top of page

Nossa Senhora do Rosário e a Vida de São Marcos, Papa (7 de outubro)



Nossa Senhora do Rosario por Simone Cantarini (1612–1648).
Nossa Senhora do Rosario por Simone Cantarini (1612–1648).

O Rosário é uma série de 150 ave-marias divididas em dezenas; cada uma começa com um Pai-Nosso e termina com um Glória (e a oração de Fátima). Os fiéis honram durante o Rosário a Cristo e à sua Santíssima Mãe e meditam sobre os quinze principais mistérios da vida de ambos, de modo que o Rosário é uma espécie de resumo do Evangelho, uma recordação da vida, dos sofrimentos e da glorificação do Senhor, e uma síntese de sua obra redentora. O cristão deve ter sempre presentes esses mistérios, render a Deus um tributo de amor perpétuo, louvá-Lo por tudo o que sofreu por ele, e regular sua vida e moldar sua alma pela meditação dos mistérios do Rosário. Essa oração é, precisamente, um método fácil e acessível a toda classe de pessoas, mesmo as menos instruídas, e um excelente meio de exercitar os atos mais sublimes de fé e contemplação. Todo o Evangelho está contido no Pai-Nosso, a oração que o Senhor nos ensinou, e aqueles que a compreendem profundamente não se cansam de repeti-la; quanto à Ave-Maria, ela está toda centrada no mistério da Encarnação e é a oração mais apropriada para honrar esse mistério. Embora na Ave-Maria falemos diretamente à Santíssima Virgem e invoquemos sua intercessão, essa oração é, sobretudo, um louvor e uma ação de graças a seu Filho pela infinita misericórdia que nos mostrou ao encarnar-se.


Como recorda o Martirológio Romano nesta data, São Pio V ordenou, em 1572, que se comemorasse anualmente Nossa Senhora das Vitórias para alcançar a misericórdia de Deus sobre sua Igreja, agradecer-lhe seus inúmeros benefícios e, em particular, por ter salvado a cristandade do domínio dos turcos na vitória de Lepanto (1571). Essa vitória foi uma espécie de resposta direta do Céu às orações e procissões do Rosário organizadas pelas confrarias de Roma, no momento em que se travava a batalha. Um ano depois, Gregório XIII mudou o nome da Festa para o do Rosário e determinou que fosse celebrada no primeiro domingo de outubro (dia em que se ganhou a batalha). Em 5 de agosto de 1716, Festa da dedicação de Santa Maria Maior, os cristãos, comandados pelo príncipe Eugênio, infligiram outra importante derrota aos turcos em Peterwardein, na Hungria. Com esse motivo, o Papa Clemente XI estendeu a toda a Igreja do Ocidente a Festa do Santo Rosário. Atualmente ela é celebrada no dia 7 de outubro, dia da vitória de Lepanto; mas os dominicanos continuam a celebrá-la no primeiro domingo do mês.


“A Batalha de Lepanto”, por Paolo Veronese.
“A Batalha de Lepanto”, por Paolo Veronese.

Segundo a tradição dominicana, ratificada por muitos Pontífices e consignada no Breviário Romano, São Domingos foi quem deu ao Rosário sua forma atual, obedecendo literalmente às instruções que lhe deu a Santíssima Virgem em uma visão. É possível que não exista tradição mais intensamente atacada e, ao mesmo tempo, mais ardorosamente defendida. A veracidade desse acontecimento foi posta em dúvida pela primeira vez há dois séculos e, desde então, a controvérsia tem sido repetidamente reaberta. Sabe-se que o uso de objetos semelhantes ao Rosário, para ajudar a memória na contagem das orações, é muito antigo e anterior à época de São Domingos. Para citar apenas um exemplo, os monges do Oriente empregam uma espécie de Rosário de cem contas ou pérolas, dispostas de modo muito diferente do nosso e sem relação direta com ele. Por outro lado, é certo que, no século XIII, já era costume em todo o Ocidente repetir certo número de Pai-Nossos ou Ave-Marias (frequentemente 150, o número dos salmos) e contar as orações com cordões de contas. A famosa Lady Godiva, de Coventry, que morreu por volta de 1075, legou a uma imagem de Nossa Senhora “o colar de pedras preciosas que mandara ensartar em um cordão para poder contar exatamente suas orações” (Guilherme de Malmesbury). Está praticamente comprovado que tais colares eram usados para rezar Pai-Nossos; por isso, no século XIII e durante toda a Idade Média, eram chamados “paternosters”, e “paternostreiros” eram aqueles que os fabricavam.


Um sábio bispo dominicano, Tomás Esser, afirmava que o costume de meditar durante a recitação das Ave-Marias foi introduzido por certos cartuxos no século XIV. Além disso, nenhuma das histórias do Rosário anteriores ao século XV menciona São Domingos e, durante os dois séculos seguintes, nem mesmo os dominicanos concordavam em definir o papel exato desempenhado por seu santo fundador. Nenhuma de suas primeiras biografias fala do Rosário, e os primeiros documentos da Ordem — mesmo os que tratam dos métodos de oração — tampouco o mencionam. Ademais, a iconografia dominicana, desde os afrescos de Fra Angélico até o suntuoso túmulo de São Domingos em Bolonha (terminado em 1532), não apresenta vestígio algum do Rosário.


Diante dos fatos que acabamos de enumerar, a opinião atual sobre a origem do Rosário é muito diferente da que prevalecia no século XVI. Dom Luís Gougaud escrevia em 1922 que “os diferentes elementos que compõem a devoção católica conhecida comumente pelo nome de Rosário, são o produto de um desenvolvimento gradual e prolongado, de uma evolução que começou antes da época de São Domingos, continuou sem que o santo influísse nela e tomou sua forma definitiva vários séculos depois de sua morte.”


O Pe. Gettino, O.P., opina que São Domingos pode ser considerado o criador da devoção do Rosário, porque popularizou a prática de rezar uma série de Ave-Marias, embora não tenha fixado seu número nem determinado a inserção dos Pai-Nossos.


O Rosário tem sido uma fonte de bênçãos para inúmeras almas e produziu uma corrente incessante de orações que se elevam a Deus. Não há cristão, por mais simples e iletrado que seja, que não possa rezar o Rosário. E essa devoção pode ser o veículo da mais alta contemplação e também da oração mais simples. O Rosário, que é uma oração privada, só cede em dignidade aos Salmos e às orações que a Igreja, enquanto tal, eleva a Deus onipotente e a seu enviado, Jesus Cristo. Todo cristão está familiarizado com a ideia de que, sendo o rosário uma verdadeira fonte de graças, é natural que a Igreja lhe consagre uma Festa litúrgica; apesar disso, a Comissão nomeada por Bento XIV aconselhou a supressão dessa Festa por causa da acumulação de celebrações no calendário. [1]



A História de São Domingos e o Santo Rosário

São Domingos recebendo o Santo Rosário da Santíssima Virgem Maria
São Domingos recebendo o Santo Rosário da Santíssima Virgem Maria.

Os albigenses e S. Domingos. — No sul da França, por volta do final do séc. XII e no início do séc. XIII, a heresia albigense espalhava-se rapidamente e causava enorme perturbação na cultura cristã. Eles se opunham com força ao sacerdócio e à hierarquia da Igreja. Viam a eterna batalha entre o bem e o mal manifestar-se na guerra entre o reino material de Satanás e o reino espiritual de Deus.


Naquela época, S. Domingos, fundador da Ordem dos Pregadores (também conhecidos como dominicanos), pregava sobretudo contra essa heresia. Em grande medida, ele fracassou e implorou a intercessão da SS. Virgem. De acordo com uma piedosa tradição, Maria apareceu a S. Domingos e disse-lhe que usasse o saltério mariano enquanto pregava o Evangelho.


No período em que S. Domingos viveu, havia algumas diferenças significativas em relação ao que hoje chamamos de Rosário.


Comecemos pela Ave-Maria, oração que tem origem no Evangelho de S. Lucas, a partir das palavras do Anjo Gabriel e das de sua prima Isabel: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo! (...)  Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1, 28.42).


Na verdade, a isso se reduzia a Ave-Maria até o séc. XIV. Somente então o nome de Jesus foi acrescentado no final. A segunda metade da oração, tal como a rezamos hoje, surgiu ainda mais tarde. 

Na época, o Pai-nosso e a doxologia menor (“Glória ao Pai,; ao Filho,; ao Espírito Santo”) também não faziam parte do Rosário. O pendente (a cruz; as cinco contas extras) também não fazia parte dele.


Do mesmo modo, os mistérios do Rosário só foram fixados quando o Papa S. Pio V estabeleceu oficialmente os mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos em 1569.



O saltério mariano: protótipo do Rosário. — Existe em muitas religiões o antigo costume de rezar com contas ou pedrinhas numa tigela. Na época de S. Domingos e antes dela, havia orações litúrgicas oficiais para clérigos e monges que consistiam em 150 salmos recitados. Como a maioria dos leigos era analfabeta, os 150 Salmos eram substituídos por contas em número equivalente de Pai-nossos. Depois de algum tempo, a Ave-Maria, como descrita anteriormente, foi gradualmente acrescentada junto com o Credo. Às vezes, rezava-se a Ave-Maria em todas as 150 contas. Era o saltério mariano.  


O saltério mariano provou ser uma arma poderosa contra os albigenses, que acreditavam que o mundo material era maligno. Várias vezes os fiéis repetiam as palavras referentes à Encarnação de Cristo no seio de Maria: “Bendito é o fruto do teu ventre.”


De acordo com uma piedosa tradição, Maria apareceu a S. Domingos e disse-lhe que usasse o saltério mariano enquanto pregava o Evangelho.

    Nossa Senhora do Rosário com São Domingos e Santa Catarina de Sena, por Józef Balcarczyk.
Nossa Senhora do Rosário com São Domingos e Santa Catarina de Sena, por Józef Balcarczyk.

S. Domingos e o Rosário. — 250 anos depois, o dominicano Alano de Rupe afirmou que S. Domingos aceitara o Rosário de Nossa Senhora e o usou amplamente em sua pregação. Ele intercalava sua pregação sobre a vida, doutrina, morte e ressurreição de Jesus Cristo com orações do saltério mariano. Assim nasceria, mais tarde, o Rosário.


A ligação entre o Santo Rosário e S. Domingos é discutida pelos historiadores. No entanto, parece haver grande evidência de que o coração do Rosário nasceu da prática, pregação e oração de S. Domingos.


Os Papas do séc. XVII e os que vieram depois dão crédito à tradição de que S. Domingos elevou o saltério mariano a uma posição de destaque na prática devocional francesa e, portanto, trouxe o Rosário para a Igreja. O Papa Leão XIII disse certa feita:


Graças a esse novo método de oração […], a piedade, a fé e a união começam a retornar [à França]; assim, o projeto e as maquinações dos hereges começaram a desmoronar”. 

Embora a heresia albigense não tenha desaparecido de imediato, os hereges não conseguiram expandir seu território.


O saltério mariano tornou-se o Rosário quando S. Domingos e aqueles que o sucederam combinaram a oração do saltério com reflexões e orações sobre a vida de Cristo. “Rosário” vem da palavra latina rosarium, que se refere a um jardim ou buquê de rosas. Quando rezamos o Santo Rosário, oferecemos um buquê de rosas à SS. Virgem a fim de honrá-la. Em resposta, com seu amor maternal, ela nos leva até o seu Filho, formando-nos e moldando-nos para que nos tornemos mais parecidos com Ele. [2]


Sobre a origem dessa Festa, veja-se Bento XIV, De festis, liv. II, c. 12, n. 16; e Esser, Unseres Lieben Frauen Rosenkranz, p. 354. Os argumentos que se opõem à atribuição da instituição do Rosário a São Domingos podem ser vistos extensamente em Acta Sanctorum, agosto, vol. I, pp. 422 ss.; em The Month, out. 1900 e abr. 1901; o Pe. Thurston, autor desses artigos, os resumiu na Catholic Encyclopedia, vol. XIII; Holzapfel, S. Dominikus und der Rosenkranz (1903). Naturalmente, não faltam autores que reivindiquem para São Domingos a glória de ter inventado o Rosário; mas o tom de certos escritos, entre os quais se citam a obra do Pe. Mézard, O.P., Étude sur les origines du rosaire (1912), e do Pe. W. Lescher, O.P., St. Dominic and the Rosary (1902), contrasta com o tom moderado do Pe. Mortier, O.P., Histoire des Maîtres Généraux O.P., vol. I (1903), pp. 15-16 e vol. VI, p. 189, e do Pe. Beda Jarrett, O.P., Life of St Dominic (1924), p. 110. Cf. The Month, out. 1924; L. Gougaud, em La vie et les arts liturgiques, out. 1922 e jul. 1924; J. Giraud, Life of St Dominic, p. 11, e Cartulaire de Prouille, pp. 328-330; F. M. William, The Rosary, its History and Meaning (1953); e Y. Gourdel, Maria: Étude sur la Ste. Vierge (1951), vol. I.




São Marcos, Papa.
São Marcos, Papa.

São Marcos era romano de origem e serviu a Deus no clero dessa Igreja. Foi o primeiro Papa eleito depois que Constantino concedeu liberdade e reconhecimento legal à Igreja. O santo não se deixou levar pela prosperidade das novas circunstâncias, mas redobrou seu zelo nessa era de paz, ciente de que o demônio jamais concede trégua aos cristãos. São Marcos, que havia trabalhado arduamente pela Igreja durante o pontificado de São Silvestre, foi elevado à Sé Apostólica em 18 de janeiro de 336. Usou a tiara pontifícia apenas por oito meses e vinte dias, pois faleceu em 7 de outubro do mesmo ano. Provavelmente foi ele quem fundou a igreja que leva seu nome, mas também construiu outra no cemitério de Balbina. Não é impossível que o costume de o bispo de Óstia consagrar o bispo de Roma date de sua época. Alguns autores atribuem a São Dâmaso um poema sobre São Marcos; o fragmento que se conserva louva o desapego e o espírito de oração de nosso santo.


O pouco que sabemos sobre São Marcos encontra-se resumido em Acta Sanctorum, outubro, vol. III. Veja-se também Liber Pontificalis (ed. Duchesne), vol. I, pp. 202–204. [3]



Referência:


  1. Traduzido e corrigido adequadamente: Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 4, pp. 52-54.

  2. Artigo "This Is Why St. Dominic Is Given Credit For The Holy Rosary" por Will Wright.

  3. Butler, Alban. Vida dos Santos, vol. 4, p. 55.



REZE O ROSÁRIO DIARIAMENTE!

Comentários


  • Instagram
  • Facebook
  • X
  • YouTube
linea-decorativa

“O ROSÁRIO
é a ARMA
para esses tempos.”

- Padre Pio

 

santa teresinha com rosas

“Enquanto a modéstia não
for colocada
em prática a sociedade vai continuar
a degradar,

a sociedade

fala o que é

pelasroupas

que veste.

- Papa Pio XII

linea-decorativa
jose-de-paez-sao-luis-gonzaga-d_edited.j

A castidade
faz o homem semelhante
aos anjos.

- São Gregório de Nissa

 

linea-decorativa
linea-decorativa
São Domingos

O sofrimento de Jesus na Cruz nos ensina a suportar com paciência
nossas cruzes,

e a meditação sobre Ele é o alimento da alma.

- Santo Afonso MARIA
de Ligório

bottom of page