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Vida de Santa Regina, virgem e São Clodovaldo (7 de setembro)

Atualizado: há 10 horas



Vitral de Santa Regina na Basílica de Ars
Vitral de Santa Regina na Basílica de Ars.

Não conhecemos a verdadeira história de Santa Regina, mencionada no Martirológio Romano como uma virgem martirizada no território de Autun. As lendas francesas a apresentam como filha de Clemente, um cidadão pagão de Alise, na Borgonha. Sua mãe morreu ao dá-la à luz, e a menina foi entregue a uma ama que era cristã e educou a criança na fé. Quando Clemente descobriu isso, recusou-se a receber sua filha em casa e, por conseguinte, Regina voltou a viver com sua ama e ganhava o pão no trabalho de pastora. Foi ela que a inspirou nos caminhos da verdadeira fé e da virtude. Na adolescência, a própria Regina pediu para ser batizada, embora o ambiente em sua casa fosse pagão. A cada dia tornava-se mais piedosa e crescia a convicção de que queria ser esposa de Cristo. Não aceitava o cortejo dos rapazes que queriam desposá-la, tanto por sua beleza física como por suas virtudes exemplares. Ela simplesmente se afastava de todos, preferindo passar a maior parte do seu tempo reclusa em oração e penitência.[1]

Sua beleza atraiu os olhares do prefeito Olíbrio que, ao saber que ela era de nobre linhagem, quis casar-se com ela. Regina recusou-se a aceitá-lo e não quis atender aos discursos de seu pai, que tentava convencê-la a casar-se com um homem tão rico.


Santa Regina tendo a Visão da Cruz no calabouço.
Santa Regina tendo a Visão da Cruz no calabouço.

Diante da obstinação da jovem, o autor de seus dias decidiu encerrá-la em um calabouço e, como passava o tempo sem que Regina cedesse, Olíbrio descarregou sua cólera mandando açoitar a jovem e submetendo-a a outros tormentos. Numa daquelas noites, recebeu em seu calabouço o consolo de uma visão da cruz, ao mesmo tempo que uma voz lhe dizia que sua libertação estava próxima. No dia seguinte, Olíbrio ordenou que fosse torturada de novo e depois decapitada. No momento da execução, apareceu uma pomba alvíssima que causou a conversão de muitos. Este episódio convida à comparação com a história de Santa Margarida em 20 de julho.


Em outra versão diz que Olíbrio era seu pai e não Clemente. Segue-se: Entretanto, o real martírio de Regina começou muito cedo e em sua própria casa. O seu pai, um servidor do Império Romano chamado Olíbrio, exigia que ela reverenciasse os deuses, até que um dia recebeu a denúncia de que Regina era uma cristã. No início não acreditou, mas resolveu investigar e quando percebeu que era verdade, denunciou a própria filha ao imperador Décio, que tentou seduzi-la com promessas vantajosas caso renegasse Cristo. Constatando que nada conseguiria com a bela jovem, muito menos demovê-la de sua fé, ele friamente mandou-a para o suplício. Regina sofreu torturas e foi decapitada.


Seu corpo foi transferido para fora da cidade de Alise, e uma basílica foi construída sobre seu túmulo. Rapidamente se desenvolveu um culto em sua honra, resultado de milagres ocorridos por sua intercessão. Entre os milagres consta a cura de uma criança de nome Heriboldo, que sofria de uma febre muito forte; um homem de Réome curou-se pela aplicação de um pedaço de madeira do sarcófago da santa; a cura de um irmão atingido pela doença da pedra e a cura parcial de um cego.[2]


Apesar de não podermos confiar no que pretende ser a paixão de Santa Regina (impressa no Acta Sanctorum sept., vol. 111), seu culto deve ter sido antigo, pois o nome da santa figura no Hieronymianum. Em tempos recentes, descobriu-se que havia uma basílica dedicada a ela em Alise. Sobre isso, ver J. Toutain, em Bulletin archéologique des Travaux historiques (1914), pp. 365-387. A lenda é relatada com riqueza de detalhes e algumas ilustrações no livro de F. Gringnard, La Vie de S. Reine d'Alise (1881). [3]




São Clodovaldo
São Clodovaldo.

À morte de Clóvis, rei dos francos, no ano 511, o reino foi dividido entre seus quatro filhos, dos quais o segundo era Clodomiro. Treze anos mais tarde, este pereceu numa luta contra seu primo Gondomar, rei da Borgonha (o monarca que anteriormente havia assassinado São Segismundo da Borgonha, chamado mártir no Martirológio Romano), deixando três filhos para que compartilhassem seus domínios. O mais jovem desses filhos de Clodomiro era São Clodovaldo, um nome que em francês se pronuncia Cloud e há uma grande cidade chamada Saint-Cloud, perto de Versalhes. Os três meninos cresceram sob os cuidados de sua avó, Santa Clotilde, a viúva do rei Clóvis, que lhes dedicou toda a sua ternura e solicitude em sua casa em Paris, enquanto o reino era administrado por seu tio Childeberto. Quando Clodovaldo tinha oito anos, seu tio tramou uma conspiração, junto com seu irmão mais novo, Clotário de Soissons, para se livrar dos três príncipes a fim de ficar com o reino. Um parente de Childeberto foi enviado à casa de Clotilde para exigir-lhe que escolhesse entre a alternativa de que seus filhos fossem assassinados, ou então reclusos para sempre em algum mosteiro. O mensageiro deturpou de tal modo a resposta da angustiada rainha, que esta apareceu como se tivesse escolhido a morte de seus filhos; por isso, sem perda de tempo, Clotário agarrou o mais velho, Teobaldo, e o apunhalou. O segundo príncipe, Gunther, fugiu aterrorizado em busca de refúgio junto a seu tio Childeberto, que se encontrava tremendo de medo, comovido pela brutal matança e tentando protegê-lo. Mas Clotário, alheio a todo sentimento de piedade, arrancou o menino dos braços de Childeberto e o matou também. O único que escapou foi Clodovaldo, que foi levado às pressas o mais longe possível para viver oculto na Provença.


São Clodovaldo e São Severino.
São Clodovaldo e São Severino.

Childeberto e Clotário compartilharam o fruto de seu espantoso crime, e Clodovaldo não fez nenhuma tentativa para recuperar o reino quando chegou à maioridade. Já havia visto bastante do que era a política para desprezá-la, assim como às vaidades do mundo, e voluntariamente retirou-se desde muito jovem para a cela de um eremita. Após algum tempo de vida solitária, colocou-se sob a direção e disciplina de São Severino, um eremita que vivia perto de Paris; depois passou a Nogent, nas margens do Sena, onde construiu sua ermida no lugar onde agora se encontra a cidade de Saint-Cloud. O santo não deu trégua em sua tarefa de instruir as gentes de toda a comarca circunvizinha e terminou seus dias em Nogent, por volta do ano 560, quando não tinha mais de trinta e seis anos de idade. Por um jogo de palavras com seu nome, já que Cloud se pronuncia igual a “clou”, que significa prego, o santo é venerado na França como padroeiro dos fabricantes de pregos.


Desgostoso, com toda a razão, pela monstruosa brutalidade da política merovíngia, ilustrada pelo assassinato dos filhos de Clodomiro, Alban Butler acrescenta a seguinte reflexão de Pico della Mirandola, um humanista do século XV:


Alguns pensam que a maior felicidade de um homem neste mundo é gozar das dignidades e poderes e viver entre as riquezas e esplendores de uma corte. Vós sabeis que já tive minha parte de tudo isso; mas vos asseguro que minha alma já não pode encontrar verdadeira satisfação senão no retiro e na contemplação. Estou convencido de que, se os césares pudessem falar desde suas tumbas, declarariam que Pico é mais feliz em sua solidão do que eles o foram no governo do mundo; e se os mortos pudessem voltar à vida, escolheriam as dores de uma segunda morte antes que arriscar sua salvação de novo nos cargos públicos”.

    O assassinato dos irmãos de São Clodoaldo.
O assassinato dos irmãos de São Clodoaldo.

Há uma biografia, editada com notas críticas por B. Krusch em MGH., Scriptores Merov., vol. 11, pp. 350-357, a mesma que, em data anterior, foi editada por Mabillon com os bolandistas. Mas como essa biografia admite que seu nascimento não remonta além do século IX, os dados fornecidos por São Gregório de Tours e reproduzidos no Acta Sanctorum são mais dignos de crédito. O livro Saint Cloud: prince, moine, prêtre (1922) de J. Legrand, é uma história muito agradavelmente escrita e com todos os dados necessários. [4]


Referência:


  1. Heroinas da Cristandade. 2017. "Santa Regina, virgem e mártir".

  2. Ibid.

  3. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. "Santa Regina ou Santa Rainha", 3, pp. 501502. Levemente adaptado para ter mais informações.

  4. Ibid. pp. 504-505.


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Comentários


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“O ROSÁRIO
é a
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para esses tempos.”

Padre Pio
 

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Enquanto a modéstia não for colocada em prática a sociedade vai continuar a degradar, a sociedade fala o que é pelas roupas que veste.

- Papa Pio XII
 

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A castidade faz o homem semelhante aos anjos.”
- São Gregório de Nissa
 

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O sofrimento de Jesus na Cruz nos ensina a suportar com paciência nossas cruzes,
e a meditação sobre Ele é o alimento da alma.”


Santo Afonso MARIA de Ligório

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