o enviado do imperador Oto. 2



Referência:


1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 4, pp. 164-167.

2. Ibid. pp. 167-170.



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