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Vida de São Bartolomeu, Apóstolo e Os Mártires de Útica (24 de agosto)



SÃO BARTOLOMEU, APÓSTOLO

Provavelmente o nome de Bartolomeu não é propriamente o do Apóstolo, mas simplesmente um patronímico que significa “filho de Tolomai”. A única coisa que sabemos com certeza sobre São Bartolomeu é que realmente existiu. Muitos estudiosos afirmam que ele se identifica com Natanael, natural de Caná da Galileia, de quem disse o Senhor: “Eis um verdadeiro israelita em quem não há dolo algum”. As principais razões dessa identificação são que o nome de Natanael não aparece em três dos Evangelhos, onde sempre se citam juntos Filipe e Bartolomeu, enquanto, no de São João, se diz que Filipe e Natanael conheceram juntos o Senhor. Por outro lado, o nome de Natanael figura entre os Apóstolos a quem Cristo apareceu às margens do mar da Galileia, depois de sua Ressurreição (João XXI, 2).


O Martirológio Romano resume a tradição popular sobre São Bartolomeu, e diz que “pregou o Evangelho na Índia; tendo ido depois à Armênia Maior, converteu muitas gentes, pelo que os bárbaros o esfolaram vivo, e o rei Astíages mandou decapitá-lo...” Segundo a tradição, o martírio ocorreu em Albanópolis (atualmente Derbend, na costa ocidental do Mar Cáspio). Bartolomeu pregou também na Mesopotâmia, Pérsia, Egito e outros países. Eusébio (século IV) é o primeiro que faz menção da Índia. Com efeito, esse autor refere que São Panteno havia ido à Índia cerca de cem anos antes* (“para pregar aos brâmanes”, segundo acrescenta São Jerônimo) e encontrou alguns indígenas que conheciam o nome de Cristo; esses indígenas lhe mostraram uma cópia do Evangelho de São Mateus, em caracteres hebraicos, e lhe disseram que era a que levava São Bartolomeu consigo quando fora evangelizar o país. Mas deve advertir-se que os escritores gregos e latinos da época aplicavam o nome de “Índia” à Arábia, Etiópia, Líbia, Pártia, Pérsia e às terras dos medos. Provavelmente o lugar em que esteve Panteno foi a Etiópia ou a Arábia Feliz, ou ambas. Outra lenda oriental afirma que São Bartolomeu encontrou São Filipe em Hierápolis da Frígia e foi com ele à Licaônia; São João Crisóstomo sustenta que São Bartolomeu evangelizou os licaônios. Não é impossível que São Bartolomeu tenha morrido realmente na Armênia, como afirmam unanimemente todos os historiadores posteriores desse país; mas o certo é que os escritores armênios primitivos quase não mencionam São Bartolomeu quando falam da evangelização de seu país. A lenda das transladações de seus restos é ainda mais complicada que a de suas viagens. As relíquias do Apóstolo encontram-se atualmente em Benevento e na igreja romana de São Bartolomeu, junto ao Tibre.


O nome de São Bartolomeu não é tão famoso nos apócrifos como os de Santo André, São Tomé e São João. Contudo, um escrito apócrifo, do qual se conserva um texto grego e várias traduções latinas, narra o apostolado e o martírio do santo. Segundo Max Bonnet (Analecta Bollandiana, vol. XIV, 1895, pp. 353-366), o original desse documento estava redigido em latim; com menos probabilidade, Lipsius se inclina a pensar que o original era grego. Não é impossível que o texto grego e o latino derivem de um original sírio. Podem-se ver os textos em Acta Sanctorum, agosto, vol. V; em Tischendorf, Acta Apostolorum Apocrypha, pp. 243-260; e em Bonnet, Act. Apocryph., vol. II, parte I, pp. 128 ss. Existem também importantes fragmentos de um evangelho apócrifo de São Bartolomeu (cf. Revue Biblique, 1913, 1921 e 1922), e conservam-se vestígios de alguns Atos de André e Bartolomeu em copta. O Evangelho apócrifo de São Bartolomeu é um dos textos condenados pelo decreto pseudo-gelasiano. O relato do martírio de São Bartolomeu não diz que ele tenha sido esfolado vivo antes de ser decapitado, mas esse dado se encontra no Breviarium Apostolorum, incluído em certos manuscritos do Hieronymianum. Provavelmente, a faca que aparece em tantas representações de São Bartolomeu alude ao esfolamento. Sobre São Bartolomeu na arte, cf. Kinstle, Ikonographie, vol. II, pp. 116-120. Sobre a permanência de São Bartolomeu na Índia, cf. A. C. Perumalil, The Apostles in India (Patna, 1953). [1]



OS MÁRTIRES DE ÚTICA

O poeta Prudêncio popularizou em um de seus hinos a história desses mártires, tal como havia chegado aos seus ouvidos. O Martirológio Romano a resume nos seguintes termos: “Em Cartago, a paixão de trezentos santos mártires na época de Valeriano e Galieno. O governador, entre outros tormentos, mandou acender um braseiro e trazer incenso e carvão. Depois disse aos mártires: ‘Escolhei entre oferecer incenso a Júpiter ou ser lançados às chamas.’ Os mártires, armados com a fé e confessando que Cristo era o Filho de Deus, atiraram-se espontaneamente às chamas e foram reduzidos a cinzas. Dessa forma, os confessores de Cristo, que estavam vestidos de branco, ganharam o título de Massa Cândida.” Esse nome faz alusão à brancura das cinzas dos mártires, que se misturaram em uma só massa. Santo Agostinho diz que os fatos ocorreram em Útica, a quarenta quilômetros de Cartago, e que os mártires não eram trezentos, mas cento e cinquenta e três. Prudêncio comenta: “A brancura (candor) recobre seus corpos, e a pureza (candor) de suas almas brilha no céu. Por isso mereceram ser eternamente chamados Massa Cândida.”


Entretanto, como observa o Pe. Delehaye em seu comentário ao Hieronymianum, a descrição poética de Prudêncio carece de fundamento, pois “Massa Cândida” é, na realidade, o nome do local onde os mártires foram sepultados. Não existe nenhuma prova de que tenham morrido na perseguição de Valeriano. Provavelmente foram decapitados, já que um sermão, antigamente atribuído a Santo Agostinho sem razão suficiente, fala de rios de sangue e da generosidade com que os mártires apresentaram o pescoço ao carrasco. Por outro lado, também não há provas de que tenham sido 300 ou 153, pois Santo Agostinho citou esse número simplesmente para compará-lo com o dos peixes da pesca milagrosa (João, XXI, 11). Quase não resta dúvida de que Prudêncio, com sua fantasia exuberante, inventou o dado do braseiro baseando-se no nome de “Massa Cândida”.


Prudêncio, Peristephanon, XIII, 76-87; P. Franchi de Cavalieri, em Studi e Testi, vol. IX (1902), pp. 37-51; G. Morin, em Miscellanea Augustiniana, vol. I (1930), p. 647; H. Delehaye, CMH, pp. 449-450, e Origines du culte des martyrs (1933), pp. 384-385. [2]


Referência:


  1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 3, pp. 397–398.

  2. Ibid. p. 399.


NOTA: * São Bartolomeu pregou na região chamada “Índia” logo após a Ascensão de Cristo (séc. I). O que Eusébio menciona é que, cerca de 100 anos depois da missão apostólica inicial, São Panteno encontrou cristãos na Índia que já conheciam o Evangelho e, segundo a tradição, possuíam um exemplar do Evangelho de São Mateus em hebraico, deixado por São Bartolomeu. Isso confirma que Bartolomeu pregou primeiro, e Panteno foi lá como missionário para reforçar a fé que já existia.


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