top of page

Vida dos Sete Santos Adormecidos de Éfeso e São Pantaleão (27 de julho)


SÃO PANTALEÃO, MÁRTIR (†305 d.C.?)


SÃO PANTALEÃO, MÁRTIR (†305 d.C.?)

Não há dúvida de que existiu um mártir chamado Pantaleão (cujo nome significa em grego “aquele que tem compaixão de todos”). Mas as lendas que chegaram até nós sobre ele carecem de valor histórico. Segundo elas, Pantaleão, filho de um pagão chamado Êubulo, chegou a ser médico do imperador Galério Maximiano em Nicomédia. Durante algum tempo, Pantaleão deixou-se arrastar pelo mau exemplo e sucumbiu às tentações, o que o submeteu a uma prova mais difícil que a tortura, pois a entrega ao mal enfraquece implacavelmente a vontade e acaba por destruir a virtude mais heroica. Assim, Pantaleão, que vivia numa corte onde se praticava a idolatria e se aplaudia a vanglória do mundo, caiu na apostasia. Mas as prudentes exortações de um zeloso cristão chamado Hermolau abriram-lhe os olhos e o conduziram de novo ao seio da Igreja.


Quando a perseguição de Diocleciano estourou em Nicomédia, no ano 303, Pantaleão distribuiu todos os seus bens entre os pobres. Pouco depois, alguns médicos invejosos o denunciaram às autoridades, que o prenderam juntamente com Hermolau e outros dois cristãos. O imperador, que desejava salvar Pantaleão, exortou-o a apostatar, mas ele recusou e curou milagrosamente um paralítico para demonstrar a veracidade da fé. Após sofrer numerosos tormentos, os quatro foram condenados à decapitação. A execução de São Pantaleão foi adiada por um dia. Os algozes tentaram matá-lo de seis modos diferentes a saber:


Primeiramente, foi condenado ao fogo, mas as chamas foram milagrosamente extintas. Em seguida, mergulharam-no em chumbo derretido, mas o chumbo se resfriou ao contato com seu corpo. Depois, atiraram-no ao mar com uma pedra amarrada ao pescoço, mas a pedra começou a flutuar, sustentando-o sobre as águas. Mais adiante, foi condenado às feras, que deveriam dilacerá-lo; no entanto, os animais se aproximaram mansamente e começaram a fazer-lhe festas. Quando foi amarrado a uma roda para ser torturado, as cordas se romperam e a roda quebrou. Tentou-se então decapitá-lo, mas a espada dos carrascos curvava-se, incapaz de feri-lo.


Durante todas essas provações, Pantaleão orava continuamente a Deus, pedindo que perdoasse seus algozes. Por causa de sua imensa caridade, recebeu também o nome de Panteleemon (do grego, “aquele que tem compaixão de todos”, como vimos antes). Finalmente, o mártir, por livre vontade, deu seu consentimento para ser decapitado. No momento da execução, de suas veias brotou leite em vez de sangue, e o tronco de oliveira sobre o qual lhe cortaram a cabeça floresceu instantaneamente.”


RELIQUIA: SANGUE DE SÃO PANTALEÃO

São Pantaleão é um dos Catorze Santos Auxiliadores e no Oriente lhe é prestada grande veneração como “mártir e taumaturgo”, e como um dos “anárgiros” ou médicos que atendiam gratuitamente os doentes. Antigamente, São Pantaleão também foi muito famoso no Ocidente. Em Constantinopla, Madri e Ravello, conservam-se algumas relíquias de seu sangue, e diz-se que o fenômeno da liquefação ocorre, como no caso do sangue de São Januário.


Tanto as lendas gregas quanto as latinas — das quais existem numerosas versões (BHL 6429-6448, e BHG 1413-1418) — são muito extravagantes. No entanto, a antiguidade do culto de São Pantaleão, relacionado principalmente com Nicomédia e Bitínia, está perfeitamente comprovada. Ver Delehaye, Les origines du culte des martyrs, p. 189, etc. A fabulosa lenda do santo é muito antiga; no Museu Britânico há uma tradução siríaca num manuscrito do século VI (Addit. 12.142). Os sírios desejavam ter um São Pantaleão próprio; por isso, tomaram muitos traços da lenda do santo e os atribuíram a um personagem lendário chamado Asia (que significa “médico”), situando sua vida e morte em Antioquia. Ver Analecta Bollandiana, vol. XXXVIII (1920), p. 408. Sobre a liquefação do sangue de São Pantaleão em Ravello, cf. Ian Grant, The Testimony of Blood (1929), pp. 17-44. O cardeal Newman, pouco depois de sua ordenação sacerdotal, descreveu o fenômeno numa carta escrita a Henry Wilberforce desde Nápoles, em agosto de 1846. [1]


OS SETE SANTOS ADORMECIDOS DE ÉFESO (Sem data)


OS SETE SANTOS ADORMECIDOS DE ÉFESO

“Os sete Adormecidos nasceram na cidade de Éfeso. Quando o imperador Décio foi perseguir os cristãos de Éfeso, mandou construir templos no centro da cidade para que todo o povo acudisse a oferecer sacrifícios aos ídolos; quem se recusasse a fazê-lo, era condenado à morte. As torturas com que o imperador ameaçava eram tão cruéis, que o amigo esquecia o amigo, o filho repudiava o pai e o pai ao filho. No entanto, houve na cidade sete justos, a saber: Maximiano, Malco, Marciano, Dionísio, João, Serapião e Constantino. No oriente são chamados Maximiliano, Jâmblico, Martinho, João, Dionísio, Constantino e Antonino, e há ainda outros nomes diferentes. Quando os justos viram a perdição do povo, afligiram-se extremamente. Como foram os primeiros a recusar sacrificar aos deuses, esconderam-se em suas casas e consagraram-se ao jejum e à oração. Por fim, foram acusados perante Décio, que os mandou comparecer e descobriu que eram realmente cristãos. O imperador lhes concedeu algum tempo para refletirem antes que voltassem a comparecer diante dele. Os justos aproveitaram esse tempo para distribuir seu patrimônio entre os pobres. Depois, reuniram-se em conselho e dirigiram-se ao monte Celion, onde se ocultaram em grande segredo por longo tempo. Um deles encarregava-se de servir aos outros, e ia à cidade disfarçado de mendigo.


“Quando Décio voltou à cidade, mandou que os trouxessem prisioneiros. Então Malco, que era quem os servia e lhes levava carne e água, voltou cheio de temor até onde estavam seus companheiros e lhes contou que estavam sendo procurados com grande tenacidade, e todos ficaram espantados... Então, Deus dispôs que adormecessem. E quando chegou o dia, os que os buscavam não puderam encontrá-los... Décio pôs-se a refletir então sobre o que faria com eles. E Deus quis que fosse tapada com pedras a entrada da caverna onde estavam, para que morressem ali, de fome, por falta de carne. Então, os ministros e dois cristãos chamados Teodoro e Rufino escreveram o martírio dos sete justos e introduziram o escrito entre as rochas. Trezentos e sessenta e dois anos mais tarde, quando já haviam morrido Décio e toda a sua geração, no trigésimo ano do reinado do imperador Teodósio, quando surgiu a heresia dos que negavam a ressurreição da carne... Deus, cheio de piedade e misericórdia, quis consolar os tristes e doloridos e restituir-lhes a esperança na ressurreição dos mortos; assim pois, abrindo o tesouro de sua preciosa misericórdia, ressuscitou os mártires da seguinte maneira:


Infundiu no coração de um senhor de Éfeso o desejo de construir no monte, que era deserto e escabroso, um abrigo para seus pastores. E sucedeu, casualmente, que os operários que cavavam para lançar os alicerces do abrigo abriram a caverna. E então os santos varões que estavam nela despertaram e saudaram uns aos outros, crendo que apenas haviam dormido uma noite e recordando a angústia do dia anterior... (Maximiano) ordenou a Malco que fosse comprar pão à cidade e que trouxesse mais do que na véspera. Também lhe mandou que se informasse sobre as intenções do imperador. E Malco tomou cinco moedas e saiu da caverna. E quando viu os pedreiros e as pedras na entrada da caverna, começou a bendizer a Deus e a se maravilhar. Mas prestou pouca atenção às pedras, pois tinha outras coisas em que pensar. Quando chegou à porta da cidade, ficou maravilhado, porque viu sobre ela o sinal da cruz. Imediatamente dirigiu-se a outra porta e viu também sobre ela o sinal da cruz. E se maravilhou muito, porque em todas as portas encontrou o sinal da cruz que adornava a cidade. Então bendisse a Deus e retornou à primeira porta, pensando que se tratava de um sonho. Tomando ânimo, cobriu o rosto e penetrou na cidade. E, quando chegou onde estavam os padeiros e os ouviu falar de Deus, ficou ainda mais espantado e disse: “Como é possível que todos tenham negado ontem o nome de Jesus Cristo e hoje se confessem abertamente cristãos? Talvez esta não seja a cidade de Éfeso, pois as construções mudaram. Sem dúvida é outra cidade, e eu não sei qual”. E tendo perguntado e ouvido que era a cidade de Éfeso, não acreditou no que ouvia e decidiu voltar para onde estavam seus companheiros. Mas antes, dirigiu-se onde estavam os vendedores de pão. E quando lhes mostrou as moedas que tinha, os vendedores ficaram atônitos e disseram uns aos outros que aquele jovem havia encontrado um tesouro. E quando Marcos os viu falar entre si, acreditou que o levariam diante do imperador e, cheio de medo, rogou-lhes que ficassem com o dinheiro e com o pão e o deixassem partir. Mas eles o detiveram e perguntaram: “De onde és? Porque descobriste sem dúvida um tesouro dos antigos imperadores. Mostra-nos e seremos bons contigo e guardaremos o segredo.


OS SETE SANTOS ADORMECIDOS DE ÉFESO

“E Malco estava tão aterrorizado que não soube o que responder. E quando viram que não falava, passaram-lhe uma corda ao pescoço e o levaram ao centro da cidade. E quando o bispo São Martinho e o cônsul Antípatro, que acabavam de chegar à cidade, ouviram falar do ocorrido, mandaram que Malco comparecesse diante deles com seu dinheiro. No caminho para a igreja, Malco estava persuadido de que o levavam perante o imperador Décio. O bispo e o cônsul se maravilharam ao ver as moedas e perguntaram a Malco onde havia descoberto aquele tesouro desconhecido. E ele respondeu que não o havia descoberto em parte alguma, senão que seus parentes o haviam deixado de herança... Então disse o juiz: “Como vamos acreditar que teus parentes te legaram essas moedas, se sobre elas está escrito que foram cunhadas há mais de 372 anos, nos primeiros tempos do reinado do imperador Décio? Teu dinheiro não se parece com o nosso”... E Malco disse: “Senhor, estou muito desconcertado e ninguém me acredita; mas eu sei perfeitamente que fugimos por temor ao imperador Décio; ontem mesmo o vi entrar nesta cidade, se esta é a cidade de Éfeso”. Então o bispo, depois de refletir, disse ao cônsul que se tratava de uma visão que o Senhor lhes havia concedido por meio do jovem. Depois disse o jovem: “Segui-me; vou levar-vos até onde estão meus companheiros e a eles sim acreditareis. Eu sei perfeitamente que fugimos do rosto do imperador Décio”. Os juízes o seguiram e uma grande multidão do povo se uniu ao cortejo. E Malco entrou primeiro na caverna, seguido pelo bispo. E encontraram entre as pedras as cartas seladas com dois selos de prata. Então o bispo reuniu todos os que haviam ido à caverna e lhes leu as cartas, de tal sorte que todos ficaram desconcertados e maravilhados. E viram os santos sentados na caverna, com rostos florescentes como rosas, e todos se ajoelharam e glorificaram a Deus. E imediatamente, o bispo e o juiz mandaram um recado ao imperador Teodósio para que viesse o quanto antes ver as maravilhas que o Senhor havia operado...


E tão logo os santos benditos de Nosso Senhor viram aproximar-se o imperador, seu rosto começou a brilhar como o sol. E o imperador entrou na caverna e glorificou ao Senhor e abraçou os santos, chorando sobre cada um deles e dizendo: “Ver-vos a vós é como haver visto o Senhor ressuscitando a Lázaro”. E Maximiano lhe disse: “Crê em nós, pois o Senhor é quem nos ressuscitou antes do dia da grande ressurreição para que tu creias firmemente que os mortos ressuscitarão um dia como nós e viverão. E assim como a criança que está no ventre de sua mãe não sente nada, assim nós estivemos dormindo aqui, deitados, sem sentir nada”. E depois de haver dito tudo isso, os justos reclinaram a cabeça por terra e exalaram o último suspiro por mandado de Nosso Senhor Jesus Cristo e assim morreram. Então levantou-se o imperador e prostrou-se junto a eles chorando amargamente e os abraçou e os beijou. Em seguida, mandou construir um sepulcro de ouro e prata para enterrá-los nele. E naquela mesma noite, os justos apareceram ao imperador e lhe disseram que devia sepultá-los na terra nua, tal como haviam estado até que o Senhor os ressuscitou, pois na terra deviam esperar a ressurreição final. Então, o imperador mandou adornar rica e nobremente o local da sepultura com pedras preciosas e promulgou um decreto pelo qual perdoava a todos os bispos que cressem na ressurreição. É duvidoso que os justos tenham dormido 372 anos, já que foram ressuscitados no ano da graça de 478 e Décio reinou apenas por um ano e três meses, no ano da graça de 270. Assim pois, os justos estiveram adormecidos apenas 208 anos”.


São Gregório de Tours
São Martinho de Tours

Traduzimos diretamente da obra do Beato Jacobo de Vorágine a famosa lenda dos Sete Dorminhocos de Éfeso para conservar-lhe seu sabor original, que se perderia se tivéssemos feito apenas um resumo. Barônio foi o primeiro que pôs em dúvida, no século XVI, a veracidade da lenda; desde então, para explicar sua origem, lançou-se a hipótese de que, na época de Teodósio II, haviam sido encontradas, numa caverna de Éfeso, as relíquias de sete mártires. A hipótese era verossímil; mas não existe nenhuma prova ou documento que registre a descoberta de tais relíquias, e tudo parece indicar que a lenda dos Sete Dorminhocos é uma pura invenção. Provavelmente se trata da interpretação cristã de um tema muito antigo da tradição judaica ou pagã, que se repete no folclore de todos os povos da Europa e da Ásia. O conto da Bela Adormecida é uma das múltiplas variações do tema. A lenda dos Sete Santos Dorminhocos foi redigida no século VI por Jacobo de Sarug no Oriente e por São Gregório de Tours no Ocidente. Pouco depois, começou a desenvolver-se o culto desses santos lendários. No Oriente, onde os Santos Dorminhocos são crianças, celebra-se ainda sua festa no rito bizantino e em outros; o “Euchologion” grego contém uma oração na qual se invocam contra a insônia os Santos Dorminhocos. Não menor popularidade alcançou a lenda no Ocidente: o Martirológio Romano menciona os Sete Dorminhocos e sua festa ainda se celebra em dois ou três lugares.


Tem-se discutido muito sobre a origem da lenda e o idioma em que passou a fazer parte da hagiografia. O tema do homem que adormece e desperta muitos anos depois num mundo totalmente mudado é tão antigo quanto o folclore universal. Sobre a lenda de Epimênides em particular, cf. H. Demoulin, Epiménide de Crète (1901). A forma cristã da lenda começou a circular relativamente cedo. Com efeito, constituía o tema de uma das homilias em verso de Jacobo de Sarug, que morreu no ano 521; além disso, num manuscrito do Museu Britânico, datado do século VI, há um fragmento da lenda escrito em siríaco. No mesmo século, São Gregório de Tours narrou detalhadamente o episódio dos Sete Dorminhocos, em latim, com esta advertência: Syro quodam interpretante, uma frase que significa quase certamente que um oriental lhe havia traduzido a lenda. B. Krusch, em sua edição crítica da tradução de São Gregório (Analecta Bollandiana, vol. XII, pp. 372-388), opinava que o intérprete era um sírio, mas que a lenda era de origem grega. O mesmo pensam os PP. Peeters e Delehaye. Também Inácio Guidi, em sua edição dos textos orientais da lenda, inclinava-se a pensar que a forma original era grega; mas em seu artigo da Encyclopedia of Religion and Ethics, vol. XI, pp. 426-428, parece ter mudado de opinião. A. Allgeier, na Oriens Christianus (vols. IV–VII), defende a prioridade do texto siríaco. Dom M. Huber sustenta a opinião desconcertante de que o texto original da lenda era o latino. Apesar disso, Huber prestou grande serviço à história pela vasta coleção de materiais que reuniu em sua obra Die Wanderlegende von den Siebenschläfern (1910). Ver também J. Koch, Die Siebenschläferlegende... (1883). Sobre a Lenda dos Dorminhocos no Islã, cf. Analecta Bollandiana, vol. LXVIII (1950), pp. 245-260. Existe uma tradução inglesa da versão de São Gregório de Tours em Selections (University of Pennsylvania Press, 1949). Ver E. Honigmann, Patristic Studies (1953), pp. 125-168 (Studi e testi, 173): muito importante. [2]


Referência:


  1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 3, pp. 195–196.

  2. Ibid. pp. 196-199.


REZE O ROSÁRIO DIARIAMENTE!


Comentários


  • Instagram
  • Facebook
  • X
  • YouTube
linea-decorativa

“O ROSÁRIO
é a ARMA
para esses tempos.”

- Padre Pio

 

santa teresinha com rosas

“Enquanto a modéstia não
for colocada
em prática a sociedade vai continuar
a degradar,

a sociedade

fala o que é

pelasroupas

que veste.

- Papa Pio XII

linea-decorativa
jose-de-paez-sao-luis-gonzaga-d_edited.j

A castidade
faz o homem semelhante
aos anjos.

- São Gregório de Nissa

 

linea-decorativa
linea-decorativa
São Domingos

O sofrimento de Jesus na Cruz nos ensina a suportar com paciência
nossas cruzes,

e a meditação sobre Ele é o alimento da alma.

- Santo Afonso MARIA
de Ligório

bottom of page