Vida de Santo André de Creta e Santo Ulrico de Augsburgo (4 de junho)
- Sacra Traditio

- 4 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: 6 de jul.
SANTO ANDRÉ DE CRETA, ARCEBISPO DE GORTINA (†740?)

André nasceu em Damasco em meados do século VII. Apesar da eloquência que demonstrou em sua maturidade, conta-se que até a primeira comunhão, recebida aos sete anos, era pouco falante. Aos quinze anos, mudou-se para Jerusalém, razão pela qual às vezes é chamado de Santo André de Jerusalém. Lá tornou-se monge no mosteiro de São Sabas e, no Santo Sepulcro, recebeu os graus de leitor e subdiácono. O patriarca de Jerusalém, Teodoro, enviou-o em 685 a Constantinopla para renovar a adesão de sua Igreja ao sexto Concílio ecumênico, que acabara de condenar a heresia monotelita. André permaneceu em Constantinopla, onde foi ordenado diácono da Grande Basílica e recebeu a incumbência de cuidar de um orfanato e de um hospício de anciãos. Pouco depois, graças a suas qualidades pessoais e habilidades, foi eleito arcebispo de Gortina, sede metropolitana de Creta. Ali, envolveu-se na última onda do monotelismo. Em 711, Filípico Bardanes tomou o trono imperial, queimou os atos do sexto Concílio ecumênico, restaurou nos dípticos litúrgicos os nomes que o Concílio havia anatematizado e convocou um sínodo para legitimar suas ações. André participou desse sínodo em 712; mas no ano seguinte arrependeu-se e assinou sem hesitar a carta de retratação que seu patriarca enviou ao Papa Constantino, após a deposição de Bardanes por Anastácio II.
O restante da vida de Santo André destacou-se por sua atuação como pregador e autor de hinos. Conservam-se mais de vinte sermões seus, já publicados. Seus hinos deixaram marca duradoura na liturgia bizantina. A tradição lhe atribui a introdução da forma hímnica chamada kanon. De todo modo, é certo que compôs inúmeros hinos nesse e em outros estilos semelhantes, alguns ainda cantados. Infelizmente, o estilo do kanon se presta à verbosidade. André compôs um kanon com 250 estrofes, que se cantava na Quaresma “com grande dificuldade e fadiga para os pulmões”, conforme escreveu Combefis. As homilias de Santo André têm certa importância na história da mariologia. Não se deve confundi-lo com outro Santo André de Creta, chamado “o Calibita” (comemorado em 17 de outubro).
No panegírico de Nicetas Quaestor (BHG, 16) encontram-se alguns dados sobre a vida de Santo André; cf. S. Vailhé, Échos d’Orient, vol. V (1902), pp. 378-387. Sobre os hinos e homilias de Santo André, ver: Bardenhewer, Patrology (trad. ingl.), p. 567; DTC, vol. I, col. 1183-1184; DAC, vol. I, col. 2034-2041; Nilles, Kalendarium Manuale, vol. II, pp. 147-156; e J. M. Neale, Hymns of the Eastern Church. [1]
SANTO ULRICO OU ULDARICO, BISPO DE AUGSBURGO (†973 d.C.)

Santo Ulrico nasceu em Augsburgo no ano de 890 e foi educado na abadia de São Galo. Santa Wiborada, que vivia perto da referida abadia, predisse, segundo se conta, que Ulrico seria um dia bispo e sofreria duras provações. Mas o santo foi tão frágil na juventude, que os outros monges estavam convencidos de que não viveria por muito tempo. Entretanto, a regularidade e a temperança foram mais benéficas à sua saúde do que teriam sido, provavelmente, os cuidados diligentes dos pais e a atenção dos médicos. O cardeal Lugo cita vários exemplos que provam que esse fato não é único na história das ordens religiosas. Quando Ulrico terminou os estudos na abadia, seu pai o levou a Augsburgo e o confiou aos cuidados do bispo daquela cidade. Com o tempo, Santo Ulrico lhe sucedeu no governo da sé.
Os magiares haviam saqueado pouco antes a região, assassinado Santa Wiborada, assolado a cidade de Augsburgo e destruído a catedral. Para não perder tempo, o novo bispo construiu uma pequena igreja para reunir o povo que, após tantas desgraças, necessitava urgentemente de instrução, consolo e ajuda. O santo prodigalizou tudo isso ao seu rebanho e se consagrou inteiramente às suas funções espirituais, na medida em que as demais obrigações lho permitiam. Levantava-se diariamente às três da madrugada para assistir aos matinas e laudes, e não saía da igreja senão na hora de nona; então dirigia-se ao hospital, onde animava os enfermos e lavava os pés de doze mendigos, aos quais dava também uma generosa esmola. Passava o restante do dia instruindo, pregando, visitando seus fiéis e cumprindo os deveres de um pastor solícito. A cada ano visitava toda a sua diocese.
Nos últimos anos de sua vida, desejando retirar-se para o mosteiro de São Galo, renunciou ao governo da sé em favor de seu sobrinho Adalbero. Isso constituía uma irregularidade canônica, e Santo Ulrico teve de responder por seus atos diante de um sínodo reunido em Ingelheim. Em sua última enfermidade, pediu que o deitassem no chão sobre uma cruz de cinzas e assim morreu, rodeado por seu clero, no dia 4 de julho de 973. Em seu túmulo ocorreram numerosos milagres. O Papa João XV o canonizou no ano de 993. Essa foi a primeira canonização realizada por um Papa.
Os materiais sobre a vida de Santo Ulrico são muito abundantes. O documento mais importante é a biografia escrita por seu contemporâneo, o prepósito Gerardo; pode-se consultá-la nos Acta Sanctorum, julho, vol. I, e nos MGH., Scriptores, vol. IV. Existe ainda outra biografia escrita por Berno, abade de Reichenau (em Migne, PL., CXL, 1183-1204), e algumas outras fontes antigas. Ao que parece, Santo Ulrico não deixou nenhum escrito; todos os autores admitem atualmente que a carta contra o celibato, que antigamente lhe era atribuída, é uma falsificação que data do período dos “Libelli de Lite” (cf. The Month, março de 1908, pp. 311-313). Os "reformadores" se aproveitaram dessa carta, que foi traduzida para o alemão em 1521 e para o inglês em 1550 (Londres). Entre as biografias modernas, citam-se as de Raffier, Stützle e U. Schmid (1904), e o artigo, muito documentado e completo, do Kirchenlexikon, vol. XI. [2]
Referência:
Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 3, pp. 15–16.
Ibid. pp. 17.


























Comentários