Vida de Narciso de Jerusalém e Os Mártires de Douai (29 de outubro)

Sacra Traditio
29 de out.
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SÃO NARCISO, BISPO DE JERUSALÉM (c. 215 d.C.)
OS MÁRTIRES DE DOUAI (Séculos XVI e XVII)

SÃO NARCISO, BISPO DE JERUSALÉM (c. 215 d.C.)

São Narciso já era muito idoso quando foi eleito bispo de Jerusalém. Eusébio conta que, em seu tempo, os cristãos de Jerusalém ainda recordavam alguns milagres do santo bispo. Por exemplo, quando os diáconos não tinham óleo para as lâmpadas na véspera da Páscoa, Narciso pediu que trouxessem água, pôs-se em oração e depois mandou que a vertessem nas lâmpadas. Assim o fizeram, e a água transformou-se em óleo. A veneração que os bons professavam a São Narciso não o livrou dos ataques dos maus. Com efeito, alguns deles, incomodados pela severidade com que o santo exigia o cumprimento da disciplina, o acusaram de certo crime, que Eusébio não especifica. Contudo, embora tenham confirmado seu testemunho pedindo ao céu que os castigasse se não dissessem a verdade, ninguém lhes deu crédito; mas São Narciso aproveitou a calúnia como pretexto para retirar-se por algum tempo à solidão, como tanto desejava. Assim, viveu vários anos afastado de sua diocese e ignorado pelo mundo. Para que esta não sofresse detrimento, os bispos das regiões vizinhas colocaram à frente dela Dío, a quem sucederam Germânico e Górdio. Durante o governo de Górdio, São Narciso reapareceu, como se tivesse ressuscitado dentre os mortos. Os fiéis, muito contentes com o retorno de seu pastor, persuadiram-no a reassumir as rédeas da diocese, e o santo assim o fez; mas, sentindo-se já muito idoso, nomeou São Alexandre como seu coadjutor (cf. nosso artigo sobre São Alexandre, 18 de março, em breve). Numa carta que este escreveu pouco depois do ano 212, afirma que São Narciso tinha 116 anos.

Em Acta Sanctorum, outubro, vol. XII, os bolandistas reuniram todos os dados possíveis e imagináveis acerca de São Narciso, extraindo-os de Eusébio e de outras fontes. ¹

OS MÁRTIRES DE DOUAI (Séculos XVI e XVII)

GUILHERME ALLEN, que mais tarde seria cardeal, fundou o Colégio Inglês de Douai em 1568. Morreu em 1594, e sua morte é comemorada em 16 de outubro. Originalmente, o objetivo do Colégio Inglês consistia em preparar sacerdotes para a Inglaterra, com o propósito de restabelecer ali a fé católica. Os primeiros missionários de Douai (a quem a legislação perseguia sob o nome de “sacerdotes do seminário”) chegaram à Grã-Bretanha em 1574. Em 29 de novembro de 1577, morreu em Launceston o Beato CUTBERTO MAYNE, o primeiro mártir do Colégio Inglês. Durante os cem anos seguintes, mais de cento e sessenta ex-alunos do Colégio (que, de 1578 a 1594, foi transferido para Reims) sofreram o martírio na Inglaterra e em Calais. Mais de oitenta desses mártires foram beatificados, e já falamos deles em diversas páginas desta obra. A diocese de Westminster celebra, na data de hoje, a Festa coletiva desses mártires. As dioceses de Hexham e Newcastle a celebram em 31 de outubro.

Quando a Revolução Francesa de 1794 impediu a existência do Colégio Inglês na França, a instituição foi transferida para St Edmund's, em Old Hall Green (para o sul da Inglaterra), e para Crook Hall, em Durham (para o norte). Em 1808, este último colégio foi mudado para St Cuthbert's, em Ushaw. Todas essas fundações se encontram nas dioceses mencionadas acima. A coleta da Festa de hoje diz:

“Aumentai, Senhor, em nós o espírito que pregaram os bem-aventurados mártires de Douai, para que, inflamados por ele, também nós amemos o que eles amaram e pratiquemos o que eles ensinaram.”

Foram publicados todos os volumes do diário de Douai, exceto o sexto, que se perdeu. Os dois primeiros apareceram sob o título Records of the English Catholics under the Penal Laws, vol. 1 (1878); o editor foi o Pe. T. F. Knox. Cobre os anos de 1568 a 1593. Os volumes terceiro, quarto, quinto e sétimo do diário encontram-se nos volumes X, XI e XXVI das publicações da Catholic Record Society. ²