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Vida de São Luís da França e São Genésio, o comediante, mártir (25 de agosto)

Atualizado: 27 de ago.



SÃO LUÍS DA FRANÇA

São Luís IX possuía as qualidades de um grande monarca, de um herói de epopeia e de um santo. À sabedoria no governo unia a arte da paz e da guerra; à coragem e amplitude de vistas, uma grande virtude. Em suas empresas a ambição não tinha lugar algum; o único objetivo do santo rei era a glória de Deus e o bem de seus súditos. Embora as duas Cruzadas em que participou tenham resultado em fracasso, é fato que São Luís foi um dos cavaleiros mais valentes de todas as épocas, um exemplo perfeito do cavaleiro medieval, sem medo e sem mancha. Era filho de Luís VIII da França. Quando tinha oito anos, morreu seu avô Filipe Augusto e seu pai subiu ao trono. Luís IX nasceu em Poissy, a 25 de abril de 1214. Branca, sua mãe, era filha de Afonso de Castela e de Leonor da Inglaterra. Ao exemplo das virtudes de sua santa mãe deveu Luís sua magnífica educação. Branca costumava repetir-lhe com frequência, quando era criança: “Amo-te como a mãe mais carinhosa pode amar seu filho; mas preferiria ver-te cair morto a meus pés antes que saber que cometeste um só pecado mortal”. Luís jamais esqueceu essa lição. Seu biógrafo e amigo, o senhor de Joinville, cronista das Cruzadas, conta que o rei lhe perguntou certa vez: “Que coisa é Deus?” Joinville respondeu: “Uma coisa tão boa que nada pode ser melhor do que Ele”. “Bem dito”, respondeu Luís. “Mas dizei-me: preferiríeis contrair lepra antes que cometer um pecado mortal?” “E eu, que nunca disse uma mentira, prossegue Joinville, repliquei: ‘Preferiria cometer trinta pecados mortais antes que contrair lepra’.” Mais tarde, São Luís chamou-o à parte e lhe explicou que sua resposta tinha sido sincera, mas equivocada.


Luís VIII morreu a 7 de novembro de 1226. São Luís tinha então apenas doze anos, de sorte que sua mãe assumiu a regência. Durante a menoridade do rei, os barões se dedicaram a perturbar a ordem do reino; mas Branca de Castela, que soube fazer alianças muito hábeis, venceu-os com sua coragem e diligência no campo de batalha e os obrigou a manter-se tranquilos. Quando São Luís obtinha uma vitória, regozijava-se sobretudo porque isso significava a paz para seus súditos. Era misericordioso até com os rebeldes e, como nunca buscava a vingança nem ambicionava a conquista, estava sempre disposto a chegar a um acordo. Poucos homens amaram tanto a Igreja como São Luís e mostraram tanta reverência por seus ministros. Mas isso não cegava o jovem rei, que se opunha às injustiças dos bispos e nunca escutava suas queixas antes de ter ouvido a parte contrária. Como exemplo, podemos citar a atitude de São Luís nos pleitos que opuseram os bispos de Beauvais e de Metz contra as corporações de suas respectivas cidades. Luís gostava de conversar com sacerdotes e religiosos e com frequência os convidava ao palácio (como, por exemplo, São Tomás de Aquino). Mas sabia também mostrar-se alegre a seu tempo: certa vez, em que um frade começou a tratar à mesa de um tema demasiado sério, o rei desviou a conversa e advertiu: “Todas as coisas têm seu tempo”. Quando criava novos cavaleiros, celebrava festas magníficas; mas conseguiu extirpar da corte todas as diversões imorais. Não tolerava nem a obscenidade, nem a mundanidade exagerada. Joinville diz: “Vivi mais de vinte e dois anos em companhia do rei e jamais o ouvi jurar por Deus, pela Virgem ou pelos Santos. Nem sequer o ouvi jamais pronunciar o nome do diabo, exceto quando lia em voz alta ou quando discutia o que acabava de ler sobre ele”. Um frade de São Domingos afirmou também que nunca o ouvira falar mal de ninguém. Luís recusou-se a condenar à morte o filho de Hugo de la Marche, que se havia levantado em armas junto com seu pai, dizendo: “Um filho não pode deixar de obedecer a seu pai.”


Aos dezenove anos, São Luís contraiu matrimônio com Margarida, filha mais velha de Raimundo Berengário, conde da Provença. A segunda filha do conde casou-se com Henrique III da Inglaterra; a terceira, Sancha, com Ricardo da Cornualha; e a mais jovem, Beatriz, com Carlos, irmão de São Luís. Deus abençoou o matrimônio do rei, que foi muito feliz, com cinco filhos e seis filhas. Seus descendentes ocuparam o trono da França até 21 de janeiro de 1793, dia em que o Pe. Edgeworth disse a Luís XVI, momentos antes de que a guilhotina o decapitasse: “Filho de São Luís, voa para o céu”.* Em 1235, Luís IX assumiu o governo de seu reino, mas não perdeu o grande respeito que tinha por sua mãe e aconselhava-se sempre com ela, embora Branca sentisse certo ciúme de sua nora. A primeira das numerosas abadias que fundou São Luís foi a de Royaumont. Em 1239, Balduíno II, o imperador latino de Constantinopla, presenteou São Luís com a “Coroa de Espinhos” para agradecer-lhe a generosidade com que havia ajudado os cristãos da Palestina e de outros países do Oriente. A coroa encontrava-se então em poder dos venezianos, como penhor por uma soma que estes haviam emprestado a Balduíno, de sorte que São Luís teve de pagar a dívida. O rei enviou dois frades de São Domingos para trazer a relíquia e saiu com toda a sua corte para recebê-la, além de Sens. Para depositar a “Coroa de Espinhos”, mandou derrubar sua capela de São Nicolau e construiu a “Sainte Chapelle”. O santo levou a Paris os cartuxos e lhes deu de presente o palácio de Vauvert. Também ajudou sua mãe a fundar o convento de Maubuisson.


Algumas das disposições do santo monarca mostram até que ponto se preocupava com a boa administração da justiça. Durante o reinado de seus sucessores, quando o povo se sentia vítima de alguma injustiça, pedia que se lhe administrasse justiça como se fazia na época de São Luís. Em 1230, proibiu a usura, em particular aos judeus; também publicou um decreto pelo qual condenava os blasfemos a serem marcados com um ferro em brasa e aplicou essa pena a um importante personagem de Paris. Como alguns murmurassem de sua severidade, o monarca declarou que ele mesmo se submeteria à pena se com isso pudesse acabar com a blasfêmia. O santo protegia seus vassalos contra as opressões dos senhores feudais. Um deles, um flamengo, havia mandado enforcar três crianças que surpreendera caçando lebres em suas propriedades. O rei o encarcerou e fez com que fosse julgado, não por um tribunal de cavaleiros, como pedia o nobre, mas pelo tribunal ordinário. Embora São Luís lhe tenha perdoado a vida, confiscou a maior parte de suas propriedades e empregou o produto em obras de caridade. O monarca proibiu aos senhores feudais que se fizessem guerra entre si. Quando dava sua palavra, cumpria-a escrupulosamente e observava com fidelidade os tratados. Sua integridade e imparcialidade eram tais, que os barões, os prelados e até mesmo os reis se submetiam à sua arbitragem e se conformavam com suas decisões.


Pouco depois do início do reinado de Luís IX, Hugo de Lusignan, conde de La Marche, rebelou-se; seus estados formavam parte do Poitou e ele recusou-se a prestar homenagem ao conde de Poitiers, irmão de São Luís. A esposa de Hugo havia sido casada em primeiras núpcias com o rei João da Inglaterra e era mãe de Henrique III; este acudiu, pois, em ajuda de seu padrasto. São Luís derrotou Henrique III na batalha de Taillebourg, em 1242. O vencido refugiou-se em Bordeaux e, até o ano seguinte, retornou à Inglaterra e fez paz com os franceses. Dezessete anos mais tarde, Luís assinou outro tratado com Henrique III, pelo qual entregava aos ingleses o Limousin e o Périgord, enquanto este renunciava a todo direito sobre a Normandia, Anjou, Maine, Touraine e Poitou. Os nobres franceses criticaram as concessões feitas pelo rei, mas este explicou que o tratado permitiria uma longa paz com a Inglaterra e que a coroa francesa se honrava em ter como vassalo Henrique III.


Em 1244, ao restabelecer-se de uma enfermidade, São Luís determinou empreender uma Cruzada no Oriente. No início do ano seguinte, escreveu aos cristãos da Palestina que iria socorrê-los em sua luta contra os infiéis o mais cedo possível. Como se sabe, os infiéis haviam tomado novamente Jerusalém, poucos meses antes. A oposição que o rei encontrou entre seus conselheiros e nobres, os assuntos do reino e os preparativos da Cruzada atrasaram a empresa por três anos e meio. No décimo terceiro Concílio de Lyon estabeleceu-se um imposto de um vigésimo sobre todos os benefícios eclesiásticos durante três anos para ajudar a Cruzada, apesar da violenta oposição dos representantes da Inglaterra. Isso animou os cruzados, e São Luís embarcou rumo a Chipre em 1248, acompanhado por Guilherme Longespada, conde de Salisbury, e duzentos cavaleiros ingleses. O objetivo da Cruzada era o Egito. A tomada de Damieta, no delta do Nilo, realizou-se sem dificuldade, e São Luís entrou solenemente na cidade, não com a pompa de um conquistador, mas com a humildade própria de um príncipe cristão. Com efeito, o rei e a rainha iam a pé, precedidos pelos príncipes, cavaleiros e pelo legado pontifício. O monarca decretou severos castigos contra o saque e o crime, ordenou a restituição de tudo o que havia sido roubado e proibiu que se matasse os infiéis, se fosse possível fazê-los prisioneiros. Mas, apesar de todas as precauções de São Luís, muitos cruzados entregaram-se ao saque e à matança. As cheias do Nilo e o calor do verão impediram o rei de aproveitar a vantagem que havia conseguido, e teve de esperar seis meses antes de atacar os sarracenos, que se encontravam na outra margem do Nilo. Seguiram-se outros seis meses de lutas encarniçadas, nas quais os cruzados perderam muitos homens, tanto nas batalhas como nas contínuas epidemias. Em abril de 1250, São Luís caiu prisioneiro, e os sarracenos dizimaram seu exército.


Durante o cativeiro, o rei rezava diariamente o ofício divino com seus dois capelães, como se estivesse em seu palácio. Às zombarias insultantes dos guardas, respondia com tal ar de majestade e autoridade, que estes acabaram por deixá-lo em paz. Quando São Luís se negou a entregar seus castelos da Síria, os infiéis ameaçaram-no com as mais ignominiosas torturas. O santo monarca respondeu serenamente que era seu prisioneiro e que podiam fazer o que quisessem com seu corpo. O sultão propôs devolver-lhe a liberdade e a de todos os seus cavaleiros em troca de um milhão de onças de ouro e da cidade de Damieta. Luís respondeu que o rei da França não podia pagar seu resgate em ouro, mas que estava disposto a entregar Damieta em troca de sua liberdade e um milhão de onças de ouro para que seus vassalos ficassem livres. Precisamente então, o sultão foi derrotado pelos emires mamelucos, que devolveram a liberdade ao rei e a seus cavaleiros pelo preço combinado, mas assassinaram traiçoeiramente todos os feridos e enfermos que estavam em Damieta. São Luís partiu então para a Palestina com o restante de seu exército. Ali permaneceu até 1254: visitou os Santos Lugares, animou os cristãos e reforçou as defesas do Reino Latino de Jerusalém. Depois recebeu, com profundo pesar, a notícia da morte de sua mãe, que exercia a regência na França. São Luís voltou à sua pátria, da qual estivera ausente seis anos. Angustiado pela lembrança da opressão que sofriam os cristãos no Oriente, trouxe sempre o sinal de Cruzado em suas vestes para demonstrar que estava decidido a voltar a socorrê-los. A situação dos cruzados piorou rapidamente, pois entre 1263 e 1268 os mamelucos tomaram Nazaré, Cesareia, Jafa e Antioquia.


Por volta de 1257, Roberto de Sorbon, um cônego de Paris muito erudito, fundou na cidade a escola de teologia que mais tarde se chamou Sorbonne. Roberto era amigo pessoal de São Luís, que em certas ocasiões teve-o como confessor, de sorte que o monarca apoiou com entusiasmo seu projeto e ajudou-o a realizá-lo. São Luís fundou também em Paris o hospital de cegos de Quinze-Vingts (“Os Trezentos”), assim chamados porque, no início, abrigava trezentos enfermos. Mas isso não foi tudo o que o santo fez pelos pobres: diariamente convidava treze indigentes para comer, e mandava distribuir alimentos perto de seu palácio a uma grande multidão de necessitados. Na Quaresma e no Advento dava de comer a quantos se apresentassem e, com frequência, encarregava-se pessoalmente de servi-los. Tinha uma lista dos necessitados, sobretudo dos pobres envergonhados, aos quais socorria regularmente em toda a extensão de seus domínios. Embora não se ocupasse pessoalmente da legislação, tinha verdadeira paixão pela justiça e, graças a isso, pôde transformar a instituição feudal da “corte do rei” em um verdadeiro tribunal de justiça, cujas decisões eram aceitas até por monarcas, como no caso de Henrique III e seus barões. O santo esforçou-se por substituir o recurso às armas pelo arbítrio e pelo processo judicial. Em certa ocasião, em que havia sido padrinho de batismo de um judeu em Saint-Denis, o santo confessou ao embaixador do emir de Túnis que, por ver o soberano tunisiano receber o batismo, passaria com prazer o resto de sua vida prisioneiro dos sarracenos.


Como as intenções do rei eram bem conhecidas, a promulgação de uma nova Cruzada, em 1267, não surpreendeu ninguém, mas também não entusiasmou a ninguém, pois o povo temia, entre outras coisas, perder seu bom monarca. Embora São Luís não tivesse então mais que cinquenta e dois anos, estava desgastado pelo trabalho, pela penitência e pelas privações. Joinville não hesitou em afirmar que “aqueles que aconselharam essa viagem ao monarca eram culpados de pecado mortal”, e ele mesmo recusou-se a participar da Cruzada, alegando que devia ficar para proteger os súditos do monarca da opressão dos senhores. São Luís embarcou com seu exército em Aigues-Mortes, a 1º de julho de 1270. A armada dirigiu-se a Cagliari, na Sardenha, e ali se decidiu prosseguir rumo a Túnis. O rei e seu filho mais velho adoeceram de tifo ao chegar a esse porto. Ao sentir que se aproximava seu fim, o santo monarca deu suas últimas instruções a seus filhos e a sua filha, a rainha de Navarra, e se preparou para a morte. No domingo 24 de agosto, recebeu os últimos sacramentos. Em seguida mandou chamar os embaixadores gregos e os exortou ardentemente à união com a Igreja Romana. No dia seguinte, perdeu a fala durante três horas e, ao recuperá-la, levantou os olhos ao céu e disse em voz alta as palavras do salmista: “Senhor, irei à tua casa para adorar-te em teu santo templo e glorificar teu nome”. Às três da tarde exclamou: “Em tuas mãos encomendo meu espírito” e morreu. Seus ossos e seu coração foram trasladados à França e depositados na igreja abacial de Saint-Denis, onde permaneceram até serem profanados durante a Revolução Francesa. São Luís foi canonizado em 1297.


Naturalmente, as fontes sobre São Luís são muito abundantes. O documento principal, as “Memórias” do senhor de Joinville, foi traduzido praticamente para todas as línguas ocidentais. Em 1955, René Hague publicou uma excelente versão. Quanto ao aspecto religioso da vida de São Luís, existem várias biografias latinas muito detalhadas, escritas por seus confessores e capelães, Godofredo de Beaulieu e Guilherme de Chartres. O texto de ambas pode ser visto no Acta Sanctorum, agosto, vol. V, e em muitas outras obras. Também é muito importante o relato escrito pelo confessor da rainha; pode-se ver uma tradução latina dele no Acta Sanctorum, com muitos dados sobre a canonização. São Luís escreveu um relato sobre seu cativeiro e uma série de instruções a seus filhos Filipe e Isabel. Quem se interessar por essas instruções fará bem em ler o comentário de Paul Viollet na Bibliothèque de l’École des Chartres, 1869 e 1874. Existem muitas biografias modernas excelentes: H. Wallon (1875); Marius Sepet, na coleção Les Saints; veja-se sobretudo Elie Berger, Saint Louis et Innocent IV, e Histoire de Blanche de Castille; Cambridge Medieval History, vol. VI. Em todas as línguas existem numerosas biografias de caráter popular; recomendamos em particular a de W. F. Knox, The Court of a Saint. [1]



SÃO  GENÉSIO

Quando o imperador Diocleciano chegou a Roma, foi recebido com demonstrações populares de grande júbilo. Entre as festividades figuravam naturalmente algumas funções de teatro; em uma das comédias que se representaram em sua honra, um dos atores zombou das cerimônias do batismo cristão, pois era um recurso que fazia rir facilmente aqueles que desprezavam profundamente os mistérios da nova fé. Assim, o ator, que se chamava Genésio, obteve informações sobre alguns ritos cristãos com certos amigos seus que professavam nossa religião e, no decorrer da representação, deitou-se como se estivesse doente e declamou: “Amigos meus, tenho um grande peso na consciência e gostaria de me ver livre dele”. Os outros atores responderam: “O que podemos fazer para te livrar desse peso? Queres que arranquemos tua consciência?” “Imbecis!”, replicou Genésio: “O que quero é morrer cristão para que Deus receba minha alma por ter-me afastado do culto idólatra e supersticioso dos deuses”. Então apareceram em cena um sacerdote e um exorcista, sentaram-se junto ao leito de Genésio e lhe perguntaram: “Para que nos mandaste chamar, filho meu?” Naquele instante, por inspiração divina, Genésio converteu-se instantaneamente ao cristianismo e respondeu, já não de brincadeira, mas seriamente: “Porque desejo receber a graça de Jesus Cristo e nascer de novo para me ver livre dos meus pecados”.


Os atores então realizaram no palco a cerimônia do batismo. Genésio respondeu de todo coração às perguntas usuais e recebeu o batismo com a túnica branca dos catecúmenos. Então, outros atores, vestidos de soldados, o conduziram diante do imperador para que este o julgasse. Nessa cena, Genésio declarou com toda seriedade, do proscênio: “Escuta, ó imperador! Escutai todos os presentes: oficiais da corte, filósofos, senadores e cidadãos! Escutai o que vou dizer-vos. Até agora não perdi oportunidade de vilipendiar o cristianismo sempre que ouvia falar dele e me incomodava muito que alguns dos meus amigos professassem essa religião. Os ritos do batismo eu os aprendi com o fim de ridicularizá-los a meu gosto e de inspirar-vos o maior desprezo por eles. Mas, há pouco, quando ia ser batizado por brincadeira, respondi com toda sinceridade ao interrogatório e vi sobre minha cabeça uma coorte de anjos que liam num livro todos os pecados que cometi desde a infância. E quando os comediantes derramaram a água sobre mim, os anjos banharam o livro na água e depois mo mostraram, branco como a neve. Assim, poderoso imperador, e vós todos que acabais de zombar deste rito sagrado, publicamente vos exorto a confessar comigo que Jesus Cristo é o Senhor, que Ele é a Luz e a Verdade, e que está disposto a perdoar-vos vossos pecados.”


Furioso ao ouvir isso, Diocleciano ordenou que açoitassem Genésio. Depois entregou-o a Plauciano, prefeito do pretório, para que o obrigasse a oferecer sacrifícios. Plauciano o atormentou no potro, mandou rasgar-lhe os lados com ganchos e aplicar-lhe tochas acesas nas feridas. Mas o mártir não cessou de clamar: “Não há outro Senhor senão Aquele a quem vi e a quem quero adorar e servir. A Ele me apegarei, ainda que tivesse de sofrer mil mortes. Nenhum tormento conseguirá impedir-me de confessar a Jesus Cristo com o coração e com a boca. Com toda a alma me arrependo de ter escarnecido Seu santo nome e de ter começado a servi-lo tão tarde.” Finalmente, Ginês foi decapitado.


Dom Ruinart incluiu esta lenda no Acta Sincera. Para compreender até que ponto se enganou, basta consultar Dom Quentin, Martyrologes historiques (sobretudo pp. 533-541) e Analecta Bollandiana, vol. XXIX (1910), pp. 258-269. É indubitável que já antes do século VI circulava a lenda de “Genésio, o comediante”, pois seu nome figura no calendário de Cartago. No entanto, o texto de Ruinart é um resumo feito por Ado de um relato mais longo, que chegou até nós através de Surio e outros autores. Não se pode pôr em dúvida que na Antiguidade se ridicularizavam os ritos cristãos no teatro (ainda que H. Reich, Der Mimus, tenha exagerado muito as provas). A tradição de que um ator se converteu no teatro e foi executado ali mesmo é muito antiga; mas, infelizmente, tal tradição está relacionada com quatro nomes diferentes: Genésio, Gelásio ou Gelasino, Ardalio e Porfírio. Veja-se Bertha von der Lage, Studien zur Genesiuslegende (1898); Mostert e Stengel, L’histoire et la Vie de Saint Genis (1895); Paul Allard, La persécution de Dioclétien, vol. I (1908), pp. 7-9, que opina que o mártir existiu realmente; e CMH., pp. 463-465. [2]


Referência:


  1. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 3, pp. 401–405.

  2. Ibid. pp. 405-407.


NOTA: * Diz-se que o Pe. Edgeworth afirmou a Lord Holland que não havia pronunciado essas palavras.


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