Vida de São Henrique II, Imperador e São Pompílio Pirrotti (15 de julho)
- Sacra Traditio
- 15 de jul.
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SÃO HENRIQUE II, IMPERADOR
Do Sacro Império Romano-Germânico (102 d.C.)

Henrique II, filho de Henrique, duque da Baviera, e de Gisela da Borgonha, nasceu no ano de 972. Foi educado por São Volfango, bispo de Ratisbona e, em 995, sucedeu a seu pai no governo do ducado da Baviera. Em 1002, com a morte de seu primo Otão II, foi eleito imperador. Henrique jamais perdeu de vista os perigos aos quais estão expostos os governantes. Consciente da importância e extensão das obrigações que lhe impunha seu cargo, soube manter-se, pela oração, numa atitude de humildade e temor de Deus, e sua virtude saiu ilesa do perigo das honras. Jamais esqueceu o fim para o qual Deus o havia elevado à mais alta dignidade temporal e trabalhou com todas as suas forças pela promoção da paz e da prosperidade de seu reino. É necessário especificar, porém, que São Henrique valeu-se algumas vezes da Igreja para fins políticos, imitando assim seu predecessor Otão o Grande. Sem discutir a autoridade espiritual da Igreja, opôs-se, em certos casos, ao seu engrandecimento temporal. E devemos reconhecer que, do ponto de vista do bem-estar da cristandade, algumas das medidas políticas do santo imperador foram ambíguas.
São Henrique teve de empreender numerosas guerras para defender e consolidar seu império. Tais, por exemplo, as guerras da Itália, antes de receber a coroa. Arduíno de Ivrea havia-se feito coroar rei em Milão; São Henrique cruzou os Alpes e o lançou fora do poder. Em 1014, chegou triunfalmente a Roma, onde foi coroado imperador pelo Papa Bento VIII. O santo restaurou com grande generosidade as sés episcopais de Hildesheim, Magdeburgo, Estrasburgo e Meersburgo e fez ricas doações às igrejas de Aachen e Basileia, entre outras. É falso que o santo tenha convertido à fé Santo Estêvão I, rei da Hungria, que era filho de pais cristãos; mas incitou esse monarca a trabalhar pela conversão de seus súditos. Em 1006, São Henrique fundou a sé de Bamberg e construiu uma grande catedral para fortalecer o poder germânico entre os vendos. Os bispos de Würzburg e Eichstätt se opuseram à iniciativa, pois esta implicava o desmembramento de suas dioceses; mas o Papa João XIX deu razão ao imperador, e Bento VIII consagrou a catedral no ano de 1020. São Henrique construiu e dotou também um mosteiro em Bamberg e fez doações a várias dioceses para promover a glória divina e prover às necessidades dos pobres. Em 1021, voltou à Itália em uma expedição contra os gregos da Apúlia. No caminho de volta caiu enfermo e foi transportado a Monte Cassino. Segundo se diz, foi milagrosamente curado por intercessão de São Bento, mas ficou aleijado para sempre.

Henrique sabia atender mesmo aos menores detalhes, apesar dos inúmeros deveres de um chefe de Estado; por isso, ao mesmo tempo em que cumpria perfeitamente suas obrigações públicas, não esquecia que seu primeiro dever consistia em cuidar do bem de sua alma. Apoiou com entusiasmo as ideias de reforma eclesiástica do grande mosteiro de Cluny, como o prova o fato de ter-se oposto a seu parente, amigo e antigo capelão, Aribo, a quem ele mesmo havia nomeado arcebispo de Mainz, quando este condenou em um sínodo aqueles que apelavam a Roma sem sua permissão. É muito conhecida a lenda segundo a qual, desejando São Henrique tornar-se monge, prometeu obediência ao abade do mosteiro de Saint-Vanne, em Verdun, o qual lhe ordenou, por preceito de obediência, que continuasse a governar o Império. Na realidade, essa e outras anedotas semelhantes se ajustam mal ao caráter e à vida do imperador. São Henrique foi um dos maiores governantes do Sacro Império Romano e santificou-se, precisamente, como soldado e chefe de Estado, cumprindo deveres muito diferentes dos dos monges. As histórias edificantes são invenções dos habitantes de Bamberg, e as biografias do tipo da que escreveu Adalberto não refletem a verdadeira personalidade de São Henrique. O que sabemos sobre ele diz respeito, antes, à sua atuação pública. São Henrique II não teve, como São Luís da França, um Joinville que descrevesse sua vida íntima. O santo imperador promoveu quanto pôde a reforma eclesiástica, sobretudo pelo cuidado com que escolhia os bispos e pelo apoio que deu a monges tão destacados como São Odilon de Cluny e Ricardo de Saint-Vanne. Papa Eugênio III canonizou São Henrique em 1146, e São Pio X o proclamou patrono dos oblatos beneditinos.
São Henrique era o personagem mais importante da Europa no início do século XI, de modo que ocupa lugar de destaque nas crônicas da época, como as de Raúl Glaber e Tietmaro. Além disso, existem duas biografias latinas atribuídas, respectivamente, ao bispo de Utrecht, Adalboldo, e a Adalberto, diácono de Bamberg. Podem ser consultadas nos Acta Sanctorum, julho, vol. II, e nos MGH., Scriptores, vol. IV. Do ponto de vista religioso, a melhor biografia é a de H. Gunter, Kaiser Heinrich der Heilige (1904). Sobre a vida pública do santo, podem ser vistas as obras de Hauck, Kirchengeschichte Deutschlands, vol. III, e Cambridge Medieval History, vol. III. Veja-se também F. Dvornik, The Making of Central and Eastern Europe (1949), pp. 185–222. Acerca do suposto voto de castidade de São Henrique, veja-se nosso artigo [em breve] sobre sua esposa, Santa Cunegunda (3 de março), e a bibliografia ali indicada. [1]
SÃO POMPÍLIO PIRROTTI (1756 d.C.)

Pompílio Maria Pirrotti nasceu em 1710, no seio de uma família abastada de Montecalvo, na Campânia. Seus pais lhe proporcionaram uma boa educação. O jovem, impressionado pela falta de escolas, especialmente entre os pobres, decidiu consagrar sua vida ao ensino. Assim, ingressou na Congregação dos Escolápios, fundada com esse objetivo por São José de Calasanz e, ao fazer a profissão religiosa, em 1728, tomou o nome de Maria de São Nicolau. Após sua ordenação sacerdotal, ensinou durante alguns anos na Apúlia, até ser nomeado missionário apostólico da Emília e de Veneza, devido ao seu zelo e santidade. Seu entusiasmo causou-lhe dificuldades em Nápoles, onde algumas pessoas, temerosas de sua influência ou invejosas de seu êxito, lançaram contra ele uma campanha de calúnias e perseguições. O santo foi expulso de Nápoles; mas o povo se indignou tanto, que o rei foi obrigado a revogar o decreto de exílio. São Pompílio continuou sua obra com admirável paciência, até que seus superiores o enviaram ao convento de Campo, nos arredores de Lecce. Ali faleceu o santo aos quarenta e seis anos de idade. Fernando II, rei das Duas Sicílias, interessou-se pessoalmente por sua causa de beatificação, que teve lugar em 1890. Foi canonizado em 1934.
Ver: Seebóck, Die Herrlichkeit der Katholischen Kirche in ihren Heiligen und Seligendes 19 Jahrhunderts (1900), p. 431; Heinbucher, Die Orden und Kongregationen, vol. III; e Acta Apostolicae Sedis, vol. XXVIII (1935), pp. 223–234. [2]
Referência:
Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 3, pp. 106–108.
Ibid. pp. 112-113.
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