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OS MÁRTIRES DA INDOCHINA e a Vida do Papa São Pio I, mártir (11 de julho)


OS MÁRTIRES DA INDOCHINA, I (1745–1840 d.C.)


OS MÁRTIRES DA INDOCHINA, I (1745–1840 d.C.)

Entre os mártires da Indochina beatificados em 1946, contam-se quatro dominicanos que morreram no século XVIII. Os Beatos Francisco Gil e Mateus Alonso Leziniana foram decapitados em 22 de janeiro de 1745. Durante os oito anos de cativeiro, o Pe. Francisco converteu numerosas pessoas na prisão. Por sua parte, o Pe. Mateus não deixou de exercer furtivamente o ministério sacerdotal entre os cristãos durante os treze anos em que viveu fugitivo. Os BEATOS JACINTO CASTAÑEDA e VICENTE LIEM sofreram o martírio vinte e oito anos mais tarde, em 7 de novembro de 1773. A viagem do Pe. Jacinto, da Espanha às Filipinas, durou dois anos. Das Filipinas, passou à China, onde foi preso e transferido de uma prisão para outra; os juízes tentaram fazê-lo apostatar catorze vezes, até que por fim o expulsaram do país. Os superiores enviaram então o missionário para Tonquim (Vietnã). Lá foi preso, três anos depois, enquanto navegava pelo rio Ke-Uang levando os sacramentos. Embora sua cela fosse tão estreita que não podia ficar em pé nela, as autoridades prenderam junto com o Pe. Jacinto o Pe. Vicente Liem, o primeiro dominicano originário da Indochina a sofrer o martírio. Seus pais eram cristãos de boa posição, e o Pe. Vicente exercera o ministério sacerdotal entre seus compatriotas durante quatorze anos; foi executado após sofrer cruéis torturas. Os Beatos Francisco, Mateus e Jacinto eram espanhóis.


Fecundado com o sangue dos mártires, o cristianismo fez rápidos progressos na Indochina durante as duas primeiras décadas do século XIX. Mas de 1820 a 1841, o soberano anamita, Minh-Mang, tratou de erradicar a fé mediante uma violenta perseguição. Os missionários haviam sido expulsos desde muito antes. Os perseguidores destruíram igrejas, suprimiram escolas e tentaram fazer com que os católicos abjurassem publicamente da religião e pisoteassem o crucifixo nas ruas. Em 1836, todos os portos foram fechados aos europeus, exceto um. Os missionários foram declarados réus de morte e começou uma caçada sistemática a todos os sacerdotes. Os mártires leigos foram muito numerosos. Em 1900, o Papa Leão XIII beatificou setenta e sete, entre os quais se destacam os BEATOS INÁCIO DELGADO e CEBRIÁN, vigário apostólico da região oriental de Tonquim, e seu coadjutor, DOMINGO HENÁREZ. Ambos dominicanos espanhóis haviam trabalhado na missão por quase cinquenta anos. Ao recrudescer a perseguição em 1838, os dois bispos se esconderam. Dom Delgado foi logo preso e transferido para Nam-Dinh numa estreita jaula. No caminho havia um crucifixo para que a comitiva o pisasse; mas o beato conseguiu que os que o transportavam o colocassem de lado. No entanto, o crucifixo foi recolocado no caminho assim que Dom Delgado passou, de modo que nenhum cristão pôde segui-lo até a cidade. O beato foi condenado à decapitação; mas, como já tinha setenta e seis anos e era de saúde frágil, morreu de fome, sede e insolação naquela jaula, tão estreita que nem podia ficar em pé. Dom Delgado era bispo titular de Melipotamus. Dois anos depois, foi sucedido nessa sé por Nicolau Wiseman, posteriormente cardeal e primeiro arcebispo de Westminster; de fato, Dom Wiseman escolheu essa sé titular por devoção ao mártir da Indochina.


OS MÁRTIRES DA INDOCHINA, I (1745–1840 d.C.)

Domingo Henárez também foi enjaulado, junto com seu catequista anamita, o BEATO FRANCISCO CHIEN. Ambos foram decapitados em 25 de junho. Outro catequista, o BEATO TOMÁS TOÁN, vacilou duas vezes sob tortura, mas se arrependeu e ganhou a coroa do martírio, pois morreu de fome na prisão, em 27 de junho de 1840. Entre os beatos nativos da Indochina contavam-se três sacerdotes diocesanos: PEDRO TUAN, BERNARDO DUE e JOSÉ NIEN; um médico, o BEATO JOSÉ CAN; um alfaiate, o BEATO TOMÁS DÉ; e dois camponeses chamados AGOSTINHO MOI e ESTÊVÃO VINH. Esses cristãos converteram na prisão vários de seus compatriotas. Muitos dos mártires foram submetidos a terríveis torturas. Três soldados que haviam resistido por mais de um ano, por fim cederam e pisotearam o crucifixo. Diz-se que estavam sob influência de uma droga que as autoridades os obrigaram a beber, pois o povo estava profundamente impressionado com a constância dos mártires. Não é impossível que tenha sido assim, já que os métodos modernos de tortura são menos novos do que se imagina. De qualquer modo, é certo que os três soldados se arrependeram de ter pisoteado o crucifixo e foram executados: dois foram serrados e o terceiro, estrangulado. Os nomes desses beatos são: AGOSTINHO HUY, NICOLAU TÉ e DOMINGO DAR. Todos os mártires mencionados estavam, de algum modo, ligados à Ordem de São Domingos, como frades ou como terciários.


Um dos mais célebres mártires de Anam foi o Pe. JOSÉ MARCHAND, sacerdote da Sociedade das Missões Estrangeiras de Paris. Como foi capturado em Saigon, quando a cidade estava em mãos dos rebeldes (que em vão haviam tentado obter seu apoio), as autoridades o trataram com especial crueldade. A tortura que o levou à morte consistia em arrancar-lhe a pele com ferros em brasa. Outro dos mártires mais destacados deste grupo foi o BEATO PEDRO DUMOULIN-BORIE, que também pertencia à Sociedade das Missões Estrangeiras. Durante a perseguição, tinha de mudar constantemente de esconderijo e, certa vez, escreveu:


Viajo à noite por trilhas ocultas e caminhos sinuosos, sob a chuva e o vento. Com frequência, a lama ou a água me chegam até a cintura. Perguntar-me-eis por que faço isso. Simplesmente para ir em busca da ovelha perdida e resgatá-la das garras do demônio... Infelizmente, minha estatura me denuncia; sou muito alto e um dia os perseguidores acabarão por me encurtar.”

OS MÁRTIRES DA INDOCHINA, I (1745–1840 d.C.)

E assim foi: um delator revelou aos perseguidores o esconderijo do Beato Pedro, que em julho de 1838 entrou na prisão com outros dois sacerdotes anamitas; os BEATOS PEDRO KOA e VICENTE DIEM. Durante os interrogatórios, os perseguidores blasfemavam e proferiam mil obscenidades diante dos mártires. “Cortem-me em pedaços se quiserem,” disse-lhes o Beato Pedro, “mas não falem assim. Quando ele estava na prisão, soube que havia sido nomeado bispo titular de Acanto e vigário apostólico. As visitas à prisão não eram proibidas, e tanto cristãos como pagãos que iam ver o Pe. Pedro saíam impressionados com sua alegria e paciência. O mártir recusou-se a revelar ao mandarim os nomes das pessoas que lhe deram abrigo. Um soldado o advertiu: “É fácil guardar segredo agora; será mais difícil sob os açoites.” O bispo eleito respondeu humildemente: “Não sei o que farei sob os açoites. Não quero presumir de minhas forças.” No interrogatório realizado alguns dias depois, Pedro respondeu: “Tenho trinta anos e meio. Vim para Tonquim no barco de um mandarim muito conhecido. Vivi cinco ou seis anos na província de Quang-Binh e percorri quase toda ela. Os nomes dos lugares em que estive não têm importância.” Em seguida foi açoitado com varas de bambu, tão violentamente que todo o seu corpo ficou em carne viva. O mandarim lhe perguntou se sofria e o beato respondeu: “Evidentemente que sofro; sou feito de carne e sangue como qualquer outro.” Da prisão, escreveu a um missionário amigo: “Não há esperança de que nos tornemos a ver neste mundo. O tigre devora sua vítima; nunca a deixa escapar. Além disso, confesso francamente que me entristeceria perder esta oportunidade de dar minha vida por Cristo... Peço que celebreis por mim as três missas habituais... Agora que estou prestes a comparecer ante o tribunal de Deus, os méritos de nosso Salvador me confortam e as orações dos membros da Propagação da Fé me infundem confiança... Não tenho nenhum livro. Nem sequer tenho um rosário; mas fiz um com nós numa corda.” O mártir foi açoitado e torturado frequentemente, durante quatro meses, por se recusar a delatar seus companheiros de missão e a pisotear o crucifixo. Os outros dois sacerdotes que estavam com ele demonstraram a mesma constância. Em 24 de novembro de 1838, foram conduzidos ao local da execução. O mandarim lhes perguntou no caminho se não tinham medo. “Medo? Por quê? Não somos rebeldes nem bandidos, de modo que só tememos a Deus.” Os padres Koa e Diem foram estrangulados. O Pe. Dumoulin-Borie foi decapitado. O carrasco estava meio embriagado e só conseguiu cortar-lhe a cabeça no sétimo golpe.


OS MÁRTIRES DA INDOCHINA, I (1745–1840 d.C.)

No ano anterior, tinha dado a vida por Cristo outro jovem missionário da Sociedade das Missões Estrangeiras, o Beato João Carlos Cornay. Recebera as sagradas Ordens em Macau, em 1834, aos vinte e cinco anos de idade. Exerceu o ministério sacerdotal principalmente em Ban-no, no Annam. Um bandoleiro muito poderoso refugiou-se naquela região; mas os habitantes, que eram em sua maioria cristãos, o prenderam e o expulsaram. Para se vingar, o bandoleiro denunciou os cristãos perante os mandarins, dizendo que entre eles se ocultava um sacerdote. Mas os mandarins, que não eram fanáticos, não tomaram nenhuma medida. Então, a esposa do bandoleiro, fingindo que queria converter-se ao cristianismo, informou-se detalhadamente sobre as atividades e o modo de vida do Pe. Cornay. Numa noite, a mulher enterrou algumas armas no campo que cultivava o missionário e, em seguida, informou às autoridades que o Pe. Cornay tramava uma conspiração. Imediatamente partiu um destacamento militar, que descobriu as armas, prendeu o missionário e o encerrou num “cang” (gaiola). Ao que parece, o Pe. Cornay foi maltratado, mas depois tiveram certas considerações para com ele. Os perseguidores o privaram, inicialmente, de qualquer alimento e o expuseram aos terríveis raios do sol de junho nos trópicos. Mais tarde, contudo, mostraram-se menos severos. A alegria daquele jovem de vinte e oito anos conquistou os corações dos que estavam em contato direto com ele. O Pe. Cornay possuía uma voz muito bela. Quase todos os mandarins perante os quais compareceu pediram que cantasse, ainda que o missionário mal pudesse manter-se de pé, por causa da fome, da febre e da falta de sono. A gaiola — ou melhor, a série de gaiolas nas quais permaneceu acorrentado por mais de três meses — era tão estreita que o mártir não podia deitar-se. Por duas vezes foi cruelmente espancado, pois as autoridades queriam que revelasse os detalhes da conspiração da qual era acusado. O que mais fez sofrer o mártir foi o tratamento brutal infligido a dois ou três cristãos, açoitados e torturados em sua presença.


Finalmente, foi remetida a uma autoridade superior a sentença definitiva sobre o Pe. Cornay. Um mensageiro levou a sentença do tribunal, que foi executada no mesmo dia, 20 de setembro de 1837. A história costuma repetir-se. Conta-se que o mártir espanhol, São Frutuoso, que morreu no século III, observou a prescrição do jejum eclesiástico no próprio dia de seu martírio; os algozes lhe ofereceram alimentos, mas São Frutuoso respondeu que no céu quebraria o jejum. Do mesmo modo, como o dia 20 de setembro era um dia de têmporas, o Pe. Cornay recusou-se a provar qualquer alimento, apesar de seu estado de saúde e de seus sofrimentos na prisão. Reuniu-se uma grande multidão, pois até então não se havia executado nenhum europeu naquela região. Um forte destacamento de soldados foi encarregado de manter a ordem no caminho até o local da execução. A sentença estava escrita em um grande cartaz e dizia o seguinte:


“O culpado, apelidado Tan, embora seu verdadeiro nome seja Cao-Lang-Ne (Cornay), originário do reino de Flu-Lang-Sa (França) e da cidade de Loudun, é réu de haver pregado uma religião falsa em nosso país e de haver liderado uma insurreição. O Supremo Tribunal ordena que seja esquartejado e que sua cabeça seja lançada ao rio, depois de permanecer exposta durante três dias. Que esta sentença sirva de exemplo para todos. Dada no dia 21 da oitava lua, no décimo oitavo ano do reinado de Min-Mang.”

TORTURA: OS MÁRTIRES DA INDOCHINA, I (1745–1840 d.C.)

O esquartejamento era a pena máxima e reservava-se para os réus de alta traição. Geralmente, cortavam-se os membros pelas juntas, depois decapitava-se a vítima e extraíam-se as vísceras do tronco. Mas o magistrado que presidiu a execução do Pe. Cornay, a risco de incorrer na cólera do soberano, ordenou que a aplicação da sentença começasse pela degolação. Durante o longo caminho até o local da execução, o santo missionário cantava hinos religiosos com toda a força que sua extrema debilidade permitia. Sua grande coragem impressionou tanto cristãos quanto pagãos. Na data de hoje, 11 de julho, celebra-se a festa do Beato Inácio Delgado e seus companheiros. A comemoração de outros mártires da Indochina tem lugar no dia 6 de novembro.


Os documentos de primeira mão relacionados com esses mártires podem ser vistos nos Annales de la Propagation de la Foi, vols. XI e XIV (1839–1840). Quem desejar relatos mais detalhados, os encontrará em diversas obras: A. Launay, Les 52 serviteurs de Dieu (1893); Les 35 vénérables serviteurs de Dieu (1907); Les bienheureux de la Société des Missions Etrangéres (1900); Histoire des Missions Etrangeres (1894). Ver também Analecta O.P., vol. IV, (1900), pp. 577–645; H. Walter, Leben, Wirken und Leiden der 77 sel. Martyrer von Annam und China (1903); e J. R. Shortland, The Persecutions of Annam. Acerca do período precedente, veja-se D. Collantes, Hist. de la Prov. del S. Rosario de Filipinas, China y Tonkín, O.P. (1785). O Pe. J. Chauvin escreveu uma biografia do Pe. Marchand e o Pe. R. Plus um relato sobre o Pe. Cornay; a primeira dessas obras data de 1936 e a segunda de 1947. [1]


SÃO PIO I, PAPA E MÁRTIR (†155? d.C.)


SÃO PIO I, PAPA E MÁRTIR

São Pio I sucedeu a São Higínio na cátedra de São Pedro. O Liber Pontificalis afirma que era filho de um certo Rufino, originário de Aquileia. Outros autores acrescentam que era irmão do famoso Hermas, que escreveu O Pastor. Se tal parentesco não for uma simples invenção piedosa, São Pio era seguramente eslavo, como Hermas. Durante seu pontificado, a paz da Igreja foi perturbada pelas heresias dos valentinianos e dos marcionitas. São Pio opôs-se energicamente a elas, mas o verdadeiro paladino da luta foi São Justino Mártir, que se havia convertido do judaísmo e se encontrava em Roma naquela época. São Pio consagrou doze bispos e ordenou dezoito sacerdotes. Segundo se diz, transformou as Termas de Novato em igreja. Nenhum documento antigo faz menção de seu martírio; foi o cardeal Barônio quem o inscreveu no martirológio.


Praticamente tudo o que sabemos acerca de São Pio encontra-se no texto e nas notas da edição de Duchesne do Liber Pontificalis, vol. I, pp. 132 e seguintes, e em Histoire ancienne de l'Église do mesmo autor, vol. I, pp. 236 e seguintes. Sobre as circunstâncias históricas, cf. G. Bardy, L'Église Romaine sous le pontificat de S. Anicet, em Recherches de science religieuse, vol. XV (1927), pp. 481–511. [2]


Referência:


  1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 3, pp. 79–83.

  2. Ibid. pp. 73-74.


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é a ARMA
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a sociedade

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que veste.

- Papa Pio XII

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O sofrimento de Jesus na Cruz nos ensina a suportar com paciência
nossas cruzes,

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- Santo Afonso MARIA
de Ligório

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