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Vida de São Vicente de Paulo e Santo Ambrósio Autperto (19 de julho)


SÃO VICENTE DE PAULO, FUNDADOR DA CONGREGAÇÃO

DA MISSÃO E DAS IRMÃS DA CARIDADE (1660 d.C.)


SÃO VICENTE DE PAULO

Mesmo nos períodos de maior decadência religiosa, quando os homens parecem ter esquecido totalmente o Evangelho, Deus se encarrega de suscitar na cristandade ministros fiéis, capazes de reacender a caridade no coração dos homens. São Vicente de Paulo foi um desses instrumentos da Providência. Seus pais possuíam uma pequena fazenda em Pouy, aldeia próxima a Dax, na Gasconha. Ali nasceu Vicente, o terceiro de quatro irmãos. Diante da inteligência e inclinação para os estudos que Vicente demonstrava, seu pai o confiou aos franciscanos recoletos de Dax para que o educassem. Vicente concluiu seus estudos na Universidade de Toulouse e, em 1600, aos vinte anos de idade, recebeu a ordenação sacerdotal. O pouco que se sabe sobre a juventude de Vicente não fazia prever a fama de santidade que ele alcançaria no futuro. Diz-se que fez uma viagem a Marselha, que esteve prisioneiro em Túnis e que conseguiu escapar de forma bastante novelesca. Mas esses acontecimentos foram tão controvertidos e levantam tantos problemas que o melhor é ignorá-los.


O próprio São Vicente conta que, naquela época, o que mais o preocupava era fazer carreira. Conseguiu o cargo de capelão da rainha Margarida de Valois, ao qual estavam anexas as rendas de uma pequena abadia, segundo o costume repreensível daquele tempo. Vivia em Paris com um amigo, quando ocorreu um episódio que mudaria sua vida. O amigo com quem partilhava o quarto acusou-o de ter roubado quatrocentas coroas e, como todos os indícios estavam contra Vicente, começou a espalhar entre os conhecidos o boato de que seu companheiro era um ladrão. Vicente contentou-se em negar o fato dizendo: “Deus sabe a verdade.” Seis meses depois, tendo Vicente suportado a calúnia com incrível paciência, o verdadeiro ladrão confessou sua culpa. São Vicente relatou mais tarde esse episódio numa conferência espiritual a seus sacerdotes (mas falou em terceira pessoa), para lhes fazer compreender que a paciência, o silêncio e a resignação são a melhor defesa da inocência e o meio mais apto de se santificar por meio da calúnia e da perseguição.


Vicente conheceu em Paris um sacerdote virtuoso, Pedro de Bérulle, que mais tarde seria cardeal. Bérulle, que lhe tinha grande estima, conseguiu que aceitasse o cargo de tutor dos filhos de Filipe de Gondi, conde de Joigny. A condessa o escolheu como confessor e diretor espiritual.


Em 1617, quando a família estava em sua casa de veraneio em Folleville, Vicente foi chamado para confessar um camponês gravemente doente. O próprio penitente contou depois à condessa e a outros que todas as suas confissões anteriores haviam sido sacrílegas e que devia sua salvação à bondade de São Vicente. A condessa ficou horrorizada ao ouvir falar de tais sacrilegíos. Era uma boa mulher que, em vez de se escudar no orgulho — como tantos senhores faziam ao se desinteressar do bem espiritual de seus servos —, compreendia que estava ligada a eles pelos laços da justiça e da caridade. Suas boas disposições ajudaram São Vicente a tomar consciência do abandono religioso em que viviam os camponeses da França. Assim, a condessa o convenceu a pregar na igreja de Folleville e instruir o povo sobre a confissão. Após os primeiros sermões, tão grande foi a multidão que acorreu para fazer confissão geral, que Vicente precisou pedir ajuda aos jesuítas de Amiens.


SÃO VICENTE DE PAULO

Em 1617, por conselho do Pe. Bérulle, Vicente renunciou ao cargo de tutor e assumiu a paróquia de Châtillon-les-Dombes. No exercício dessa função conseguiu a conversão do conde de Rougemont e de outros personagens que levavam vida escandalosa. Mas logo retornou a Paris e começou a trabalhar com os galeotes da Conciergerie. Foi nomeado oficialmente capelão dos galeotes (que estavam sob os cuidados do general Filipe de Gondi), e sua primeira missão foi pregar em Bordeaux, em 1622. Na época, começou a circular a lenda — cuja veracidade nunca foi comprovada — de que Vicente teria substituído um galeote numa galé.


A condessa de Joigny ofereceu-lhe uma renda para fundar uma missão permanente destinada ao povo, da forma que julgasse mais conveniente, mas Vicente nada fez de imediato, pois sua humildade o fazia julgar-se incapaz de tão grande tarefa. A condessa, que só encontrava paz na direção espiritual do santo, arrancou-lhe a promessa de que jamais deixaria de assisti-la, especialmente na hora da morte. Desejosa de fazer tudo o que estivesse a seu alcance pelo bem espiritual de seus súditos, conseguiu que seu esposo a ajudasse a formar uma associação de missionários que consagrassem seu zelo ao atendimento dos camponeses. O conde falou do projeto a seu irmão, o arcebispo de Paris, que pôs à disposição da comunidade o prédio do antigo colégio “Bons Enfants” para servir de casa. Os missionários deviam renunciar a dignidades eclesiásticas, trabalhar em vilarejos e povoados humildes, e viver de um fundo comum. São Vicente tomou posse da casa em abril de 1625.


Como prometera, São Vicente assistiu à morte da condessa dois meses depois. Em 1633, o superior dos Cônegos Regulares de São Vítor deu aos missionários o convento de São Lázaro, que se tornou a sede principal da congregação. Por isso, os padres da missão são chamados às vezes lazaristas, outras vezes vicentinos. Trata-se de uma congregação de padres diocesanos que fazem quatro votos simples: pobreza, castidade, obediência e perseverança. Dedicam-se principalmente às missões no meio rural e à formação de seminários diocesanos; hoje possuem colégios e missões no mundo inteiro. Ao morrer São Vicente, a congregação contava já com vinte e cinco casas na França, Piemonte, Polônia e até em Madagascar.


SÃO VICENTE DE PAULO

Mas o zelo de “Monsieur Vincent”, como passou a ser chamado carinhosamente, não se contentou com essa fundação. Ele quis aliviar todas as necessidades materiais e espirituais do povo. Para isso, criou as confrarias da caridade (a primeira em Chatillon), cujos membros cuidavam dos doentes nas paróquias. Assim nasceram as Irmãs da Caridade, fundadas com Santa Luísa de Marillac. Dizia-se delas: “têm por convento o quarto dos doentes, por capela a igreja paroquial e por claustro as ruas da cidade.” Fundou também a associação das Damas da Caridade entre senhoras ricas de Paris, para obter fundos e ajuda para suas obras. Construiu hospitais e asilos para órfãos e idosos e iniciou a construção de um hospital para galeotes em Marselha. Para manter tudo isso, angariou benfeitores e deixou regras prudentes para a administração. Escreveu ainda um plano de retiro para vocacionados, métodos de exame de consciência e organizou conferências sobre os deveres clericais, combatendo abusos e ignorância do clero.


Ao saber da miséria em Lorena durante a guerra, arrecadou somas fabulosas em Paris para socorrer os habitantes. Enviou missionários a Polônia, Irlanda, Escócia e até às Hébridas. Sua congregação resgatou 1200 escravos cristãos no norte da África. O rei Luís XI chamou o santo para assisti-lo no leito de morte; a rainha Ana d'Áustria o consultava em assuntos eclesiásticos. No entanto, São Vicente não conseguiu convencer a rainha a demitir Mazarino, o ministro odiado pelo povo durante a Fronda. Com sua ajuda, as beneditinas inglesas de Gante fundaram um convento em Boulogne, em 1652.


Essa atividade intensa não o afastava de Deus. Nos fracassos, ataques e decepções, mantinha uma serenidade extraordinária. Seu único desejo era que Deus fosse glorificado em tudo. Confessou ter temperamento colérico e belicoso, confirmado por outros testemunhos. Disse: “Sem a graça, eu seria duro, áspero e intratável”. Mas a graça o transformou num homem dócil, caridoso e fiel ao amor de Deus. Queria que a humildade fosse a base de sua congregação. Certa vez, recusou dois candidatos brilhantes dizendo: “Suas habilidades estão acima do nosso nível. Nossa ambição é instruir os ignorantes, converter os pecadores e semear o Evangelho da caridade, humildade, mansidão e simplicidade.” Os missionários não deviam falar de si, pois isso alimenta o orgulho. Preocupava-se com a expansão do jansenismo e declarou: “Durante três meses, minhas únicas preces foram sobre a doutrina da graça. Deus confirmou-me que Nosso Senhor morreu por todos e quer salvar o mundo inteiro.” Combateu firmemente o erro e expulsou de sua congregação os jansenistas.


CORPO INCORRUPTO DE SÃO VICENTE DE PAULO

No fim da vida, com a saúde destruída, faleceu serenamente, sentado em sua cadeira, em 27 de setembro de 1660, com 80 anos. Foi canonizado por Clemente XI em 1737 e proclamado Patrono de todas as obras de caridade por Leão XIII. Destaca-se entre elas a Sociedade de São Vicente de Paulo, fundada por Frederico Ozanam em 1833 em Paris, no espírito do santo.


As fontes sobre sua vida são numerosas. Destacam-se os 14 volumes de cartas, conversas e documentos editados pelo Pe. Pierre Coste (1920–1925), e sua biografia em 3 volumes Le grand saint du siècle. Outras biografias importantes são as de Mons. Abelly (a primeira), Bougaud, Broglie, Lavedan, Redier e Renaudin. A seleção de cartas feita pelo Pe. J. Leonard (St. Vincent de Paul and Mental Prayer, 1925) revela seu espírito religioso. Também se destacam estudos de Boyle, Sanders, Maynard, Ménabré, Canitrot e Calvet. [1]


SANTO AMBRÓSIO AUTPERTO (†778?)


Santo Ambrósio era um membro distinto da corte de Pepino, o Breve. Enviado por seu soberano numa missão à Itália, teve ocasião de visitar o mosteiro beneditino de São Vicente, no ducado de Benevento. O espírito e a observância dos monges lhe causaram tal impressão que ingressou imediatamente na abadia. Após sua profissão e ordenação, pregou com grande êxito na região; alguns de seus sermões ainda se conservam. Ambrósio viveu santamente, desconhecido pelo mundo, dedicado sobretudo à escrita. Suas obras foram tão estimadas na Idade Média que seu tratado sobre o conflito entre as virtudes e os vícios foi atribuído, sucessivamente, a Santo Ambrósio de Milão, Santo Agostinho, São Leão IX e Santo Isidoro de Sevilha. Entre os escritos de Ambrósio contam-se vidas de santos e um comentário do Apocalipse. Dom Morin escreve a propósito das obras do santo: “Pela sua ciência e estilo, Santo Ambrósio constitui um fenômeno raro, quase um enigma, pois não podemos deixar de nos perguntar onde e como pôde acumular tantos conhecimentos, considerando-se a época e o lugar em que viveu.” Nem mesmo entre seus contemporâneos lhe faltaram admiradores: Carlos Magno costumava consultá-lo (pois Ambrósio fora, em certa época, seu tutor) e o Papa Estêvão IV o tratava como a um amigo. Ambrósio gozava também da simpatia de sua comunidade monástica. Por volta do ano 776, os monges francos o elegeram abade; mas uma coalizão de monges lombardos apoiava outro candidato, chamado Poto. Informado da questão, o Papa Adriano I convocou os dois rivais a Roma, mas Santo Ambrósio Autperto morreu durante a viagem. Foi sepultado na basílica de São Pedro. Suas relíquias foram trasladadas, por volta do ano 1044, para a abadia que governara por tão breve tempo.


Existe uma breve biografia latina; pode ser consultada nas obras de Muratori e Mabillon e nos Acta Sanctorum, julho, vol. IV. Ver sobretudo G. Morin, Revue Bénédictine, vol. XXVII (1910), pp. 204–212; e Morin, Études, Textes, Découvertes (1913), pp. 23, 488, 494, 498, 506. Cf. J. Winandy, Ambroise Autpert, moine et théologien (1953). [2]


Referência:


  1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 3, pp. 141–144.

  2. Ibid. pp. 149-150.


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